Um Amor, Dois Mundos

see you again- Wiz Khalifa, Charlie Puth

O grande primeiro jogo se aproximava e eu estava nervoso, estava dando o melhor de mim nos treinos, Jorge gritava ordens enquanto jogávamos.

- FOCO DANTE!- ele grita e Dante xinga ele

- Dante!- eu grito pra ele me passar a bola

Jorge apita, aquele maldito apito, quem deu esse caralho pra ele?

- Fim do Treino gente!- ele grita irritado

- Cara você tem que relaxar...- eu falo e ele me olha como se quisesse torcer meu pescoço- é só um conselho...está deixando todo mundo estressado!

- a gente não pode perder o campeonato mais uma vez, essa é a nossa última chance de trazer o título para escola!- Jorge diz- já pensou nisso? Que não vamos mais competir pela escola? E que tem algumas pessoas no time estragando tudo?

- acho que você deveria falar com ele, não descontar no time inteiro! Só está nos deixando nervosos e com vontade de enfiar esse apito em lugares imagináveis em você!- falo e Jorge relaxa rindo

- Foi mal, quero tudo perfeito, deixar um bom legado aqui, dei a minha vida por esse time por anos, não quero que tudo seja esquecido assim que eu pisar fora do baile de formatura-

- E não vai, você é um capitão incrível, todos vão lembrar de você e do que você fez para manter esse time de pé, principalmente das festas pós jogo!- rio e ele joga uma toalha em mim

- Vai se trocar! Vi o seu pai te esperando ali na arquibancada- gelo ao ouvir essa frase

- beleza, tchau, até amanhã!- faço um toque com ele e saio atordoado, as pessoas estavam me relacionando a filho do Marcelo, eu não estava bravo, queria ter dito algo do tipo "ele não é meu pai" mas isso me soou cruel com Marcelo, que vem cuidando de mim como filho a meses

Me troco e vou até a arquibancada, Marcelo estava lá, me aproximo e ele me  cumprimenta

- Soube que estava treinando, já que saí mais cedo do trabalho decidi esperar.- Ele coloca a mão no meu ombro- está mandando bem, estou orgulhoso de você! Está bem? Parece meio atordoado.

-Só estou cansado!- digo coçando a nuca- vamos?

Vamos para casa e eu continuava com os pensamentos me atordoando, não sabia que sentimento era esse, não estava com raiva mas meu peito se contorcia com algo que eu não sabia explicar, eu sentia como se tivessem arrancando uma parte de mim, uma parte do meu pai de mim, quando chego passo reto por as mulheres que estavam na sala e escuto minha mãe questionando Mia o que tinha acontecido e ela responde um "não sei" entro no meu quarto e me jogo na cama, enterro minha cabeça no travesseiro e começo a chorar, foi involuntário as lágrimas só desceram. 

- Meu amor?- escuto a voz da minha mãe- você tá chorando?- ela se senta do meu lado e acaricia minhas costas- Quer me contar? É alguma coisa com Mia?- nego com a cabeça- com a escola?- negócio também- então o que é? Me fala filho, quero te ajudar...

Me sento na cama e olho para ela, minha mãe limpa minhas lágrimas e me olha preocupada

- Eu não tô afim de conversar agora, mãe- digo ela assente

- tudo bem, no seu tempo- ela beija minha testa- eu te amo, bebê!- ela fala segurando meu rosto- mais do que tudo!-

- Eu também te amo mãe!- digo e ela sai do quarto

Horas mais tarde Mia aparece com uma bandeja com comida.

- Tenho certeza que você não almoçou antes do treino, e não quis comer nada quando chegou- ela deixa a bandeja do meu lado enquanto estou mexendo no computador

- Obrigada Linda!- Digo sem tirar o olho da tela do computador

- Que porra você tem?- Ela pergunta parecia brava

- Que?- olho para ela e ela me encara

- Chegou não falou com a gente, sua mãe falou que você estava chorando, e agora está me tratando mal!- ela fala sem gritar mas seria melhor se gritasse, eu me sentiria menos culpado.

- Desculpa...- puxo ela mas ela continua de cara fechada- viu só? Por isso que você é minha marrentinha!- toco os lábios dela que faziam bico e ela sorri sem querer

- vai me contar o que está acontecendo? É a gente?- ela pergunta agora mais calma

- Não, não é a gente- faço ela sentar no meu colo- eu só me senti mal hoje, minha vida está mudando, eu estou com medo de esquecer dele...

- Do seu pai?- ela pergunta olhando a tela do computador- é ele aqui né?- assinto- Vocês são parecidos

- Todo mundo diz isso.- sorrio

- Porque está com medo de esquecer ele?- ela pergunta lendo o arquivo que estava aberto

- Porque todo mundo de repente começou a se referir ao Marcelo como meu pai, sei que não é culpa dele, mas eu tenho tanto medo de que eu me esqueça dele...eu as vezes só queria ele aqui, para te apresentar pra ele, pedir conselho, falar sobre "coisas de homem"- sinto meu olhos encherem de novo

- É impossível você se esquecer dele meu bem, ele sempre estará aqui com você!- ela segura o meu rosto e olha para a porta- Acho que alguém querendo falar com você- ela me dá um beijo e sai, olho para porta e vejo Mab

- Oi Leãozinho!- falo secando minhas lágrimas e chamo ela pra sentar comigo

- Você estava chorando por causa do papai?- ela olha a tela do computador enquanto se senta no meu colo

- Eu sinto falta dele!- falo e ela me abraça

- Eu também!- diz deitando a cabeça no meu ombro- você está com medo de esquecer ele não está?

- Sim, Leãozinho- acaricio suas costas

- Você sabe que não vai acontecer né? Você me disse que sempre teremos um ao outro pra lembrar do papai, e temos as músicas dele- Ela se afasta-No need for tears, my darlings, no sorrow to bear
For in spirit, I'll always be there
As you journey through life, know I'll be near
Watching over you, calming every fear (Não há necessidade de lágrimas, meus amores, nenhum pesar
Pois em espírito, estarei sempre lá
Conforme vocês seguem pela vida, saibam que estarei perto
Observando vocês, acalmando cada receio) - ela canta uma parte da música que papai fez quando estava doente no hospital e eu não aguento e começo a chorar abraçado com ela- Posso dormir aqui com você hoje?

-Claro que pode!- seguro o seu rostinho e beijo sua testa

Termino de comer a minha comida, escovo os dentes e me deito ao lado de Mab

- May, pode cantar aquela que ele fez pra mim?- ela me pede segurando a minha mão, começo a cantar e em segundos ela dorme

- Pai, eu sei que eu não tenho falado muito com você ultimamente, acho que eu estava com medo de fazer isso, estando na casa do novo marido da mamãe, pensei que você se sentiria ofendido, mas acho que era isso que você ia querer né? Que ela seguisse em frente, que nós também deixasse isso para trás e só recordar de você com os bons momentos, Pai, as coisas estão difíceis, sinto tanto sua falta, queria te contar as coisas com Mia, ela é incrível, você ia amar ela, o tipo de garota que você ia me olhar com aquele sorriso estranho e dizer "você acertou muito filhão"- respiro fundo- ia adorar Lily também, queria que me ensinasse a ser pai, quero ser o melhor para ela, vou usar tudo o que o senhor me ensinou, desculpa, Pai, por ficar tanto tempo sem ter o que te dizer, eu te amo e nunca vou te esquecer.- falo suspirando e então deito minha cabeça no travesseiro.