Café Ou Chá

[ Mortos não falam ]

" Uma vez sentei ao lado da morte, olhei em seu rosto e não tinha a cabeça de caveira medonha, como todos os adultos diziam. Não, o ser sobrenatural mantinha um sorriso para tranquilizar minha morte. "

O som suave da flauta rodeava o local outrora silencioso, dando a graça da beldade sonora. O ar cheirava a terra fresca que lembrava dias de verão, dias simples, aonde brincar na rua até ralar os joelhos.
Com suavidade a música terminar em dó menor, o rapaz observa a lápide aonde tinha um nome, porém por questão do tempo foi apagado restando apenas uma pedra sem graça, as flores todas murchas, mortas, se igualando ao sentimento do lugar: morte.

Sentia olhos sob sua costa, alguém o observava mas não falava nada deixando o vento sussurrar um segredo em seus ouvidos, o batimento cardiaco batiam em semínima, tão estável e regular, comparado ao seu que batiam em semicolcheias, instável e rápido, podendo quebrar sua caixa torácica e sair do peito, e mesmo no chão continuaria batendo jorrando sangue pela terra toda.
Aquele a trás de si aproxima alguns passos, começava suar de medo. O que ele quer? Já pensava no pior, ele vai te assaltar, tinha ouvido que tinha alguns ladrões roubando nos cemitérios. Não!! Ele queria paz e descansar um pouco.

Uma mão descansou em seu ombro, pronto agora ele podia dizer adeus a essa vida, portanto o sujeito não fez nada além de ficar parado, esperando tranquilizar a respiração. Alguns segundos respirando fundo levantou o olha e viu a pessoa com rosto sereno.
A voz presa na garganta parecendo que esqueceu de fazer até um som normal. Eu odeio minha voz, não quero que ouça, o homem fala;

- Era você que estava tocando? - além de tocar e incomodar os mortos também os vivos que estão de luto, deve ser isso que ele queria dizer.
- S-sim, me desculpa, não queria incomodar. - respondeu hesitante, o rapaz tava com medo pela bronca, seus dedos apertou o instrumento.
- Pode tocar novamente? - não era algo que ele esperasse ouvir, mas o moço de cabelos loiros, seus fios dourado podiam até confundir com ouro ou até invejar mesmo as grandes figuras literária fictícia, de exemplo: Rapunzel, Cachinhos Dourados, Aurora e entre outros. - Você pode? - ele pergunta de novo, antes seu rosto tinha um sorriso mas agora o olhava exigindo sua resposta.
- S-sim!! - preparou o instrumento próximo de seus lábios com fôlego e agilidade dos dedos, a flauta soltava os sons escolhida por seu anfitrião.

Enquanto o homem de terno ouvia sentia-se em paz, degustando a música como um prato saboroso feito por um chefe profissional de um restaurante chique em Paris, e não por um muleque pobre que só tinha a flauta como família, ele cantarolava junto com as notas.
Enquanto o jovem tocava percebeu a diferença entre eles, o homem além de beleza era alguém que exige respeito, era um patamar diferente de si. Diferente de mim ele será honroso, que gentil sua alma é, de ouvir meu sofrimento pediu-me mais!
Lágrimas botava em seus olhos âmbar, que acredita que herdou de sua criadora.
Quando afastou o instrumento a música parou, pela primeira vez sentiu realizado, amado. Que sentimento incrível!

- Meu nome é Ame, e o seu carinha triste? - ele se apresentou e ainda perguntou o nome daquela pobre alma, ele sorria para aquele nomeado por Ame. Um sorriso verdadeiro.

" A morte não era fria mas quente, igual o calor do sol na pele, os adultos mentiram de novo! Os beijos da morte em seus lábios são tão quentes que chega queimar, é dolorido porém viciante. "

Ame beijava os lábios do rapaz tão violentamente como um animal faminto, dos lábios ao pescoço e assim descia por diante, o jovem mesmo experimentado a sensação carnal diversas vezes, todas as transas tendo sentimentos diferentes. Perguntou a si mesmo, será que todos conseguem distinguir cada parte do momento ou é tudo a mesma coisa pra eles?
Diante do "Gran Finale" Ame jogou o preservativo em algum lugar do quarto, o homem respirava ofegante portanto tentava se manter em ordem tirando os fios rebelde de sua cabeleireira loira de sua testa, ele suava parecendo exausto.