O amor

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A relação entre os três conhecidos ficou meio estranha
depois que Niki simplesmente saiu do cômodo, dizendo que tinha que falar com alguém. Jongseong e Jungwon não falavam para Riki sobre o que ele viu e Riki, por sua parte, fingia não ter visto nada demais. E assim o tempo foi se passando e Niki fingia não saber o que os amigos conversavam quando a porta do armazém estava fechada e ele depositando as caixas no corredor.

E naquela noite, enquanto escrevia outra carta atualizando
Sunoo da sua rotina (que ele manteve omitido sobre o casal
Jongseong e Jungwon), o silêncio que se instalara era do mesmo desconforto de sempre. As palavras de Nishimura para seu amigo eram gentis, escondendo as dores no corpo que sentia. Será que é isso que Sunoo sente nas pernas todo dia? Não sei como ele aguenta.

Bom, não era difícil para Niki saber que Sun era forte.
Não fisicamente, mas mentalmente. Ele sofreu com perdas da guerra, pobreza, e dores corporais, tudo isso sem nunca enlouquecer. Pelo contrário, sempre foi tão calmo quanto o mar.
Oh, o mar.  Será que Sunoo já foi para praia? Niki perguntou na carta, prometendo que, quando voltasse, levaria Sunoo para conhecer o lugar.

O japonês percebeu que tinha começado a pensar em várias coisas que faria com Sunoo quando voltasse. Ir à praia, comer pizza na Itália, viajar de avião (embora tinha certeza que o Kim jamais entraria no pássaro de ferro)... mentalmente sua lista era tão infinita quando o Universo.

Niki faria qualquer coisa com Sunoo, porque sabia que seria perfeito.

Ele fez questão de por isso na carta, mas riscou logo em seguida. Nada de coisas estranhas.

Quando terminou, a folha estava cheia de palavras e ele sorriu.
Ele sabia que Sunoo leria tudo e provavelmente corrigiria a gramática dele quando voltasse.

- Para quem escreve desta vez? - ouviu Jungwon perguntar deitado na cama, como de costume. A voz era sempre baixa, mas dessa vez estava mais baixa ainda, provavelmente para evitar que acordasse os outros. Niki sabia que abaixo dele Jongseong dormia e babava no travesseiro.

- Para meu amigo.

- Oh. É sempre para ele, então.

Sim, é sempre para Sunoo.

- Poderia me dizer o nome dele, se não for pedir demais?

Niki sorriu quando soltou as sílabas e o nome saiu docemente: - É Kim Seon Woo.

O Yang sorriu de volta, abaixando o livro que lia pela terceira vez: - E bonito. Vocês parecem ser próximos, já que é para ele que te vejo escrever desde o início.

- Somos bons amigos. - explicou Niki, e ele pareceu pensar no que disse e ficou nervoso. - Não bons amigos que nem você e Jay! Só... amigos.

O loiro se deitou de lado, conseguindo encarar Niki, que se inclinava para frente, sem fazer muito esforço: - Eu nunca pensei que vocês fossem que nem nós. O que te levou a esse
pensamento?

E a mente do garoto dos cabelos louros deu branco.

- Oras, eu... Inferno, não sei o porquê que pensei nisso.
Desculpe.

- Tudo bem. - Jungwon ficou em silêncio. As vezes Nishimura olhava para o Yang e via Sunoo. Talvez pela maneira de ser quietos e pensativos. Talvez por terem várias coisas em comum. Mas Niki tinha certeza que os dois se dariam muito bem quando se conhecerem. - Nishimura... posso fazer uma pergunta?

- Vá em frente.

Jungwon pensou nas palavras antes de soltá-las, coisa que fazia frequentemente. Parecia que tinha medo de falar algo errado, pensava Riki, mas não era da conta dele para descobrir.

O céu acima de nós ( adaptação sunki) Onde histórias criam vida. Descubra agora