Nishimura Riki não conseguia dormir naquela cama
desconfortável. Já fazia algumas semanas desde que os soldados chegaram na sua casa e o levaram para aquele lugar horrível, uma base militar onde ele e mais vários jovens treinavam para o que quer que viesse dentro de alguns meses. Desde então tem sido ruim, seu corpo doía com treinamentos incessantes e ele sentia fome por ser alimentado tão precariamente. Seu superior parecia pegar no pé dele mais que nos demais, como se falasse menino mimado, isso é demais para você? e tudo que Niki podia fazer era obedecê-lo para não ser punido.E ele sentia falta de Sunoo. De todo o sofrimento que passava, o vazio em seu coração era de longe o que mais o machucava e ele só pensava que quando voltasse para os braços calorosos do amigo, nunca mais soltaria. Niki voltaria para Sunoo e era isso que o fazia sair daquele beliche fedido todo dia as cinco da manhã.
Pelo menos não estou totalmente sozinho, pensou ele ao olhar ao redor e ver outros garotos com cara de sono como ele. Todos pareciam cansados e doloridos, alguns com machucados à mostra e outros ainda deitados na cama, desejando poder descansar mais um pouco. Riki percebia que todos tinham um tipo de olhar diferente; alguns eram forte, outros indiferentes. E outros, assim como os olhos dourados, eram perdidos, que não queriam estar ali.
Ele olhou para a cama abaixo dele, onde havia um menino de cabelos pretos rebeldes que passava as mãos nos rostos. Na cama ao lado, outro menino de cabelos estranhos que sempre era alvo de piadas e punições sem sentido. Jongseong e Jungwon, provavelmente os primeiros amigos que Niki fizera ali.
No primeiro dia na base, ele ficara entre Jongseong e Jungwon numa linha onde seus superiores passavam para conhecer os rostos dos novos recrutas. O olhar do tenente era maldoso e frio, preparando os meninos para um mal eminente, e seu discurso não era dos melhores também. Muito patriotismo, muito luto, muita dor, era isso que os soldados deviam se preparar.
Quando os olhos escuros do tenente passou pelos dourados de Niki, pareciam que brilharam. Claro, Nishimura era muito parecido com seu pai então era óbvio que seria conhecido como filho do grande general que falhou. Riki sentiu seu corpo relaxar quando o tenente continuou sua caminhada, sem implicar com ele. Mas então ele parou na frente do garoto mais baixo logo ao seu lado que Niki viu pelo canto dos olhos estremecer e ficar ereto.
Niki (e provavelmente todo mundo, incluindo o tenente) estranharam o cabelo do garoto. Até a altura dos ombros e...
metade loiro? Riki pensou nas mulheres que passavam o dia inteiro no salão para mudarem a cor de seus cabelos e acabou comparando isso ao menino ao seu lado, que parecia nervoso quando encarado frente a frente pelo superior.- Que merda é essa na sua cabeça, soldado? - foi o que disse, tão alto que afastou os pombos que assistiam à cena do telhado.
O menor se encolheu.- Não entendi a pergunta... senhor - a voz dele era baixa e neutra, mas tremia. O tenente deu um passo a frente e Riki percebeu a diferença de tamanho deles. O menino dos cabelos pintados parecia ser bem mais baixo e magricela, dava até pena de vê-lo. O tenente Ukai o olhou com os olhos semicerrados e o perguntou seu nome. - Yang Jungwon, senhor, do Distrito 07
- O que eu perguntei, Yang do Distrito 07, é que merda eu estou vendo no seu cabelo. - a voz dele continuava alta, a ponto dos olhos de Yang Jungwon se fecharem involuntariamente. -
Foi pro salão com as mulherzinhas?- Não- não, senhor... Eu... - a voz baixa falhava e parecia que ele pensava em cada sílaba antes de falar. Riki sentia que devia fazer algo já que cena era praticamente humilhante, mas seus braços estavam tão duros que parecia que o uniforme que vestia era feito de pedra.
- Você o que? Quer ser uma mulherzinha? Não temos espaço para isso aqui, garoto.
O Nishimura pensou que Jungwon iria desmaiar quando o viu ficar todo vermelho. O adulto teria falado mais, se uma outra voz não tivesse sido ouvida. O outro garoto do lado de Niki, com a voz mais firme que a de Yang, foi quem se manifestou.
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O céu acima de nós ( adaptação sunki)
Fiksi Penggemaras vezes almas gêmeas estão destinadas a se encontrar, mas não a ficarem juntas. ✨O CÉU ACIMA DE NÓS✨ É um mundo cruel, mas existe beleza nele. Niki conheceu essa beleza em Sunoo, e esse era o único motivo que o manteve vivo naquela guerra: ver Su...