As memórias

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POR ONDE ANDAMOS; ou, memórias Park Jongseong e Yang Jungwon.









O amor adolescente pode ser assustador as vezes.














PARTE UM










Aquela tarde era quente e abafada por causa das nuvens
cinzas que pintavam o céu. Não ventava e todos sabiam que uma tempestade estava chegando.

No meio de todas aquelas pessoas do distrito 07 da capital, existia um pequeno menino de cabelos compridos que andava segurando nas mãos de seus pais. Jungwon sempre teve medo de multidões e tudo que queria era ir para o colo da mãe e ir para casa, mas sua família insistia em ir nessa exibição de arte.

E já dentro do enorme prédio, tinha outra família apreciando os quadros e esculturas modernistas que eram protegidos por camadas de vidro. Park Jongseong não dava a mínima para aquilo que via e apenas se contentava em comer o pacote de pipoca extra grande que seu pai comprara para deixá-lo quieto. A
As duas crianças não tinham nada em comum: não se conheciam, seus pais trabalhavam em setores muito distantes e suas mães nem assistiam à mesma novela. Jongseong era alto e forte enquanto Jungwon era baixo e magricela. Um era corajoso, já o outro tinha medo até da própria sombra.

Nenhum dos dois deveriam jamais se conhecer, pelo menos não daquela maneira. Não daquele jeito.

Jongseong mastigava mais uma porção de pipoca doce na boca na hora que Yang entrou no prédio chique. As pinturas eram, de fato, lindas, embora Jungwon e sua mente infantil não ligassem muito para isso, mas mesmo assim ele observava os traços e ouvia os comentários de sua mãe, que sempre amou a arte. O primeiro andar era repleto de iluminação e brilhos e Jungwon estava encantado pela decoração.

Jongseong, por outro lado, olhava para todos os lustres e se perguntava como que faziam para aquilo não cair do teto. Oras.
algo tão pesado não deveria conseguir ficar grudado.

Naquela tarde quente, os dois meninos se esbarraram em meio a multidão. Se olharam envergonhados e continuaram os caminhos, como fariam com qualquer outra pessoa.






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Jongseong não compreendia o motivo das pessoas serem tão sérias, tão nervosas com tudo. Por que adultos seriam tão egoístas a ponto de criar conflitos com outros adultos de lugares diferentes? Por que seriam tão monstruosos a ponto de iniciar uma guerra sangrenta que se perduraria por anos e anos, apenas por motivos meramente políticos? Jay não entendia por que era tão fácil para pessoas poderosas mandarem bombardear um prédio cheio de famílias e duas crianças que não se conheciam dentro dele. Ele não sabia que tinha que sofrer pelos outros sem questionar.

Foi muito rápido o que aconteceu. Estava tudo bem e todos estavam aproveitando o momento, e então algo tremeu. Sons altos e vibrações sendo espalhados por todo prédio e de repente tudo era caos. As paredes ruíram, o teto caía, fogo corria pelos corredores e pessoas fugiam para longe, atropelando os pequenos seres que foram obrigados e se empurrar para longe da multidão.

Jungwon estava longe das mãos quentes de sua mãe e isso o deixava ansioso. Estava tão nervoso com tudo ao seu redor que nem entendeu que estava dentro de um depósito até esbarrar em mais alguém que também estava ali. Tinha, além do menino baixinho, um outro que devia ter sua idade acompanhado de sua mãe, que parecia suar e chorar, borrando a maquiagem e que enfeitava seu rosto. Dizia ela que se perdera de seu marido e segurava o filho fortemente.

O céu acima de nós ( adaptação sunki) Onde histórias criam vida. Descubra agora