O inicio

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Kim Sun Woo não entendia o mundo. Talvez por ser jovem demais, ou talvez por ser ingênuo demais, mas ele nunca conseguiu compreender o porquê das coisas estarem desse jeito.

Sua mãe dizia que as coisas eram assim porque o amor pelo orgulho era maior que o orgulho de amar - quem sabe ela estivesse certa, porém Sunoo não conseguiria responder. Ao invés disso, apenas encolhia os ombros e voltava a fazer o que estivesse fazendo antes de chegarem no maldito assunto.

Ele começou a brincar com seus dedos, algo que sempre fazia quando ficava ansioso e pediu para sua mãe aumentar o som da pequena caixa de rádio que falava sobre as últimas notícias.
A pequena mulher o fez e voltou ao seus afazeres domésticos e Sunoo a observava enquanto escutava o chiado do rádio esperando o programa começar. O moreno sempre achou estranho uma mulher tão baixinha ter gerado alguém alto como ele, mas soube que seu pai era tão alto quanto, talvez até maior.

Sua mãe, Jin-ah sempre falou de seu pai como um grande homem famoso por ter um bom porte atlético e que cada ano que se passava, o menino estava mais e mais parecido com o pai.

Menos os olhos. As duas orbes amarronzadas  escuras eram de Jin-ah e ela tinha orgulho disso. É a herança da nossa família,
Sunoo, querido. Seus olhos são a comprovação que é meu filho.
Professava ela, quase toda semana quando chegavam a comentar sobre a família.

Assim como suas memórias antes da guerra morreram, seu pai também. Pouco depois do início das batalhas intermináveis, seu pai foi convocado para o campo. Talvez Alaashi tenha chorado e sentido sua falta na época, mas honestamente ele não se lembrava, ao contrário de sua mãe, que até hoje Keiji escuta soluços baixos vindo do quarto ao lado no meio da noite.

Ah, a guerra. Sua mãe dizia que ela se iniciou quando Sunoo deveria ter seus sete anos, mas ainda assim ele não era capaz de lembrar de como era a sociedade antes disso, e por isso tinha certa obsessão pelas histórias de como era antes do mundo virar um Inferno. Sempre que podia ouvia contos dos mais velhos sobre como era a paz e rezava que um dia ele pudesse vivenciar isso.

Observou sua mãe varrer a cozinha da senhora Nishimura com bastante paciência enquanto o chiado do rádio não se calava.
Depois da morte iminente de seu pai (Sunoo apenas tinha aceitado que ser convocado era a mesma coisa que ser sacrificado), os dois tinham ficados sozinhos e sem condições de viver, passando dias e noites com a fome os assombrando, até que a gentil senhora Nishimura, esposa de um dos maiores generais da guerra, a contratou para trabalhar como doméstica na mansão.

O pequeno Sunoo nunca ficou tão feliz em comer arroz puro com alguma carne barata que conseguiram comprar graças ao novo emprego de sua mãe.

Depois de alguns anos, a senhora Nishimura e sua mãe criaram um vínculo de confiança, graças aos vários acontecimentos que viveram juntos, já que a senhora vivia sozinha com seu filho (o grande general Nishimura  praticamente morava na capital, podendo visitar a família apenas alguns dias no mês) e tinha só Jin-ah de companhia. Então, depois de muito insistir, o trabalho de Jim-ah se tornou integral e ela e seu filho Sunoo se mudaram para a pequena casa de empregados que ficava nos fundos do terreno da mansão Nishimura

E foi assim que Kim Sunoo conheceu Nishimura Riki.

Bom, não foi exatamente assim, pensou o de cabelos pretos. Na verdade,Sunoo quase nunca saía da pequena casa onde se mudou, mas quando o fazia, ia apenas para um lugar: uma esbelta macieira que ficava perto de um jardim cheio de flores. Ele, de certa forma, invejava a riqueza da família que sua mãe trabalhava, mas nunca admitiu isso, então apenas se conformava em se sentar na sombra que a bela árvore fazia e lia tudo que seus olhos verdes conseguiam.

Jin-ah sempre dizia que a senhora Nishimura queria conhecê-lo e apresentá-lo à seu filho que, segundo ela, tinham a mesma idade e poderiam ser ótimos amigos, mas Sunoo sempre dizia que não estava se sentindo bem ou arranjava uma desculpa pior que outra para evitar o encontro desnecessário das duas crianças.
Mas sempre que via pela janela da pequena casa o menino de cabelos loiros brincar, ele sentia seu corpo inteiro vibrar em desejo de ir lá e brincar com ele.

O céu acima de nós ( adaptação sunki) Onde histórias criam vida. Descubra agora