Cap.47 - Retrocesso (Parte I)

688 148 20
                                    

E a trégua de Matheo não demora muito para ir por água abaixo.

O que será que ele aprontou dessa vez?

❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎ ❤︎

(sexta - sábado)

E a semana tinha voado.

Laila jantava com os pais na sexta-feira, quando...

— E qual foi a aula de hoje, filha? — Isaboh parecia interessada.

— Hoje deixei o dia livre. Fiquei por aqui mesmo, a ler uns livros.

— Que ótimo.

— Meu tesouro... Agora que retomou as aulas extra-escolares... estive pensando... Talvez fosse importante aumentar sua segurança quando se ausentasse daqui. — o Rei sugere, bem cauteloso.

Ai-Meu-Deus!!! Não posso nem ouvir falar nessa palavra... Segurança...

— Mas por que, pai? As aulas são as mesmas do começo do ano... E que eu tinha aberto mão para me dedicar a Escola, somente...

— Eu sei, minha querida. Mas os tempos estão difíceis. E como sabe, você é tudo que eu e sua mãe temos. — declara-se, derretido pela filha, como sempre.

— Mas, pai... Não há...

— Filha, estive conversando com Matheo sobre isso... Suas idas a essas... aulas... — fala o pai, cheio de rodeios. — E decidi que ele será pessoalmente o encarregado por sua segurança.

Laila só fechou o olho, respirando fundo...

Eu juro que vou matá-lo. Ele e o meu pai...

— Como é??!!

— Matheo ficará responsável pessoalmente por resguardá-la, filha.

— Mas, pai... Isso não é justo! — e não contém a voz.

— Laila, não discuta com seu pai! — Isaboh entra na conversa, taxativa.

— Mas, mãe... Eu não acredito que...

— Laila, essa discussão não cabe a você! Está decidido e ponto! — e a Rainha não dá a menor abertura para qualquer diálogo.

A princesa permaneceu em choque por segundos, deglutindo a pesadelo em que se transformara a corriqueira refeição. Involuntariamente foi ficando vermelha, a ponto de explodir...

Não posso chorar... Eu não posso... Não aqui...

A Rainha a observava com um olhar severo por cima do prato.

Fernan se pôs extremamente perturbado ao ver sua menina encolhida, com o semblante desolado. Lembrou-se do frágil estado de saúde dela, a aparência debilitada há tão pouco tempo e aborreceu-se. Mas não voltou atrás para não desautorizar a esposa.

Assim que ele deu por encerrada a refeição, a princesa pediu licença e saiu quase correndo para o quarto.

Nem bem começou a subir as escadas e desabou. Jogou-se sobre um degrau ali mesmo e chorou angustiada, sem parar.

Sozinha... E a perturbadora palavra a assombrava outra vez...

Completamente sozinha... É como se sentia, de volta àquele pesadelo.

Iria um bom tempo ainda, até que se acostumasse com a "novidade" a ponto de tolerá-la.

• • •

(COMPLETO) Laila Dómini - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora