— Ramon?
— Bom dia, Alteza.
— Bom dia. Somente para confirmar, teremos nossa sessão de estudos depois deste exame?
— Tudo certo de minha parte. Mas... Sua Alteza... chegou a conversar...
— Sim, Ramon, já falei com meu pai e com o responsável pela Guarda. Não se preocupe quanto a isso, está bem?
— Que alívio... — suspirou...
— Aproveitando... Se você não se importar, eu adoraria que viesse comigo ao Castelo para estudarmos lá, ao invés de aqui na Escola. O que acha?
— Nossa...! Não sei se deveria... Não estou apropriado.
— Não se importe com isso. Você viria?
— Sim... Mas... não tem mesmo problema...? Seus pais... O Rei e a Rainha...
— De forma alguma! Eles nos aguardam para o almoço.
Ramon não poderia recusar um pedido da princesa. Ainda mais, um convite como aquele.
Saíram de lá no final da manhã com Jafé.
Ficaram conversando no Hall Anexo ao Grande Salão, saboreando aperitivos, enquanto os pais não desciam para o almoço, já que haviam chegado um pouco mais cedo da Escola.
• • •
— Muito bem, meu caro... Você deve ser o Ramon?
— Mumumuito prazer, Majestade... Uma honra estar aqui. — e transpirava nervosismo.
— Fique à vontade, meu rapaz... E venha se sentar conosco, aqui na mesa. — Fernan o acompanhou até o Grande Salão, exalando simpatia.
A refeição fluiu na mais perfeita tranquilidade.
O Rei e a Rainha foram muito solícitos com o rapaz, interagindo, fazendo perguntas, sempre o deixando bem à vontade.
Assim que finalizaram, Laila deixou os pais para apresentar as dependências sociais ao colega, conforme havia se programado. Depois, o levou até a área de treino da Guarda, ao fundo do prédio.
Era um espaço admirável. Havia um gramado enorme com armas de grande porte em um canto e uma série de tendas armadas do lado oposto, ambos ao redor do descampado aonde os guardas faziam o treino vespertino.
— Alteza, que honra vê-la por aqui. — Herbert se aproxima para saudar Laila, surpreso com a inesperada visita.
— Boa tarde, senhor Herbert. — e lhe devolve um sorriso simpático.
Matheo, sentindo o "cheiro" dela no ar, quando voltava do almoço, só a viu ao longe, abrindo o largo sorriso para o amigo e, invariavelmente, se pôs transtornado de ciúmes.
— Este é Ramon, meu colega da Escola. Ramon, este é Herbert, um dos responsáveis por treinar nossa Guarda.
— Boa tarde, Ramon.
— Boa tarde, senhor. — o menino estava visivelmente ressabiado.
De fato Herbert, assim como seus companheiros, era de uma estatura avantajada, o que colocava o menino, minguado, encabulado diante deles.
— Boa tarde, Alteza. — Matheo se aproxima, portando um sorriso deslumbrado.
Assim que beija a mão dela já se volta a encarar a figura esguia ao lado de Sua Alteza.
Ramon exalava tensão, certamente por tê-lo reconhecido como o autor da abordagem, dias atrás.
— Ramon... Este é Matheo. O líder do grupo que capacita a Guarda de LaViera. Senhor Matheo, este é Ramon, o colega que comentei contigo ontem à tarde.
E Herbert pulsa para trás, ao ouvi-la mencionar uma conversa de "ontem à tarde" com o amigo.
Matheo, exalando simpatia, veio apertar a mão do menino.
— Muito prazer, Ramon.
— O prazer é meu, senhor. — devolve, esquivo.
— Bom... Vamos voltar agora? Temos muito o que fazer. — e Laila é prontamente atendida pelo colega e pelos demais, que se despedem dos dois, meneando a cabeça.
Como era muito inteligente e estudioso, Ramon, assim que pisou à Biblioteca, se pôs encantado com a quantidade de títulos arquivados naquele impressionante recinto. Ficou uns dez minutos a admirar as prateleiras, antes de começarem os estudos propriamente.
— Se quiser, pode escolher alguns livros que goste. — Laila sugere.
— Poderia mesmo??!
— Claro...
— Nossa, muito obrigado. Eu adoraria.
E passaram a tarde revisando a disciplina que já vinham estudando há dias.
Fernan se juntou aos dois lá pelas tantas, deixando Ramon meio desconfortável em sua presença. Mas o espaço amplo permitia que cada um o ocupasse com seus afazeres, em perfeita harmonia.
• • •
E não fazia quinze minutos que o Rei havia chegado à Biblioteca...
— Com licença, Majestade. — Matheo rompe pela porta, com qualquer pretexto para espiar Laila e o tal colega.
Perturbava-se só de pensar em outro ser de seu espécime, que não ele, a menos de um metro de distância dela.
Laila olhou por cima do livro, desgostosa com a interrupção.
— Claro, meu rapaz... Sente-se por favor.
E Matheo ficou por lá, com um sem fim de assuntos que evidentemente poderia ter deixado para outra hora. Como Fernan despendia toda a atenção que dispunha ao protegido, cedeu os ouvidos e ficou interagindo com ele.
Quando já jogavam conversa fora, um mensageiro os interrompeu portando um envelope.
— Venha comigo, meu caro. — o Rei, com o semblante apreensivo, convidou o protegido a sair da sala.
— Receio ter mais notícias desagradáveis... — e Fernan abre o assunto, enquanto caminhavam pelo corredor. — Há mais um Aliado com indícios de invasão. — e cede o papel para que Matheo mesmo lesse.
— Bom... Não está claro aqui, se Corientes foi, de fato, dominada por invasores. — ele constata, indiferente.
— Estão somente há horas daqui... — Fernan suspira pesado, preocupado com a proximidade do tal Reino à LaViera.
Matheo o observava sem esboçar qualquer reação, mas estava um tanto quanto impaciente com as missões de salvamento...
Mesmo contra a sua vontade, é uma fato que os pedidos de ajuda à LaViera iriam se tornar cada vez mais frequentes, à medida que a notícia de que um grupo imbatível de guerreiros, baseado ali, se espalhava por entre os dirigentes dos Reinos aliados.
— Majestade... Se quiser, posso ir até lá, avaliar a situação.
— Faria isso, meu caro?
— Claro... — o desentusiasmo da resposta falava por si.
— Ficarei muito grato.
— Vou me reunir com alguns guardas. Partiremos amanhã à tarde.
Matheo estava bem desgostoso em ter que se afastar de LaViera. Ainda mais naquele momento em conquistava, a duras penas, a tolerância de "sua princesa".
Fernan, alheio ao desgosto dele, ficou lisonjeado mais uma vez pela prontidão do rapaz.
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Gostando, meus amores...?! Espero que sim... E contem-me tudo, hein?! ;-)
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(COMPLETO) Laila Dómini - Livro 2
Historical FictionE nossa história continua... Derrotada de todas as formas por Matheo, só resta a Laila conformar-se com o inevitável e aceitar o seu infame destino. E depois de cumprir a desonrosa missão, tudo estará perdido? Para ela, com certeza sim, mas...