Vinte

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Para Kim Dan o parto foi apenas um borrão de gritos, sangue, choro, dor, algumas roupas cirúrgicas sem nome e vozes tentando o acalmar o tempo todo. Depois todo o caos, estava deitado em uma maca ouvindo o som de seus batimentos cardíacos na máquina, os olhos fechados enquanto sentia o cheiro típico de hospital.

Somente o cheiro de feromônios alfa o despertou de vez, o seu alfa entrava pela porta esquentando a sua marca.

– Onde ele está? – ouviu a preocupação na voz do homem mais novo.

Logo a porta se fechou atrás dele, deixando todas as outras pessoas do lado de fora. Parecia cauteloso ao se aproximar, como se medisse os próprios passos.

– E aí? Como foi? Você se saiu bem – disse Jaekyung.

– Como sabe?

– O médico me contou cada detalhe, nosso filho nasceu perfeito, não importa o quanto eu tenha imaginado essa criança antes, nada se compara a ele – respondeu orgulhoso.

Foi apenas possível um sorriso cansado de Kim Dan antes que o mesmo tentasse se virar para olhar a pequena bolinha branca dentro de uma cuna, ao lado da maca.

– Não se mova, deixa que eu já pego ele pra você – Joo Jaekyung impediu o ômega de se levantar.

– Não o acorde! Deixe ele dormir.

– Ele não está dormindo, só está aproveitando os feromônios que estou espalhando pra você – respondeu o alfa tirando o bebê de dentro da cuna com todo o cuidado – Vamos conhecer o papai Dan?

Involuntariamente um sorriso surgiu discretamente no canto esquerdo dos lábios de Kim Dan, era uma cena absurda de fofa. Devagar entregou o bebê em braços do ômega quem o agarrou com adoração, era perfeito. Aproximou a cabeça de Alex em seu nariz sentindo o cheiro de bebê o anestesiar junto aos feromônios de Jaekyung.

– A tua sorte é que eu também te amo, se não ficaria bem chateado de estar tentando roubar o meu ômega – sussurrou Jaekyung perto do bebê quem parecia prestes a dormir no conforto do colo de seu pai.

...

– Ela apresentou uma melhora significativa desde então, poderá retornar para casa – explicava o doutor enquanto era interrompido pela idosa.

– Quando vou ver o meu bisnetinho? Eu quero ver o meu príncipe – dizia a velha sentada na maca.

Toda a situação do seu parto foi apenas um susto que não afetou o progresso do tratamento da avó de Kim Dan, então estava sendo liberada pelo médico. Porém estava agitada para conhecer o bebê, pois durante toda a semana estavam aguardando a melhora confirmada pelo médico para não causar nenhuma forte emoção.

– Já vamos, vovó, vamos apenas nos despedir aqui para irmos para casa – Kim Dan tentava acalmar a senhorinha ao seu lado, enquanto estava vermelho como um pimentão de vergonha pelos gritos da idosa.

Foram liberados logo depois com uma os horários dos remédios, todos os cuidados necessários e exames que deveria realizar periodicamente. Jaekyung aguardava do lado de fora, ajudando ambos a se acomodarem no carro, a ômega recebia qualquer auxílio do jovem alfa de braços cruzados a contragosto.

Um quarto onde já estava o grande armário que Kim Dan fez questão de recuperar da casa condenada, Kim Dan se dispôs a organizar as roupas da idosa enquanto o lutador saiu para comprar todos os remédios e produtos da mulher. Ambos os pais a deixaram sozinha ninando o bebê enquanto andava e cantava pelo quarto.

Quando Jaekyung retornou, algum momento depois, encontrou com a ômega sentada em uma cadeira de balanço descansando embalando o sono do filhote enquanto ela mesma parecia estar prestes a dormir.

– Vovó – chamou Jaekyung cutucando o ombro dela – Acorde!

Ela se sobressaltou e olhou para ele confusa.

– Vamos, vá para o seu quarto descansar – falou ele já com o seu filho nos braços para deitar no berço.

A mulher apenas concordou e se deitou disponível dentro do quarto de Alex, o lutador não discutiu, apenas cobriu os dois, fechou o lugar e ligou o ar condicionado. Após acomodar os dois, caminhou para o quarto da ômega onde ouvia uma música sendo cantarolada, encontrou Kim Dan sentado no chão organizando as gavetas.

– Precisa de ajuda? – o alfa se ofereceu já se sentando em frente ao homem mais baixo.

– Não precisa – mas logo Dan notou que foi uma pergunta retórica, pois Jaekyung já estava dobrando as roupas e as colocando em uma pilha.

O ambiente era tranquilo, os dois homens estavam tão acostumados a presença do outro e àquele silêncio confortável de uma convivência familiar. Por mais que Jaekyung fosse alguém mais reservado, mais silencioso e dificilmente falasse dos próprios sentimentos tão abertamente, Kim Dan agora se sentia seguro e pela marca conseguia sentir que era recíproco.

Jaekyung observava o ômega, quando Dan levantou a cabeça e sorriu para o alfa.

Eu acho que estou apaixonado – pensou Jaekyung repentinamente.

Arregalou os olhos considerando a possibilidade de o menor ter ouvido, mesmo que Kim Dan não tenha esboçado nenhuma reação.

– Eu amo você, por mais que eu considere não ter chance nenhuma...

O lutador interrompeu o fisioterapeuta com um beijo intenso, preferia não falar muito sobre, pois o deixaria ainda mais ansioso.

Eu te amo – pensaram ao mesmo tempo como se a mente de ambos fosse uma só, em uníssono.

Fim.

Grávido (Jae-kyung/Kim Dan - Jinx)Onde histórias criam vida. Descubra agora