Grávido (Jae-kyung/Kim Dan - Jinx)

Dezenove

Somente os sons dos chinelos do ômega se arrastando pelo piso eram escutados dentro do apartamento, estava sozinho, entediado, estava afastado das suas funções e agora não era levado nem mesmo para acompanhar os treinos, Batata ficou responsável por verificar se Dan estava bem, contudo iria somente depois de uma hora. Suspirou antes de tomar uma decisão e ir para o quarto se arrumar.

Quando o alfa chegou na casa encontrou Dan sentado no sofá arrumado, o mais velho sorriu ao ver como o homem mais novo parecia confuso.

– Bom dia, Dan, aconteceu algo? – perguntou confuso enquanto entrava na casa.

– Não, mas nem tire os seus sapatos, vamos sair – avisou Dan se levantando com alguma dificuldade do sofá.

– Sair? – Batata observou como o fisioterapeuta ficava em pé com muito esforço e confirmava balançando a cabeça rapidamente – Assim?

Os olhos do aspirante a lutador estavam focados na barriga redonda por debaixo da camisa, todos aguardavam ansiosos pelo bebê e tratavam o mais velho como se fosse algo precioso de vidro, não o deixando fazer nada.

– Claro, quero ver a minha avó e você tem duas opções, ir comigo ou esperar aqui, porque eu vou – respondeu.

– Certo – confirmou Batata correndo para pegar a chave de um dos carros de Jaekyung – Pelo menos eu vou ter a chance de dirigir um dos carros do senhor Joo – sorriu animado.

O alfa mais velho permitiu que o mais novo usasse qualquer um dos seus carros para comprar coisas para o ômega grávido, levá-lo ao médico caso fosse necessário ou qualquer imprevisto que poderia ocorrer.

– E vou conhecer a tua avó, tô curioso, adoro idosos – falou ao lembrar que ainda não conhecia a senhora, sabia que estava doente.

Ambos saíram do apartamento e esperavam pelo elevador do prédio, as portas de metal se abriram quando Batata pareceu lembrar de algo.

– Ei, espera, de jeito nenhum que eu posso sair sem isso – o rapaz voltou para a penthouse e quando reapareceu carregava uma bolsa branca de maternidade – Jaekyung exigiria a minha cabeça se imaginasse que eu saí sem isso, agora vamos.

– Vocês são tão exagerados, parece que a qualquer momento eu vou colocar essa criança pra fora – Dan revirou os olhos entrando no elevador.

Em pouco tempo os dois homens estavam no quarto de hospital, a senhora recebia na boca pedaços de um pudim que o neto comprou no caminho. Batata ria enquanto alimentava a senhorinha, ambos se conectaram e o alfa mais novo estava servindo comida na boca da ômega idosa.

– Você trabalha com o meu netinho?

– Sim, sou um auxiliar, um suporte, um apoio para os lutadores e em breve serei um lutador também.

– Que legal, vai dar um autógrafo pra essa velha senhora?

– Lógico.

...

Jaekyung estava disperso nos próprios pensamentos encarando a tela do celular, iria começar uma entrevista em poucos minutos, uma veia pulsava na sua testa ficando cada vez mais irritado por suas mensagens sequer serem visualizadas, tanto Batata como Kim Dan não respondiam. Supostamente eram pra eles estarem em casa, mas o que levaria tanto pra responder? A primeira coisa a se passar na cabeça do alfa foi que os dois estavam em um momento muito íntimo pra responder, porém logo lembrou do médico falando dos riscos, imaginava que o ômega não colocaria a vida do próprio filho em risco e que Batata não seria capaz de forçar nada.

Então seus pensamentos foram para a possibilidade de algum acidente, de perigo, o corpo ficou tenso.

– Jaekyung – chamou o treinador – Vamos?

O mais novo levantou a cabeça, parecia confuso e tenso, mas suspirou e se se levantou.

– Vamos.

Durante a entrevista o lutador não tirou as mãos do celular e olhava rapidamente à procura de alguma nova notificação.

– Ansioso que vai ser papai? – a voz do entrevistador pareceu quebrar aquele frenesí que estava em sua mente.

– Sim, não sabe o quanto, ansioso pra conhecer o moleque – sorri animado.

– E qual o nome do garotão?

– Alex.

– E estamos curiosos pra saber mais um pouco sobre o pai, vocês planejam se casar? Oficializar o casamento?

– Claro que sim, por que iria querer dar ao meu filho uma família disfuncional? – sorriu confiante, mas os dois nunca tiveram uma conversa pra esclarecer a atual relação e muito menos pra planejar o futuro.

O entrevistador continuaria a pergunta, se uma simples ligação não tivesse interrompido. Joo Jaekyung esqueceu que estava em entrevista e simplesmente atendeu, ouviu a voz de Batata, concordou algumas vezes já se levantando.

– Senhor, ainda não terminamos a entrevista pra onde vai? – tentou mantê-lo ali.

– Meu filho está chegando e meu ômega precisa de mim – respondeu por cima do ombro correndo pra longe e mobilizando toda a equipe que correu para acompanhá-lo.

Namwook conseguiu entrar no carro do lutador primeiro que ele, porque sabia que deixaria todos para trás dirigindo como um lunático pelas ruas.

...

Estavam os três rindo tranquilos dentro do  quarto de hospital da ômega idosa, quando os dois homens resolveram que era hora para ir embora, pois esperariam pelo lutador no apartamento.

– Vovó, já estamos indo – anunciou o neto observando como Batata arrumava as coisas que tinha levado para a mulher.

– Já, meu filho? Venha mais vezes visitar a sua velha, sinto sua falta – sorriu com a boca enrugada e banguela.

– Prometo voltar, vovó, provavelmente já com o teu bisneto no colo pra senhora conhecer – sorriu de forma alegre.

Batata organizou o que levariam de volta e foi para a poltrona onde o ômega estava sentado tranquilo, se agachou para ajudar o mais velho a se levantar.

– Vamos?

Dan segurou nas mãos do alfa e se impulsionou para ficar de pé quando a sua calça se encharcou de água, ficou na dúvida do que tinha acontecido de verdade e se virou lentamente enquanto os outros dois encaravam confusos o comportamento estranho.

– Eu acho – iniciou – Que a minha bolsa estourou – falou já de costas para os dois.

Os olhos da idosa se arregalaram enquanto gritava por ajuda para que atendessem ao neto, Batata correu para a porta para chamar algum funcionário, Dan se segurando na poltrona enquanto sentia contrações, o som dos batimentos cardíacos da idosa completamente descontrolado, a máquina apitando loucamente, o puro caos.