CAPÍTULO 2

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Luto contra a minha vontade de sair correndo dali mesmo. Me senti completamente usada e descartada em menos de 3 minutos. Como esse idiota tem coragem de agir de uma maneira tão insignificante em relação a mim? Eu sou só um brinquedinho para ele?

Eu já devia saber! Quando eu disse que gostava dele no passado, ele deixou bem claro que não sentia e nunca sentiria absolutamente nada por mim. Não é como se ele tivesse me dado algum resquício de esperança sobre seus sentimentos. Além do mais, Ethan o mataria se soubesse que ele sente algo pela irmãzinha dele. Merda! Eu não devia ter deixado ele tocar no meu corpo de forma tão natural, não devia ter deixado ele falar palavras tão sujas! Por que eu sou assim? Por que continuo agindo como se ele fosse importante? Ele só é o melhor amigo babaca do meu irmão e, se depender de mim, vai continuar sendo isso pelo resto da vida!

Volto para a realidade quando sinto Ethan dar um empurrãozinho no meu ombro, me fazendo desequilibrar.

— O que foi, Eth? — Olho friamente para ele, voltando a pegar minha xícara para preencher com o café que mamãe havia feito antes de sair. Podemos ter diversas funcionárias para fazer isso, mas mamãe sempre faz questão de prepará-lo. Giro a tampa da garrafa e sinto o aroma mais delicioso que já havia sentido. Encho minha xícara, vendo o líquido formar pequenas bolhas ao redor de suas bordas, mostrando o quão quente ele estava. Gemo com satisfação ao dar o primeiro gole, voltando a atenção para Ethan.

— Porra, Stella! Presta atenção no que eu falo! — Ethan diz, completamente indignado. Se tem uma coisa que ele não gosta, é não ser escutado — Os pais do Yuri vão viajar para o Japão — ele diz, passando seu braço esquerdo pelos meus ombros, enquanto cruza as pernas. — Pelo que ele me disse, eles vão ficar por volta de 3 semanas para resolverem todo o processo de mudança. — Continua a dizer, mexendo nos fios soltos que estavam sobre meu rosto. — Não é como se eu me importasse em deixar ele dormir sozinho naquela casa. — Ele ri. — Mas nas duas próximas semanas, o Yuri vai participar da competição de vôlei do colégio. O que significa que além dele estar dormindo bem, ele precisa estar comendo bem.

E? Por mim, ele poderia ficar 2 semanas sem comer que eu não me importaria.

Merda, a quem eu quero enganar?

Espera, o quê? Mudança?

— Mudança? Como assim? — Deixo minha xícara na mesa e direciono meu olhar para Yuri que, como sempre, apresenta a mesma expressão de indiferença de todos os outros dias.

Sentir o desprezo dele por mim dói mais do que 23 facadas no meu peito. Eu queria tanto poder odiar verdadeiramente esse idiota.

— É, mudança. — Yuri afirma, olhando para mim. — A gente vai se mudar para o Japão daqui 1 mês — ele diz tentando demonstrar despreocupação, quando claramente não gostou nada da ideia. — Minha avó está com câncer de pulmão e meu pai precisa organizar uma papelada em relação ao testamento da coitada. — Diz, brincando com um fio solto que estava no seu moletom azul da Atlética do nosso colégio. — Ele quer passar um tempo com ela. Aparentemente, o estado é tão crítico que ela pode morrer a qualquer minuto. — Continua sem apresentar nenhuma tristeza, enquanto puxa uma cadeira para se sentar — Não sei quando, e se vamos voltar, então talvez eu nunca mais sinta o prazer de amassar aquele idiota do Nate no vôlei. — Finaliza, com um sorriso recém-formado no seu rosto.

Vai se foder.

O Yuri vai embora? Com o risco de nunca mais voltar? Sua vó está com câncer? E pior, ele parece não se importar com isso ou é coisa da minha cabeça?

São muitas informações para processar. Eu não consigo acreditar que a porra do garoto que gostei por anos está prestes a ir embora, sem nenhuma previsão de voltar.

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