𝐁𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐢𝐭𝐞𝐝 - 𝐋𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐍𝐨𝐫𝐫𝐢𝐬

Cap 5

Maya Bianchi

Acordei naquela manhã com o mesmo peso de sempre: a expectativa do mundo sobre nós. O relacionamento falso com Lando já estava desgastante, mas o que realmente tornava tudo insuportável era o jeito dele. Lando Norris, com seu ar de superioridade, sua incapacidade de lidar com emoções e, acima de tudo, sua tendência a ser um completo babaca quando as coisas não iam do jeito que ele queria.

No autódromo, o caos era o de sempre. Fãs gritando, câmeras disparando, repórteres fazendo perguntas que beiravam a invasão de privacidade. E Lando? Ele parecia mais impaciente do que nunca. Seus passos eram rápidos, o maxilar travado, e ele praticamente me arrastava pelo paddock como se eu fosse uma extensão dele, não uma pessoa.

— Maya, mantenha o sorriso, pelo amor de Deus. — Ele murmurou entre os dentes, enquanto caminhávamos em direção ao box da McLaren.

Eu parei no meio do caminho, soltando minha mão da dele.

— O que foi agora? — Perguntei, cruzando os braços.

Ele se virou para mim, com aquele olhar que misturava frustração e impaciência.

— O que foi? Você está com essa cara de quem preferia estar em qualquer outro lugar, e isso não ajuda, Maya. Estamos nisso juntos, lembra?

— Ah, estamos? Porque, pelo que parece, você só quer que eu seja sua boneca perfeita para posar para as câmeras. — Respondi, minha voz cheia de sarcasmo.

— Não seja dramática. — Ele respondeu, balançando a cabeça. — Se não consegue lidar com isso, talvez devesse ter pensado duas vezes antes de assinar o contrato.

Aquelas palavras me atingiram como um soco. Era sempre assim com Lando: ele jogava as coisas na minha cara sem nenhum filtro, como se eu fosse apenas mais um obstáculo no caminho dele.

— Talvez você devesse aprender a ser menos babaca, Norris. — Retruquei, antes de continuar andando sozinha.

Mais tarde, no intervalo entre as sessões de treino, fui até a área dos camarotes para tentar respirar um pouco longe da presença sufocante de Lando. Mas, como se o universo estivesse conspirando contra mim, ele apareceu minutos depois, com a mesma expressão irritada de antes.

— Você não deveria estar aqui. — Ele disse, cruzando os braços enquanto me encarava.

— E você não deveria ser tão insuportável. Mas, olha só, aqui estamos. — Respondi, sem sequer olhar para ele.

Lando suspirou, mas não parecia minimamente arrependido de seu comportamento.

— Maya, isso não é uma brincadeira. Temos que manter as aparências, ou tudo isso vai desmoronar.

— Ah, claro. Porque Deus me livre de atrapalhar o grande Lando Norris e sua imagem perfeita. — Ironizei, finalmente me virando para encará-lo.

Ele deu um passo na minha direção, os olhos fixos nos meus.

— Você acha que isso é fácil para mim? Acha que eu quero estar preso a esse maldito contrato?

— Se odeia tanto isso, por que não acaba logo? — Perguntei, desafiando-o.

Por um momento, achei que ele fosse responder, mas tudo o que ele fez foi suspirar novamente e desviar o olhar.

— Porque eu não posso. — Ele disse finalmente, em um tom baixo, quase derrotado.

Essa foi a primeira vez que vi algo diferente em Lando, algo além do piloto arrogante e do homem rude. Mas, como sempre, ele rapidamente voltou à sua postura defensiva.

— Só... tente não complicar mais as coisas, ok? — Ele disse antes de se virar e sair, me deixando ali com mais perguntas do que respostas.

Naquela noite, de volta ao hotel, não consegui parar de pensar em como Lando tornava tudo mais difícil do que precisava ser. Ele tinha uma habilidade única de transformar até os momentos mais simples em batalhas. E, ainda assim, havia algo nele que me impedia de simplesmente desistir.

Enquanto olhava pela janela do meu quarto, as luzes da cidade brilhando ao longe, uma pergunta me assombrava: por que eu ainda estava aqui? Talvez fosse por causa do contrato. Talvez fosse porque, no fundo, eu queria entender o que realmente se passava por trás daquela máscara de arrogância que Lando usava tão bem.

Ou talvez fosse porque, apesar de tudo, havia algo nele que me fazia ficar. E isso, mais do que qualquer outra coisa, era o que me assustava.