Worlds War

Prenda dos perdedores.

Eu abri meus olhos e estava na enfermaria.
Olhei em volta e quase toda a turma estava na enfermaria comigo. Na enfermaria estavam Charlotte, Jonathan, Dante, Asis, Bianca e Bovi. Presumo que os outros devem ter saído enfermaria.
Estavam todos dormindo, e acho que já deve ser de manhã, o sol está forte na janela, que bom que não tenho as fraquezas dos vampiros normais por ser um misto, mas o sol ainda irrita minha pele e me deixa quase cego por conta da luz forte. Muita falta de consideração, essa escola é um saco.
Tinha uma carta do lado da minha cama, e quando eu peguei eu vi que era um comunicado. Abri a carta e dizia que iríamos ter uma reunião pra falar sobre o ocorrido.
Me levantei da cama e senti muita dor ao ficar de pé, mas eu continuei andando. Percebi que meu abdômen estava enfaixado.
- Que porcaria é essa? Isso aqui só atrapalha! – Arranquei as faixas – Que saco!
Me troquei e saí do quarto. Saindo de lá eu vejo todos na sala. Quem estava lá esperando era Oto.
- Vocês não fizeram mais do que a própria obrigação. Salvaram a si mesmos e o mundo em que vivem. Mas aparentemente isso foi um grande feito, então vamos premiar os três vencedores do desafio e dar algumas regalias para os colaboradores da vez.
Todos pareciam felizes com isso, mas ao mesmo tempo, pareciam estar chateados com algo.
- O que tá rolando? – Perguntei.
- Então você acordou? – Charlotte me abraça – Achei que você... – Ela para de falar, olha em volta e fica vermelha.
Sem entender bem a situação, apenas sorrio.
- Eu estou bem!
- Minha nossa, que sorriso macabro... Até deu um arrepio. – Diz Oto.
- Nem vem, velho maldito!
Todos riem, e então o professor volta a falar.
- Os ganhadores são, Jin Kin, por ter cuidado do portal arriscando sua vida. Bianca, por ter dado cobertura ao Jin. E Franklyn, por ser um dos únicos a ficar de pé, testando apenas esses três.
- Como que?
- Sem dúvidas, Franklyn foi o que mais se esforçou e lutou. Ele foi quem derrotou o Urso mais forte e enfrentou alguns dos lobos, gastando muita mana.
- Espera! Isso foi o que eu...
Franklyn o interrompe com um grito.
- Uma barata!
Todos olham para onde o Franklyn apontou, mas não viram nada.
- Ah, foi só impressão. Enfim, como fica a premiação?
- Que anão filho da...
- Inveja é algo muito feio. – Como esse anão filho da puta tem coragem de me dizer isso.
Oto levanta a mão.
- Jin, você acaba de ganhar o anel com capacidade de aumentar a mana e força física do usuário.
Jin apenas vai até professor, pega o anel e se retira, sem dizer nenhuma palavra.
Esses caras são barra pesada.
- Bianca ganhou a luva que pode controlar matéria e manipular energia de tudo que toca. Algo muito poderoso. Quando ela acordar será entregue a ela. – Todos estavam impressionado, e eu até senti um pouco de inveja vindo deles. – E Franklyn, como você se esforçou muito, vai ficar com isso. – Oto estende a mão – Você terá este colar, que pode te dar força física ilimitada. Você pode ser tão forte quanto seus sentimentos.
Não acho justo que esse desgraçado tenha um colar que o deixe maromba, e acho pior ainda que receba isso encima dos meus feitos! Ele vai me pagar! Mas nas condições em que me encontro agora, não iria conseguir fazer muita coisa.
- Agora vamos falar das prendas! –Todos o encararam. – Vão treinar durante as férias, feriados, fins de semana e vão largar duas horas depois dos vencedores. – Pela reação de todos, acho que ninguém estava contente. – E vão ter aulas de conteúdo dobrado.
Charlotte foi a única que permaneceu calada. Não parecia estar irritada.
Enquanto todos cerravam os dentes e resmungavam, Charlotte não pareceu se importar. Eu confesso que me senti um pouco frustrado na hora, mas analisando com calma, até que isso é bem útil. Ao invés de ganhar atalhos, vamos nos fortalecer de maneira certa!
Depois do aviso, tivemos um banquete cheio de comidas maravilhosas e suculentas. Tivemos bife bem passado e mal passado, tivemos lasanha de asa de serpente alada, além das frutas mágicas que servem para recarregar mana e são deliciosas!
Todos pareciam estar satisfeito, porém ainda tinha muita comida na mesa de jantar, então eu, Bovi, Fred e Dante resolvemos comer tudo o que tinha. Acabamos com toda a comida. Acho que aquilo daria pra alimentar um pequeno vilarejo ide trolls e ainda sobraria. Enfim, estava uma delícia!
Saí discretamente e fui treinar um pouco. Eu sou fraco e não tenho nada de especial. Sou um completo fracasso... Se eu não me esforçar, como eu vou sobreviver?
Fiz algumas séries de agachamento, abdominal e flexão. Mas não importava o quanto eu treinasse, eu ainda continuava sendo um magrelo. Meus ossos aparecem sempre que tiro a camisa, e não tenho um músculo sequer. Vou mandar a real, se não fosse pela mana e poderes de vampiro, eu acho que eu nem conseguiria correr... Deprimente!
Claro que eu fiz quatro séries de 10 de cada exercício, isso já bastava para me deixar ofegante.
Concentrei o meu poder, ajustei a respiração e fiz uma espada de lâmina longa para cortar uma árvore logo a frente.
“A árvore partiu feito manteiga!”, bem, era isso que eu gostaria de dizer, mas a verdade é que a lâmina partiu e eu perdi uma quantidade considerável de sangue tentando usar isso. Achei que a comida já havia me deixado mais forte.
- Você não devia se esforçar tanto, está cansado e é naturalmente fraco. – Uma voz feminina misteriosa surge do meu lado, eu me viro assustado e percebo quem é.
- Wind? O que faz aqui?
- Apenas queria observar você... Você parece interessante, acho que é por ser um completo fracasso como ser vivo. Os vampiros costumam ser assustadores e fortes, mas você... Você é só um perdedor depressivo.
- Espera! Como sabe que sou depressivo? – Acho que essa foi a pior coisa pra se perguntar. Ela me encarou com um olhar de pena e me deu as costas.
- Acho que já vi demais por hoje, vou treinar. Ver você dando duro me motivou.
- Pelo menos eu servi pra alguma coisa. – Dou um sorriso pra tentar ser simpático.
- Não, você só me fez perceber que se eu não treinar eu posso ficar quase tão fraca quanto você, e não é isso que eu quero.
Por que mulheres são tão cruéis? Acho isso um saco, sabe, de ter que lidar com as criaturas. Você te que ter uma posição de respeito ou então terá que aturar essa galera irritante. Eles me dão nos nervos. São chatos e fedorentos, principalmente o Bovi.
Depois desse ocorrido, se passou uma semana e os perdedores tiveram que treinar todos os dias. Tivemos algumas aulas chatas sobre o funcionamento do corpo de quimeras e de seres mágicos menores. Depois tivemos que aprender um pouco mais sobre nós mesmos e nossas raças, e amanhã... Bem, suponho que vão falar sobre as únicas duas raças que faltam na sala. Espero que ele não faça como da última vez e chame alunos da raça pra falar sobre o assunto, isso é um saco pra todo mundo. Parece que só ele não vê que é o único se divertindo.
Eu fui encontrar Charlotte antes de dormir, e percebi que todos estavam reunidos jogando um jogo de tabuleiro ao redor de uma fogueira... Sério, todos da sala estavam lá z inclusive o Fred.
- Ei gente, por que não me chamaram? – Perguntei indignado.
- Se chamássemos, você viria? – Perguntou Asta, que TAMBÉM estava lá.
- Com certeza... – Alguns deles ficaram me encarando como se exigissem que eu falasse a verdade. – Não. Mas, poxa... Cadê a educação? – Me ignoraram completamente e continuaram jogando o jogo deles. – Bem, alguém viu a Charlotte?
- Ela está dormindo, provavelmente. Também não a convidamos, ela não iria aceitar. – Falou Carlla. Eu definitivamente não vou com a cara dela.
- Na boa, vocês tem que parar de ser tão precisos nas suposições. – Fui embora andando e ignorando o fato de eles não ligarem pra a minha existência.
Fui até o quarto da Charlotte e bati a porta com cautela, se ela realmente estivesse dormindo, eu não queria acordá-la.
Os novos dormitórios eram bem silenciosos, então eu não podia fazer muito barulho.
A porta se abriu, e lá estava ela, linda como sempre.
- Pietro, o que faz aqui? – Ela parecia estar com sono mas por algum motivo não estava dormindo. Ela estava de pijama, um pijama rosa que fazia ela ficar fofinha, e seus cabelos bagunçados estavam estranhando bonitos.
- Desculpa por ter te acordado, foi mal. Eu volto amanhã. – Deu as costas para ir embora.
- Espera... Pode entrar, eu não estava dormindo. Não sei porquê, mas não estou conseguindo dormir.
Eu entrei no quarto e me surpreendi. Estava tudo organizado, eu nunca vi um quarto em tão bom estado.
- Bem, o que você queria falar comigo?
- Eu só queria saber como você estava... Eu realmente não sou bom puxando assunto e também não consegui dormir. – Ela não parecia desapontada com um motivo tão besta. Fiquei surpreso que ela não tenha gritado comigo. - Sabe, aquela gente toda lá fora jogando jogos sem a gente... Tipo, todos da sala estão “se divertindo” sem nós. Isso não te chateia também?
- Eu não me importo, eu nem iria aceitar mesmo.
- Eu sei, foi o que eles disseram. Bem, você pode me contar mais sobre quem eu sou? – Ela me encarou em silêncio, e logo em seguida olhou para baixo.
Ela não dizia nenhuma palavra sequer.
- Eu quero saber quem eu sou, e sobre o meu passado.
- Te coisa que é melhor esquecer... mas você vai se lembrar sozinho, eu só tenho que esperar. Sabe... Essa coisa toda de confusão nas suas memórias... Tem certeza do que me disse naquele dia?
- O quê?
- Você sabe... Que você... Que você me ama.
Eu estava com muita vergonha para responder, e ela estava com muita vergonha para cobrar uma resposta, então ficamos em silêncio.
Eu juntava energias para responder a ela. Eu a encarei, segurei sua mão e gritei.
- Sim Charlotte Kokoro! Eu te amo! Te amo DEMAIS. Eu te amo, Charlotte!
Ela parecia travada e me encarava com o rosto vermelho. Quando de repente ela olha para trás de mim e me dá um empurrão que me faz cair para trás.
Eu olho para trás e vejo que todos da sala estavam parados na porta.
- O que acabou de acontecer aqui? Eu pensava que você só ia dar boa noite a ela... Só estávamos passando pra guardar o tabuleiro e vemos isso... Sapeca você, hein. – Asta não perdia uma.
Depois disso Charlotte empurrou todos pra fora do quarto, inclusive eu, e se trancou lá dentro.
Que merda foi que eu fiz? Que saco...