Uma família mais que verdadeira.

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Eu ainda me lembro de como eu era quando estava vivo...
Eu sempre uma criança sem nada de especial, meus pais morreram num acidente de carro quando eu tinha 2 anos, eu fui o único sobrevivente. Fui levado ao orfanato católico e fui criado lá. Como eu ainda era muito pequeno quando houve o ocorrido, eu não tenho lembrança nenhuma dos meus pais.
Eu nunca tive amigos naquele orfanato, eu sempre fui muito bobo e infantil, até as crianças mais novas concordaram com isso. Um dia chegou uma garotinha pequena e frágil, ela era muito alegre e fofa. Ela fez muitos amigos, mas ela ainda assim não se sentia a vontade perto deles...
- Ei...
- O-oi garotinha, você tá falando comigo?
- Sim... Como é seu nome? O meu é July!
- Me-meu nome é Asta...
Logo nós viramos amigos, e ela começou a me chamar de maninho... E eu passei a cuidar dela como se ela fosse minha irmã mais nova de fato.
Éramos só eu e ela, mas eu sempre fui meio azarado e desastrado, então eu só me metia em problemas. Até que mais uma garota chegou. Todos já conhecem ela né...
- Olá, meu nome é Charlotte Kokoro, espero poder ser amiga de vocês...
Ela era uma garota bem comum e popular entre as outras crianças.
Conforme o tempo passou aconteceram algumas coisas que marcaram minha vida. Como aquela vez que...
- Você vai fugir da igreja???
- Sim, mas é só pra roubar umas frutas...
- Roubar é feio maninho! – ela fez uma cara de brava e quase choro... Aquilo foi tão fofo!!!
- Calma July, é só uma fruta.
- Não importa!
Eu fiz um pequeno cafuné nela. – Eu vou pagar pelas frutas então, não se preocupe.
Ela deu um sorriso contente e me abraçou. – Tá bom maninho.
Pulei o muro escondido, eu estava suando muito, estava muito quente, já era meio dia. Comprei duas maçãs e um cacho de uvas na barraquinha que ficava à uns três quarteirões da igreja. Era o único lugar aberto a essa hora. Mas quando eu estava voltando, por acidente acabei pisando na cauda de um cachorro. Eu me virei bem devagar...
- O-oi cachorrinho... – Eu olhei com medo para o cachorro, ele olhou de volta pra mim. Ele parecia estar bravo e nem um pouco amigável. Eu comecei a correr e o cachorro começou a latir enquanto me perseguia. Outro cachorro foi atraído pelos latidos e começaram a me perseguir.
- Por quê esse tipo de coisa só acontece comigo!!!?
Eu não parava de gritar, e logo mais três cachorros passaram a me seguir também. Eu só continuei a correr, e não parava de me perguntar Como pode ter tanto cachorro de rua num lugar só?
Uma moça estava passeando com 5 cachorros ao mesmo tempo, e adivinha... os 5 fugiram e vieram atrás de mim. Agora tinham 10 cães raivosos e uma mulher desesperada correndo em minha direção.
Eu já estava me aproximando do muro da igreja, só não sabia como eu iria conseguir pular um muro de 2 metros com esse tanto de cachorro atrás de mim. Mas um braço me puxou para o outro lado do muro.
Aquela garota me salvou. Charlotte Kokoro!!!
- Obrigado! Muito obrigado mesmo!!!
- Por quê você estava correndo daquele tanto de cachorro?
Eu contei a situação pra ela e ela não parava de rir... Confesso que isso me chateou um pouco.
- E onde estão as frutas?
- Que frutas?
- As que você saiu pra comprar!
- Ah... É mesmo! – A sacola plástica que eu carregava com as frutas foi rasgada durante a correria. – Ah!!! A July vai ficar triste!!!
- Eu aproveitei a confusão que você causou e roubei algumas frutas. Quer dividir?
- Posso mesmo?
- Claro! Chame a sua amiga também.
Desde aquele dia Charlotte foi quem me tirou das enrascadas que eu me metia.
Com o passar do tempo eu, July e Charlotte começamos a formar nossa própria família.
Numa noite, enquanto July dormia, Charlotte estava me ensinando a resolver algumas questões matemáticas.
- Ei... Charlotte.
- O que foi?
- Eu sempre protegi a July, e você me protege. Nós somos órfãos, então nós somos como uma família. Mas não aquela família que briga e discorda. Mas sim uma família que se apoia e se protege. Mesmo que não seja de sangue, nós somos uma família mais que verdadeira.
Charlotte deu um sorriso. – Claro que somos... Mas não vem enrolar não ein, se concentra na questão aqui!
Eu queria que aqueles dias... Durassem pra sempre.

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