Capitulo 7

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(Mãe de Angelina, na foto a cima☝️)

Angelina

A faculdade é o único lugar onde posso me distrair e tentar esquecer, nem que seja por alguns segundos, o que está acontecendo na minha vida. Mas agora, me sinto completamente desesperada, sem saber de onde tirar dinheiro para pagar a minha faculdade. O que será de mim? Em meio a tudo o que aconteceu, esqueci completamente o que é mais importante para mim. Preciso encontrar uma maneira de continuar os meus estudos, não posso permitir que minha vida se torne um completo caos. Não posso ficar parada, apenas observando tudo acontecer. Preciso me movimentar e acho que sei o que devo fazer. Depois de sair da faculdade, chego em casa após algumas horas, e encontro minha mãe e vó Antônia na sala, conversando enquanto assistem televisão.

- Filha, que bom que você chegou. Como foi a faculdade? - Minha mãe pergunta com uma pequena animação em seu olhar. Por alguns segundos, fico pensando se devo ou não contar a ela o que aconteceu. Pois não quero vê-la preocupada. - Está tudo bem? - pergunta após perceber o meu silêncio, e logo resolvo ser verdadeira com ela

- Fui impedida de assistir às aulas devido a minha mensalidade estar atrasada. - falo fazendo o seu olhar ser tomado pelo desespero. - Mas está tudo bem, mae. Eu vou dar um jeito de pagar a minha mensalidade. - falo tentando acalma-la, porém é em vão.

- Dar um jeito? - ela se levanta após perguntar - Como você vai dar um jeito? Nós não temos condições para nada. - diz completamente preocupada e com o desespero em seus olhos

-Não temos, mas vamos ter porque...-dou uma pausa antes de continuar- Porque eu vou arrumar um emprego revelo, pegando ela de surpresa

- O que? - diz como se não tivesse acreditando

- É isso mesmo que você ouviu, mãe. Dessa vez eu não vou chorar e simplesmente aceitar isso. Eu vou arrumar um emprego e continuar a minha faculdade.

- Como você vai arrumar um emprego, se você não tem experiência, e muito menos formação em nem uma área?

- Para limpar ou pra servir não precisa de formação alguma. - falo a deixando mais surpresa do que estava, fazendo a sentar novamente no sofá

- Não, você não pode estar falando sério - diz nervosa enquanto coloca a mão na cabeça - Eu não criei você para servir ninguém.

- Nas condições em que estamos, não estamos no direito de escolher nada, mãe. Tente me entender, por favor.

- Sua filha está certa, minha querida. - Vó Antônia concorda comigo, deixando minha mãe decepcionada - Todo emprego é digno. Ela está certa em não querer desistir dos sonhos dela.

- Mas essa não foi a vida que eu sonhei para ela, tia. - diz enquanto percebo seus olhos com lágrimas

- Mas é o único caminho que restou em minha vida, mãe. - falo enquanto me aproximo dela, e sento ao seu lado. - Eu já estou cansada de ficar parada vendo tudo o que acontece em nossas vidas.

- Você não conhece ninguém, filha. Aonde vai conseguir um emprego? - pergunta, me deixando completamente pensativa. Realmente não havia pensando nisso. O desespero falou mais alto que eu só pensei em arrumar qualquer emprego o mais rápido possível.

- Eu...eu posso ajudar - ouço a voz de flavia, fazendo a nossa atenção ser voltada para ela - Aonde eu trabalho estão precisando de mais uma pessoa. Se você realmente quiser, posso levar você para...eles te conhecerem.

- Você está falando sério? - pergunto com uma pequena esperança

- Sim. Lá não tem problema se você não tem experiência, você aprende na hora.

- Sim, é claro que eu quero. Sem dúvidas nem uma.- falo animada, com um sorriso no rosto.

Durante toda a minha vida, a única coisa que fiz foi estudar, eu jamais se quer peguei em um pano ou em uma vassoura dentro da minha casa, porém, estou determinada a não ficar parada vendo a minha vida se tornar um caos. Sei que não vai ser fácil, sei que não tenho experiência em nada, mas estou disposta a tudo para continuar a minha faculdade, e dar uma direção para a minha vida e para a vida da minha mãe.

*************

Por conta da minha ansiedade e vontade de encontrar qualquer emprego que seja para pagar a minha mensalidade, e tentar ajudar a minha mãe, acabo acordando bastante cedo e na frente de flavia que acabou não indo trabalhar ontem a noite. Como havíamos combinado, hoje ela irá me indicar no trabalho dela, e para que eu arranje um emprego o mais rápido possível, eu preciso está presente, para que a chefa, já que flavia mencionou que é uma mulher, veja que estou interessada. Saio do banho com meu roupão, e secando meus cabelos com uma pequena toalha e vejo flavia acordada.

- Bom dia, acordou cedo - Ela comenta ao me vê de pé

- Tudo por um emprego - respondo com um leve sorriso

- Claro - ela diz com um sorriso frouxo sem jeito e logo um celular começa a tocar. Vejo que não é o meu e logo Flavia atende o dela. - Alô? Sim, irei levá-la hoje. Eu sei, na hora conversarmos. Até daqui a pouco. - Flávia se levanta após desligar a ligação - Ela já está nos esperando, vou tomar um banho para irmos - concordo com a cabeça e logo a mesma entra no banheiro. Vou até o guarda roupas e fico perdida em meia a tantas roupas minhas. Eu preciso encontrar algo bom para vestir ou então, vou precisar vender todas essas roupas para ver se chega pelo menos na metade do dinheiro da minha mensalidade. Após ter me vestido, vejo Flávia terminar de amarrar os seus cabelos em um rabo de cavalo. - Vamos?- ela diz após virar para mim

- Vamos. - confirmo e saio na frente dela do quarto e encontro minha mãe na sala, aparentemente preocupada.

- Você tem certeza que é isso que você quer? - minha mãe solta um suspiro depois de perguntar

- Sim, mãe. Nunca tive tanta certeza em minha vida . - confirmo, fazendo ela concordar com a cabeça

- Tudo bem. - Depois de me despedir de minha mãe e da avó Antônia, Flavia e eu partimos. Ao sair do prédio, acompanho os passos de Flavia, que mantém silêncio durante todo o trajeto. Entramos no primeiro transporte público que vimos e seguimos em silêncio como duas mudas.

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