Angelina
Sinto que estou vivendo em um verdadeiro filme de terror, onde parece que nunca terá fim. Como pode ser possível a vida de alguém mudar tanto em tão pouco tempo? Como tantas coisas ruins podem acontecer em um só tempo? A dor de ter perdido o meu pai, e a dor de ter perdido tudo o que ele nos deixou se misturam, fazendo eu querer fechar os meus olhos e não abri-los nunca mais. Ainda não consigo acreditar e similar que tudo isso está acontecendo em minha vida. Por que isso tinha que acontecer com a gente? Por que a vida resolve nos fazer sofrer no momento em que já estávamos sofrendo pela morte do meu pai? São tantas perguntas sem respostas que se passam sobre a minha cabeça, que acredito que é capaz de me enlouquecer se eu não for forte o suficiente. Com lágrimas escorrendo sobre o meu rosto abundantemente, termino de fazer a minha última mala. Saber que nunca mais irei botar os pés na casa onde nasci e cresci, me deixa completamente sem chão, e sem acreditar que seja real. Cenas do último momento que tive com meu pai passam sobre minha mente, fazendo as lágrimas escorrerem ainda mais.
(Flashbeck on)
Era um dia lindo e ensolarado, quando saio do meu quarto toda pronta para ir para mais um dia na faculdade e encontro meu pai muito bem vestido para mais uma de suas viagens de negócios, como ele mesmo dizia
— O senhor nunca vai aprender a dar o nó corretamente em sua gravata, não é mesmo? — falo sorrindo enquanto vou até ele
— Estava esperando a minha futura estilista vim e ajeita para mim — Ele diz sorrindo, fazendo os seus olhos azuis iguais aos meus brilharem feito o sol.
— Não demore, está bem? — peço enquanto ajusto a sua gravata delicadamente — Estaremos esperando o senhor para o jantar de amanhã. E se não comparecer dona Ângela não lhe perdoará — falo sorrindo
— Não se preocupe, chegarei a tempo. Você sabe que não perco o dia que a sua mãe faz o jantar. — dou um sorriso para ele, e termino de dar o nó em sua gravata
Flashbeck off
É difícil saber que nunca mais irei ve-lo, é difícil saber que nunca mais irei ajeitar a sua gravata. Porém, o que me dói mais e ter que saber que preciso deixar o único lugar que passei as melhores lembranças ao lado dele. O único lugar que poderia sentir a presença e o cheiro dele. Sinto alguém entrar em meu quarto, enquanto frutuo em meus pensamentos, entre lágrimas.
— Precisamos ir minha filha. Não podemos passar mais um dia se quer aqui —ouço minha mãe dizer, fazendo as lágrimas caírem ainda mais
— Essa casa é o único lugar que poderíamos sentir a presença dele. E até dela precisamos nos desfazer. — falo olhando com os meus olhos cheio de lágrimas — O que vai ser da gente, mãe? O que vamos fazer? Para onde vamos? — Questiono tomada pelo desespero
— Nós vamos dar um jeito, meu amor. Vamos aprender a viver com o que temos, eu prometo — ela diz tentando me confortar, porém, percebo através de seus olhos o desespero. Seco as minhas lágrimas com as mãos, pego as minhas malas do quarto e a levo para sala. Onde acabo encontrando todos os nosso funcionários ou melhor dizendo ex funcionários em uma fileira a nossa espera.
— Em nome de todos os funcionários, gostaria de agradecê-las por todo esses anos de trabalho. — dona vera se pronuncia deixando visível a tristeza em seu olhar — Somos gratos por tudo que vocês e o seu Carlos fizeram por todos nós. — ela diz fazendo tanto minha mãe quanto eu ficarmos mais emocionadas. — Sabemos que não está sendo nada fácil, mas desejamos que tudo dê certo nessa nova caminhada.
Com meus olhos cheios de lágrimas, vou até dona vera e a abraço forte, enquanto minha mãe agradece cada um dos funcionários. Dona vera me viu crescer e dar os meus primeiros passos. Por ser a funcionária mais antiga, criei um carinho muito grande por ela, principalmente por sempre ter sido cuidadosa comigo. Após sair dos braços dela, olho para a minha casa pela última vez ao lado de minha mãe, e saio sem olhar para trás. Por eu estar completamente sem chão, não faço a menor idéia para onde vamos, e nem fiz questão de perguntar para minha mãe. Entro no táxi com minha mãe, apos seu Nicolas fazer questão de colocar as nossas malas no carro. Olho pela última vez a entrada da minha casa, e logo o motorista dar a partida, para o endereço que eu não faço a menor ideia.
— Para onde estamos indo? — pergunto, apos perceber que já estamos a bastante tempo dentro do carro
— Para o único lugar que nos restou. — diz sem me olhar. — O único lugar que eu tenho certeza que vão nos dar abrigo — sem perguntar mas nada, encosto minha cabeça na janela do carro, enquanto flutuo em meus pensamentos
O que será de mim e da minha mãe daqui em diante? Como iremos viver? Até quando o nosso dinheiro que restou irá durar? E quando acabar, como vamos nos sustentar? São tantos pensamentos, que são capazes de me deixar completamente louca. Vejo o motorista parar o carro em frente a um pequeno prédio de classe média, e logo descemos do mesmo. Minha mãe paga o motorista, e logo ele nos ajudar com nossas malas e leva em direção a portaria do prédio. Vejo minha mãe dar boa noite para o porteiro, como se já o conhecesse, fazendo ele nos ajudar com as malas. Após poucos minutos no elevador, vejo a porta se abrir, e minha mãe agradecer o porteiro.
— Quem mora aqui? — pergunto curiosa
— Você irá conhecer, meu amor — ela diz e logo toca a campainha. E em questão de poucos segundos, vejo a porta se abrir,e uma garota alta, dos cabelos ondulados loiros, nos receber com um sorriso no rosto.
— Sejam bem vindas, a vó Antônia está ansiosa pela chegada de vocês. — ela diz toda simpática
— Muito obrigada. Entre querida — sem saber quem seja essa garota, entro no apartamento e percebo o quanto ele é pequeno comparado a minha antiga casa, porém, bastante aconchegante e muito cheiroso. — Tia Antônia — minha mãe não consegue conter as lágrimas e assim que vê uma senhora sentada no sofá com um enorme sorriso no rosto. Ela vai em direção a senhora e abraça, deixando as lágrimas rolar.
— Pode chorar minha filha, eu estou aqui — ela diz abraçando minha mãe, que chora feita uma criança solitária nos seus braços.
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Minha Obsessão
RomanceAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...