Capítulo 3

511 13 0
                                    

Angelina

Um mês depois....

Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém. Ainda mais alguém que sempre fez de tudo por você, que lhe ajudou a dar os primeiros passos, que sempre quando você caia estava lá para lhe levantar, e dizer que tudo ia ficar bem. Saber que nunca mais irei ver, ou falar com o meu pai, é a pior dor que estou sentindo em minha vida. Ainda não consigo acreditar que isso realmente aconteceu. A sua ausência se tornou em dor em meu dia a dia. E mesmo tendo passado um mês depois do ocorrido, a dor não diminuiu, muito pelo contrário, sinto como se estivesse aumentado a cada dia que se passa. Sinto como se essa dor  que estou sentindo em meu peito nunca mais fosse passar, e eu nunca mais irei voltar a ser feliz novamente. Desde que perdi o homem da minha vida, não tive forças e muito menos vontade de ir para a faculdade. É como se a minha vontade de viver tivesse sido enterrado com o meu pai. Como se não fizesse mais sentindo continuar com algo que um dia foi o meu grande sonho. Me desperto pela manhã, e percebo que novamente terei que enfrentar mais um dia de dor e saudade. Ultimamente dormir é o que está me ajudando a enfrentar a dor da perda, e acordar e vê que tudo não é um sonho, me faz não querer acordar nunca mais. Me olho no espelho e vejo o quanto estou abatida, meu olhar azul está tomado por uma vermelhidão como nunca havia ficado. Jogo uma água em meu rosto, faço minha higiene habitual, para tentar disfarçar a tristeza em meu rosto, amarro meus cabelos curtos, coloco um roupão de cetim rosa e resolve sair do meu quarto. E assim que chego na sala encontro minha mãe.

— Cuide de tudo para mim, dona vera. Provavelmente eu irei demorar — minha mãe diz toda apressada enquanto dona vera a ajuda  a colocar o seu casaco.

— Onde a senhora vai? — pergunto dando-lhe um pequeno susto

— Eu...irei resolver uns assuntos da empresa — minha mãe podia ser boa em muita coisas mas mentir não era o seu forte

— Não minta para mim. Vocês conseguiram não é? Vocês conseguiram vender a única coisa que o meu pai batalhou para obter — digo enquanto as lágrimas caem sobre o meu rosto. Dona vera nos deixa a sós, fazendo minha mãe se aproxima de mim

— Você sabia que esse dia ia chegar, meu amor. Nós não temos outra saída. — percebo a tristeza em seu olhar enquanto diz

— Eu sei mas.... Acreditei que íamos arranjar uma outra solução.

— Durante esse mês tentamos de tudo para arranjar uma outra solução para não vender a nossa empresa. Mas infelizmente não conseguimos.— ela diz tentando ser forte. — Precisamos pagar todas as dívidas ou ficaremos sem nada.— com lágrimas nos olhos apenas concordo com a cabeça. — E agora você vai se arrumar e ir para a faculdade. Você faltou um mês, a sua vida não pode parar.

— Eu não consigo..— com minha voz mufina a respondo

— Eu sei que ainda está doendo em você como também ainda está doendo em mim. Mas eu tenho certeza que o seu pai gostaria que você continuasse a sua vida e o seu sonho. —  minha mãe está certa, se meu pai estivesse aqui diria para mim continuar, mas é tão difícil continuar sem ele ao meu lado. Mas ficar em casa não vai adiantar nada e sim só piorar a minha tristeza, pois tudo nessa casa me lembra ele, para onde eu olho vejo ele. Vou para o meu quarto, e começo a me arrumar para ir para a faculdade. Desde que tudo aconteceu ainda não falei com o Alex, apesar dele ter me mandado várias mensagens lamentando a morte do meu pai, a tristeza é bem maior que não me deixa responder ninguém. Faço uma maquiagem para disfarçar os meus olhos inchados, e me vejo pronta para enfrentar a faculdade. Saio de casa e vejo seu Nick a minha espera.

— Para a faculdade, por favor. —  ele abre a porta do carro para mim e logo adentro. É tão difícil tentar viver sem a presença do meu pai, parece que tudo o que faço não faz sentindo sem ele ao meu lado. Após alguns minutos, chego em frente a faculdade. Respiro fundo, e saio do carro, com a tristeza em meu rosto refletindo a quilômetros de distância. Vou direto em direção a entrada enquanto vejo vários olhares para cima de mim. Com certeza todos estão me olhando por conta da morte de meu pai, já que ele era bastante conhecido na cidade. Vou em direção a minha sala e antes de chegar, vejo Emy e Alex, conversando em frente a mesma, rindo juntos, como nunca vi na vida. Fico impressionada por não estarem discutindo como eles sempre fazem e vou até ele.

— Meu amor— Alex diz assim que chego até eles, fazendo o sorriso que estava em seus rosto, se desfazer. — Que surpresa ver você aqui. Pensei que não fosse vim tão cedo para faculdade. Como você está?  — pergunta todo atencioso

—Estou tentando continuar a vida. — falo sem ânimo

— Eu entendo. Perdão por não ter comparecido no velório do seu pai, mas acabei tendo muitos compromisso naquele dia. Você sabe como é a minha vida né?

— Não se preocupe, eu entendo. — dou um sorriso fraco após dizer — Fiquei esperando você esses dias em casa, porque não apareceu? — pergunto a Emy

— Ah, eu...estava muito ocupada. Meus pais estavam cheios de compromissos e precisei acompanhá-los — fala e revira seus olhos. Sinto Alex colocar seus braços em meu ombro e nos afastar um pouco de Emy.

— Eu sei que você não está nos seus melhores dias, mas quero saber se ainda está de pé aquele nosso compromisso? Seria ótimo marcamos para você se distrair  — olho para ele incrédula sem acreditar no que ele havia falado.

— Eu não acredito que você me perguntou isso. Eu acabei de perder o meu pai, Alex, eu não tenho vontade para absolutamente nada.

— Eu sei meu amor. Só estou perguntando porque seria ótimo para você se distrair — fico em choque com a sua tamanha falta de empatia pelo que tudo que estou passando, e saio da faculdade sem dizer uma palavra. Não é possível que ele havia falado isso, eu sei que já se passou um mês depois do que aconteceu mas tudo continua muito recente para mim, que não tenho ânimo para nada. Com lágrimas nos olhos, vou em direção ao carro onde seu Nicolas está a minha espera. Peço para que ele me leve para casa e entro de imediato no carro. Ouço meu celular tocar e assim que destravo ele, vejo mensagem de Emy perguntando o que havia acontecido. Opto por não responde-la e travo novamente o meu celular. Após chegar em casa, passo direto em direção ao meu quarto, mas assim que passo pelo quarto de minha mãe, acabo ouvindo choro vindo de lá de dentro. Abro lentamente a porta, e vejo minha mãe sentada em sua cama, com seus braços em seu rosto chorando desesperadamente

— Mae? O que houve? — pergunto e vou até ela, que continua a chorar sem dizer nada — O que aconteceu? — começo a ficar nervosa, enquanto me ajoelho diante dela.

— Acabou, minha filha acabou tudo. — diz entre choro

— Acabou? Acabou o que? —  pergunto querendo entender o que ela está falando. — Eu não estou entendendo — Vejo ela levantar o sua cabeça, me dando a visão das lágrimas escorrendo pelo seu rosto

— Tudo o que nós tínhamos acabou filha. — diz com a sua voz de choro — Todas as dívidas que nós tínhamos levaram todo o nosso dinheiro. Inclusive, a nossa casa.

— O QUE? — caiu sentada ao chão, com o impacto da notícia — Isso..isso não é verdade, não pode ser verdade — falo nervosa enquanto sinto as lágrimas caírem sobre o meu rosto. Olho para a minha mãe com a esperança que tudo isso seja uma grande mentira. Mas os seus olhos voltam a se encherem de lágrimas, fazendo o desespero tomar conta de mim

Vote e Comente 🌹

Minha Obsessão Onde histórias criam vida. Descubra agora