Angelina
Já faz algumas horas que Thalia e eu estamos na entrada principal, e de la para cá, já perdi as contas de quantas pessoas já passou por nós. Apesar de não ser um trabalho cansativo, mas so de estar em pé com um salto de quase trinta centímetros, está deixando as minhas pernas completamente doloridas e com uma baita vontade de me sentar na primeira poltrona que aparecer em minha frente. Mas como tudo é questão de costume, preciso ser forte e não demonstrar desconforto. Coloco um sorriso no rosto e finjo que o sapato não está acabando comigo. Vejo um grupo de quatro homens vim em nossa direção, completamente sérios, e logo Thalia e eu ficamos atentas para recepciona-los.
- Olá, boa noite, sejam muito bem vindos. Senhor Scott, Anita está aguardando você no bar - Thalia diz educadamente para o homem baixinho de olhos bem puxados, como se já o conhece. Ele me olha dos pés à cabeça, como se fosse me devorar, me deixando completamente sem jeito. E logo ele segue com os outros três homens que estavam ao seu redor, provavelmente os seus seguranças.
- Eu vou ao banheiro, tudo bem se você ficar sozinha rapidinho?
- Sim, pode ir, eu dou conta - vou em direção ao banheiro, rapidamente e entro na primeira cabine vazia que vejo. Faço minha necessidade, lavo minhas mãos e resolvo dar uma retocada na maquiagem. Resolvo voltar para a recepção, e ao chegar vejo Flávia fazendo companhia para Thalia.
- Anita quer falar com você. - Flávia me comunica me deixando nervosa
- Será que eu fiz alguma coisa de errado? - pergunto preocupada, fazendo Flávia e Thalia se entre olharem
- Claro que não, ela só quer conversar com você.- concordo com a cabeça e logo sigo Flávia. Fomos em direção a mesma sala em que conheci as meninas e logo avisto anita sentada.
- Obrigada querida. Nos deixe a sós por favor - Anita pede para Flávia, que me olha toda sem jeito, e sai. - Venha querida, sente-de aqui, por favor.
- Eu fiz alguma coisa de errado? - pergunto enquanto sento
- Imagina, muito pelo contrário, você recepcionou os clientes perfeitamente e por isso lhe chamei para conversar. - Sinto um alívio, e solto um sorriso para ela. - Bom minha querida, você tem todo o perfil que eu estava procurando, beleza, carismá e simpática. Que me agradou muito.
- Sério mesmo?
- Sim. Mas não lhe chamei aqui para dizer apenas isso. Lhe chamei para lhe explicar como funciona a empresa.- concordo com a cabeça e presto atenção em suas palavras - A minha empresa vive dos clientes, são eles que tornam tudo possível, incluindo o seu maravilhoso salário. Tem empresa de recepcionistas que não faz questão de agradar os clientes, mas eu faço. Quando algum cliente faz um pedido muito especial, eu faço questão de atender. E aqui temos a ficha rosa, já ouviu falar?
- Não, nunca. O que isso significa?
- Além dos eventos que vocês participam, as recepcionista acompanham os empresários em eventos particulares
- Particulares?
- Sim. E o Sr Scott achou você lindíssima e quer jantar com você.
- Jantar? - franzo minhas sobrancelhas sem entender
- Isso, minha querida. Ele quer levá-la em um restaurante com outros empresários para você fazer companhia para ele e...-ela dá uma pausa antes de continuar.- no final tem algo a mais a dois - sacudo a minha cabeça, assustada, já sabendo aonde ela quer chegar
- Algo a mais? Eu não sou garota de programa. - falo me levantando rapidamente
- Eu sei, minha querida, eu sei disso. - diz super calma -Você trabalha como recepcionista na minha empresa. Mas como eu sei o quanto você está precisando de dinheiro, resolvi chamar você para falar sobre isso.
- Não! Eu não vou fazer isso, não vou. - falo super nervosa.
- Flávia me contou o quanto você quer ajudar a sua mãe, e o quanto você quer continuar a sua faculdade de moda. - Ela se levanta e acaricia os meus - Você acha mesmo que tentando encontrar um outro emprego vai ser suficiente para sustentar tudo isso? Sem falar que você não tem experiência em absolutamente nada. Eu estou abrindo uma porta para você. A ficha rosa vai fazer o seu cachê duplicar.
- Não! Não! Se a minha mãe souber disso, eu não sei o que ela é capaz de fazer.
- Ninguém irá saber, minha querida. Tudo é feito sigilosamente. Todos os clientes que eu arranjo são todos discretos, isso eu posso garantir. - Ela sorri como se fosse algo normal
- Não eu não posso fazer, não posso. Me prostituir para ganhar dinheiro? Não! Essa não foi a vida que eu sonhei para mim.
- Como falei não será para vida toda. Mas se você não quiser não irei força-la, mas você estará perdendo uma grande oportunidade para quitar em tão pouco tempo os seus estudos, que eu sei que não é nada barato - diz e pega a sua bolsa - Vou deixar você um pouco sozinha para pensar e refletir. Já volto - ela sai da sala e me deixa sozinha.
Me prostituir para ganhar dinheiro? Não! Nunca! Isso não é vida para mim, eu não nasci para me vender para qualquer um. Ando de um lado para o outro completamente sem acreditar na proposta que Anita fez. Flávia me indicou falando que seria para trabalhar como recepcionista, e não como uma garota de programa. Porque ela mentiu para mim? Porque ela me meteu nisso? Porque? Vejo Flávia entrar, fazendo lágrimas escorrer pelo meu rosto.
- Por que você fez isso? Eu confiei em você. Acreditei em suas palavras. - digo entre lágrimas
- Me desculpa. - diz e percebo seus olhos avermelhados - Eu fiz isso para te ajudar e me ajudar também
- Me trazendo para virar uma garota de programa?
- Eu posso explicar.
- Explicar o que? Olha onde eu vim parar? Você enganou a mim, a minha mãe e provavelmente avó Antônia ou ela sabe que a neta dela se prostitui?
- É claro que não. Eu faço isso para ajuda-la nas dispesas de casa. Anita me obrigou a trazer uma nova garota depois que dei um grande prejuízo para ela em um evento passado. E como você estava precisando trabalhar eu a trouxe para cá. Me desculpe, por favor, eu não tinha outra opção. - Vejo Anita aparecer novamente, enquanto enxugo as minhas lágrimas
- E aí já se decidiu? - pergunta enquanto apoia a sua bolsa em uma mesa de vidro - Essa é uma grande oportunidade para você ajudar a sua mãe que tanto precisa. A partir do momento em que você disser não, não terá mais volta.- fala seriamente - Por mais linda que você seja, nem uma empresa irá querer uma garota inexperiente, como você. Então, ou você aceita de uma vez para o bem da sua mãe e por você. Ou você vai embora para ser uma filha ingrata que não faz um esforço para ajudar quem mais precisa. - Olho para ela com o olhar desesperado, sem saber o que fazer. Eu não nasci para me prostituir, eu não posso fazer isso, o que minha mãe irá pensar se descobrir? Mas se eu dizer não, o que será de mim e de minha mãe? Como irei conseguir um trabalho, se nem experiência tenho? Se meu pai não tivesse partido, tenho certeza que eu não estaria aqui nesse lugar, completamente desesperada sem saber o que fazer da minha própria vida. Anita revira seus olhos e pega a sua bolsa - Já imaginava que você seria uma perda de tempo. - ela coloca sua bolsa em seu braço e vira para ir em direção a porta.
- Espera - a chamo fazendo ela parar rapidamente - Eu aceito. - falo fazendo Flávia ficar sem reação. - Pela minha mãe, eu aceito. - Anita vira, com um enorme sorriso estampado em seu rosto.
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Minha Obsessão
Roman d'amourAngelina Rodriguez, uma jovem portuguesa de apenas 18 anos que se encontra perdida ao lado de sua mãe após o falecimento de seu pai. Sem condições de manter sua tão sonhada faculdade, Angelina vai a procura por um emprego na intenção de se sustentar...