Don't Be Cruel

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Mas foi só o começo e a situação piorou muito nas próximas semanas... no caso amanhã, depois de amanhã, e depois de amanhã.

Ele passava mal toda vez que comia, suava frio o tempo todo, estava pálido com olheiras profundas, não tinha forças nem para andar direito, os tremores aumentavam a cada dia, sem contar a mudança brusca de humor.

Eu me esforçava de verdade para não chorar na frente dele, era triste e deplorável aquela situação, e saber que não tinha uma maneira mais fácil de passar por isso tornava tudo mais difícil.

Elvis mal saía do quarto e via os gêmeos apenas de vez em quando, ele não queria que os bebês o vissem daquele jeito.

Entrei no quarto fechando a porta atrás de mim e me sentei ao lado de Elvis que estava sentado encostado na cabeceira mudando de canal a cada três segundos.

— Está difícil achar algo para ver? — Perguntei e ele jogou o controle no televisor que quebrou fazendo um barulho alto.

— Não tem nada para assistir nessa porcaria.

— Não mesmo, você destruiu a "porcaria". — Falei o fazendo rir, o que era raro nesses últimos dias, ele estava tão bravo o tempo todo, tão temperamental.

— Tem razão. Sabe o que seria bem melhor do que a TV? — Ele perguntou me puxando para mais perto e eu levantei as sobrancelhas. — Se a gente tentasse fazer mais um bebê.

Eu ri e me afastei dele, Elvis suspirou teatralmente e se reencostou na cabeceira. Eu esqueci de comentar sobre isso, Elvis colocou na cabeça dele que precisava fazer sexo comigo, claro que eu não iria fazer tão facilmente, e não cedi... ainda. Pois é, somos casados a quase um ano e ainda não tivemos nenhuma noite de núpcias. Só quando fizemos as crianças. Só. Só uma vez.

— Boa noite Elvis. — Falei me deitando e me cobrindo, senti as mãos dele na minha cintura e deslizaram lentamente para as minhas partes baixas. — Boa noite Elvis. — Falei firmemente e ele se afastou resmungando.

— Boa noite. — Ele disse bravo e eu sorri.

Nos dias seguintes a situação foi melhorando, ele estava comendo um pouco mais, os enjoos diminuindo aos poucos e eu consegui convencê-lo a dar uma volta no jardim.

— Como eles estão? — Ele perguntou.

Era cedo, estávamos caminhando sob o sol da manhã, estava tudo em silêncio. Todos dormindo. A não ser os passarinhos que cantavam alegremente.

— Estão crescendo muito rápido, depois vamos vê-los o que acha? — Eu propus.

— A-ha, eu não acho... não acho que seja uma boa ideia. — Ele falou.

— Amor, você está muito melhor! Já consegue andar, está se alimentando e não está com uma aparência ruim. — Falei segurando suas mãos e ele soltou um longo suspiro. — Elvis, já fazem dois dias desde que você os viu pela última vez.

— Eu sei e isso parte o meu coração mas eu não quero que eles vejam que o pai deles é um doente. — Ele disse, frustração e angústia era óbvia em sua voz.

— Você não é doente. Está em processo de recuperação, é bem diferente. — Falei voltando a andar.

— Certo. Tem razão, tem toda a razão.

Voltamos para dentro da casa, a primeira coisa que vi foram os gêmeos sendo alimentados por Delta na sala de jantar.

— Olha só, você está muito melhor do que da última vez que o vi Elvis. — Delta falou quando nos aproximamos da mesa e ele depositou um beijo na bochecha da mulher.

Pretty Woman - Elvis PresleyOnde histórias criam vida. Descubra agora