Está Tudo Bem.

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Sai do banheiro fechando a porta atrás de mim, que foi atingida por algo de vidro que se despedaçou em um ruído alto.

Desci as escadas e fui jantar, comemos em silêncio apenas ouvindo alguns gritos e objetos sendo arremessados com a parede.

— Está tudo bem com ele? — Vernon perguntou.

Limpei a boquinha de Jesse com um guardanapo antes de responder.

— Mas é claro que está, só acho que ele não gostou muito das minhas condições sobre os remédios. — Falei.

Continuei alimentando os gêmeos com ajuda de Minnie Mae. Quando Elvis desceu as escadas e se juntou a nós na mesa, seus olhos estavam vermelhos (talvez ele tivesse chorado ou só com raiva mesmo), seu cabelo estava uma bagunça e seu lindo rosto estava com uma carranca.

— Boa noite querido, está com fome? — Eu perguntei com a voz mais delicada e melosa que consegui fazer.

Ele só me encarou com o cenho franzido e eu tentei não rir.

— Está bem, já entendi. Você não está afim de conversar. — Eu falei mais para mim mesma do que para ele — Já se livrou de tudo?

Ele suspirou e concordou com um meneio de cabeça.

— Ótimo. Isso é bom.

Vernon olhava de mim para Elvis e de Elvis para mim.

— Em tantos anos eu nunca o vi tão quieto, o que você fez com ele? — Vernon perguntou e eu dei de ombros.

Quando todos terminaram de jantar foram saindo da mesa, pedi a Minnie Mae e a Davada que levassem os gêmeos e assim só ficou eu e o meu emburrado marido.

Me levantei e fui até ele que nem se quer olhava no meu rosto.

— Sério? Vai ficar bravinho? Deixa de birra garoto, deveria estar me agradecendo, eu estou salvando a sua vida. — Eu falei acariciando o seu ombro.

Ele ainda insistia em não me olhar. Abri um espaço na mesa e me sentei na frente dele.

— Qual é? Não é tão ruim, teve sorte de eu não ter te internado. — Falei e ele me olhou fúria nos olhos.

Pa primeira vez em toda a minha vida eu tive um pouco de medo de um homem. Respirei fundo ignorando essa emoção e me sentei no colo dele. Passei meus braços em volta de seu pescoço.

— Você ameaçou tirar os meus filhos de mim Grace e acha que isso não é tão ruim? — Ele praticamente cuspiu as palavras e eu suspirei.

— Eu sei disso Elvis, e me desculpe se eu estou tentando salvar o pai dos meus filhos! — Falei um pouco grosseira demais...

Ele desviou o olhar e seus olhos ficaram vermelhos algo me diz que alguém estava com vontade de chorar.

Puxei seu corpo para mais perto do meu em um abraço. Ele repousou a cabeça no meu peito e seus braços agarraram a minha cintura.

Não demorou muito para ouvir alguns soluços e sentir algumas lágrimas escorrendo na minha pele.

Acariciei o macio cabelo do meu garoto e depositei um beijo no topo de sua cabeça.

Eu nunca fui uma pessoa muito sensível mas vê-lo chorar nesse estado era deplorável e tive que me controlar para não acabar chorando também.

— Me desculpe... — Ele sussurrou ao se acalmar.

— Está tudo bem meu amor. — Falei o olhando e limpando suas lágrimas — É para isso que eu estou aqui, é minha função cuidar de você.

— E eu agradeço por isso. Grace eu... eu fiquei com medo. Medo de perder as crianças e medo de te perder.

— Querido você não vai se livrar de mim tão cedo. — Falei beijando sua testa — Só... não se perca está bem?

Ele assentiu e eu lhe beijei.

— Agora vamos dormir, já está tarde e a casa inteira já está apagada. — Ele falou e eu me levantei.

Subimos as escadas e entramos no quarto na ponta dos pés para não acordar os bebês. Me deitei após trocar de roupa, era a primeira vez que dormiriamos juntos como marido e mulher, eu estava de certa forma ansiosa.

Elvis saiu do banheiro vestindo um pijama e um roupão de seda escuro. Ele sorriu sem mostrar os dentes, subiu na cama de joelhos e gatinhou até mim.

— Está tentando me seduzir senhor Elvis Aaron Gatinho Presley? — Eu sussurrei e ele sorriu.

— Eu não preciso seduzi-la querida. — Ele falou passando a mão no cabelo e eu ri baixinho.

— Tem toda razão, não precisa. — Eu confessei.

Ele beijou o meu rosto e o meu pescoço antes de se deitar ao meu lado e me desejar uma boa noite.

Me virei para o lado e tentei dormir, mas era difícil com Elvis sem sossego. Ele virava para um lado, virava para o outro e eu logo soube o motivo, a falta dos remédios. Ele tomava remédio para dormir e sem eles estava tendo bastante dificuldade. É incrível como as drogas podem alterar o nosso organismo a esse ponto. Ele estava começando a sentir falta dos medicamentos e só iria piorar.

Quando ele se mecheu de novo eu me virei de frente para ele e perguntei:

— Não consegue dormir?

— Me desculpe eu te acordei? — Ele perguntou preocupado.

— Não querido. Não está conseguindo dormir?

— Não... acho que é abstinência e eu sei que só vai piorar daqui para frente. — Ele confessou.

Senti pena do meu jovem e infelizmente viciado marido. Me aproximei mais dele e o envolvi com meus braços, fiquei acariciando o seu pescoço em movimentos repetitivos, eu sentia a sua respiração no meu pescoço e seus cabelos faziam cócegas no meu nariz.

Não demorou muito para a respiração dele ficar pesada e eu relaxei ao ouvi-lo roncar baixinho. Eu consegui fazê-lo dormir. Uma conquista! Pequena, mas ainda assim, uma conquista!

Pretty Woman - Elvis PresleyOnde histórias criam vida. Descubra agora