Os Comprimidos

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Antes de entrar no quarto olhei para Elvis e recebi uma piscadela do mesmo, caramba, isso sim fez minhas bochechas ficaram ruborizadas. Eu era imune a tudo... mas isso foi antes de conhecê-lo. Ele era o motivo do meu colapso.

Já era fim de tarde quando estavam terminando de mudar os berços e adaptar o quarto de Elvis. Essa foi a segunda vez que eu entrei no quarto, a diferença é que agora eu estava vestida....

Enfim, observei eles arrumarem o quarto e aproveitei para dar uma espiada no closet, havia muitas roupas mas o que mais me chamou a atenção foi um terno dourado (nem um pouco chamativo).

Olhei as roupas de Elvis e sorri, ele era mesmo diferente em tudo. Sai do closet e entrei no lindo banheiro, meus olhos foram automaticamente atraídos para uma infinidade de frascos de remédios e seringas sobre a bancada.

Li os nomes dos remédios, Quualudes (sedativo), Percodan (forte analgésico), Demerol (analgésico) , Codeine (opioide usado no tratamento da dor) e Dialaudid (opioide usado no tratamento da dor).

Meu coração errou algumas batidas, reconheço todos esses nomes, meu pai costumava usar compulsivamente. Agora além do meu pai ser um viciado em drogas lícitas o meu marido também é, pelo visto.

Ouvi alguns passos e me virei devagar vendo Elvis atrás de mim com um sorriso, que se desmanchou estantaneamente ao ver o meu rosto em fúria, tristeza e uma nostalgia amarga.

— O que foi Grace? Você está bem? — Ele perguntou.

— Eu ia perguntar a mesma coisa. Você está bem?

— Claro que eu estou, por que a pergunta? — Ele franziu o cenho.

Apontei para os remédios e o garoto suspirou instantaneamente.

— Desde quando? — Eu perguntei sem olhar para ele.

— Olha Grace eu...

— Desde quando você está tomando? — Eu reforcei a pergunta.

— Faz três anos.

— Por que? — Eu perguntei baixo fechando a porta do banheiro para termos mais privacidade.

— Você não entenderia.

— Então me explica, não vamos sair daqui enquanto você não falar, então é melhor começar logo. — Eu falei firmemente e o garoto desviou o olhar.

— Eu estava sobrecarregado com o exército, eu havia acabado de perder a minha mãe e o meu sargento disse que os remédios ajudariam. — Ele falou, parecia envergonhado.

— Podem até ter "ajudado" no começo Elvis mas você não está mais no exército. Você não precisa dessas porcarias! — Falei indignada.

— Eu preciso sim! — Ele gritou e eu franzi o cenho.

— É pior do que eu imaginava. — Sussurrei. — Você não vê? Está viciado.

— Não eu não estou. Se eu quiser, eu paro a qualquer momento. — Ele falou.

— Que ótimo isso é muito bom. Significa que você ainda tem controle sobre o seu próprio corpo. Então pare de tomar essas coisas. — Falei dando de dedo na cara dele.

— Eu não parar, você não manda em mim!

Eu ri com sarcasmo. Respirei fundo e peguei um dos muitos frascos de remédios na mão.

— Você tem uma hora para se livrar dessas drogas Elvis. — Eu falei indo em direção a porta do banheiro.

— Ou o que?

Respirei fundo, abri o frasco de remédio em minhas mãos e despejei o conteúdo na lata de lixo.

— Ou eu mesmo me livro. — Falei abrindo a porta mas antes de sair olhei para o garoto — Ah, Elvis? Mais uma coisa, se eu achar alguma droga aqui eu pego as crianças e eu juro que você jamais nos verá outra vez.

Sai do banheiro fechando a porta atrás de mim, que foi atingida por algo de vidro que se despedaçou em um ruído alto.

Pretty Woman - Elvis PresleyOnde histórias criam vida. Descubra agora