25- Last day in Hamburgo

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⚠️ acidentes de carro; morte; luto

Acabo cochilando na espreguiçadeira. Quando acordo, era quase 3 da manhã. Desço até o quarto e encontro Damiano dormindo. Dividir a mesma cama que ele parece tão errado agora. Eu sinto como se tivéssemos voltado umas 5 casas em um possível jogo. Me deito na cama e me permito abraça-lo, tendo a certeza que está dormindo profundamente pra negar meu toque. Nunca estivemos tão próximos mas tão distantes agora...
Acordo com a luz entrando pela janela. Hoje voltamos pra casa e eles, pra Itália. A cama estava vazia e procuro por ele pelo quarto. Ele estava na janela, fumando. Me sento na cama e minha garganta queima, as palavras querendo sair e não consigo dize-las.
Ele se vira e me vê. Sua expressão não muda. Continua incompreensível. Ele abaixa a cabeça, tragando mais uma vez. Respiro fundo, reunindo todas as minhas forças.
  — Oi – ele entra e começa a ajeitar as coisas. Nada. Não ouço sua voz.
— Vai me evitar?
— Talvez, Penny. Até você estar disposta a me contar sobre tudo.
Engulo em seco.
— O que quer saber?
— Não sei, talvez sobre isso, no seu dedo — ele aponta e tira algo do bolso — ou isso.
A polaroid. Devo ter colocado de mau jeito na carteira.
— Você se arriscou por conta dele... Está noiva de outra pessoa, Penny?
As palavras não saem. Meu coração dispara e não consigo produzir nenhum som. Abro a boca e fecho. Nada.
— Che bella merda — ele diz, saindo do quarto. No mesmo instante, pego o anel que usei por anos e atiro longe no quarto.

Íamos sair depois do almoço, isso nos concedia um tempo para curtirmos o hotel. Não sei se sou eu e meu péssimo humor hoje, mas o clima parece pesado entre todos nós do grupo. Dody não desceu para o café. Nem Vic. Éramos só os irmãos, Damiano, eu e Ethan, que assim que me viu, deu beijo em minha cabeça.
– Tudo bem? – ele havia perguntado, com todo cuidado. Damiano observou a interação.
Não encosto na comida. Brinco com a porção de frutas no prato. Bill cutuca indiscretamente Tom, e sinto os olhares dos irmãos sobre mim. Bill coloca sua mão sobre a minha, me fazendo olha-lo. Desvio o olhar e ele observa finalmente minha mão. Tom e ele sabiam que eu não tiraria a porra daquela aliança por nada. As sobrancelhas dos irmãos franziram, me olhando, me fazendo dar um meio sorriso. Damiano estava conversando com Ethan, mas estava atento a todo momento de toque físico entre mim e Bill.
Afasto a cadeira e subo para o quarto. Coloco um biquini e uma roupa por cima. Não muito tempo depois, ele aparece, sua presença invadindo todo o ambiente.
— Já vou sair, fique tranquilo — digo.
— Não. Tom disse que deveria te ouvir. Mas como ouvir alguém que não quer falar? É difícil ver Bill com você e eu chegar só até certo limite.
Engulo em seco, sentindo as lágrimas queimarem. Damiano também estava aflito. Eu observava quando ele percebia nossas interações, mas nunca achei que fosse um problema.
— Por que todo mundo parece saber quem você é, mas eu não sei nada sobre você? Eu sinto que... nem te conheço.
— Não é verdade... eu...
Um sorriso irônico como um "eu disse" aparece em seu rosto e ele se vira pra sair.
— Damiano, não vai.
Ele para, com a mão na maçaneta.
— Só... me dê uma chance. Eu vou explicar tudo.
Me sento na cama com a única foto e a aliança. Ele respira fundo, como se não tivesse pronto pra ouvir.
— Eu estava noiva, sim. O nome dele era Leo — respiro fundo, me preparando para contar a história pela primeira vez em anos — nos conhecemos quando eu tinha dezesseis. Era meu melhor amigo. Ele era lindo... e eu me apaixonei por ele alguns meses depois de fortalecer nossa amizade. Com dezessete, descobri que ele me amava. E então, namoramos dois anos inteiros... éramos tudo o que eu sempre quis... ele tinha uma banda na cidade, então eu sempre cantava com ele. Éramos perfeitos, diria que a sintonia perfeita e harmoniosa não só nas vozes.
Observo Damiano, que ouve tudo com uma expressão indecifrável, mas que não me força. Ele me ouve.
– Com vinte, ele me pediu em casamento – ri, lembrando perfeitamente do dia — estávamos em uma cabana. Eu, ele, Sabrina, Dody, Bella, Logan e Tyler, amigos dele. Bebíamos muito, e eu não sabia me controlar – sorrio, sem jeito.
Meus dedos e os de Damiano se encostam, me incentivando a continuar.
— Ele quis voltar pra casa. Nós dois morávamos juntos, já que eu não tinha ninguém. Meus pais tinham morrido um ano antes. Mas ele tinha bebido tanto. Todos nós — as lágrimas surgiram, e minha voz pesou, forçando meu coração a falar como mil vidros em volta dele — não foi culpa dele...
— Penny...
— Um carro colidiu com o nosso, nos fazendo desviar e bater em uma árvore. Ele tentou não me ferir tanto. Mas em consequência, o vidro estourou em cima dele. Eram... eram tantos pequenos pontos vermelhos em seu rosto. Seus olhos olhavam pro nada quando acordei. Eu... eu não consegui sair... por conta das ferragens. Tive que ficar com ele morto até a ambulância chegar. Pareceu demorar tanto...
Eu não conseguia falar mais. As lágrimas caíam e eu soluçava compulsivamente. Damiano me puxou pra si e eu chorei ainda mais.
— Ele nem estava mais lá... eu não consegui sair... eu não consigo esquecer seu rosto... ele me salvou. Eu não mereço estar aqui...
— Shh... Penny, eu tô aqui. Tá tudo bem.
Eu não sei quanto tempo se passou e nem quando eu peguei no sono.

   Acordei entre as pernas de Damiano e sua mão acariciando minha cabeça suavemente.
— Oi – ele diz, em um sorriso triste.
— Desculpa, eu dormi por muito tempo?
— Não, não tem nem uma hora — ele diz e começo a me afastar.
— Poppy — ele me chama pelo apelido e eu paro — você me ama?
— Sim — respondo rapidamente, sem tempo pra processar tudo.
— Eu te amo. E eu tô aqui. Não me afasta. Por favor. Eu sinto muito por tudo que passou — ele diz, pegando na minha mão. Eu me afasto.
Sorrio levemente, mas saio do quarto.



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Honey, are u coming? - 1º TEMPOnde histórias criam vida. Descubra agora