Capítulo 05 - Sussurrando malícias

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A ida a SpiderWeb rendeu frutos. Um acesso não autorizado aos servidores da empresa deu a ela informações do projeto completo. Apesar de ela conceber o conceito do projeto, a empresa o desenvolve por cona própria e é bem comum o produto vir diferente em relação ao que ela pensou. Ela estranhava os funcionamentos anômalos do Androide Ricardo na programação que ela escreveu inicialmente. Revisando a programação, viu novidades, algumas das quais não concordava e entendeu que para compreender melhor o problema, uma pequena espionagem era necessária. Foram terabytes de dados pegos "emprestado", em uma cópia que levou horas.

Só chegou em casa à noite e Caio já não estava mais ali, restado apenas Eva. Ao ser perguntada como foi o dia, a androide respondeu que o namorado passou o dia todo na piscina. Ficou em dúvida se ele teria ficado chateado por ela sair para trabalhar mais uma vez e ligou para ele. Dessa vez o namorado estava bem mais compreensivo, dizendo ter aproveitado a piscina dela. Queixou-se apenas da companhia de Eva, muito calada. Aurora riu, aliviada em saber não ter criado nenhum problema entre os dois. Ficaram conversando mais algumas horas até ela dormir.

Acordou no dia seguinte, nua como normalmente faz. Deitada de lado, esfregava as coxas entre si antes mesmo de abrir os olhos. Sentia sua excitação aumentar gradualmente enquanto o tecido fino arrastava elo seu corpo. O calor atrás de seu corpo lhe provia um prazer a mais. Suas costas, bumbum e coxas aquecidas por trás lhe fazia se mover quase inconscientemente, se esfregando na fonte de calor. O copo de Caio lhe excitava e lhe dava uma sensação de proteção, deixando-a à vontade para se deliciar com o próprio tato enquanto seu corpo umedecer cada vez mais. Demorou para sentir falta da ereção, sempre pressionada contra seu quadril e ao levar a mão para trás, tocou uma pele muito macia para seu namorado. Foi quando ela abriu os olhos e se deu conta dos volumes macios pressionados contra suas costas.

Num movimento rápido, ela se separou de quem estava atrás de si. Era Eva. Nua.

— Bom dia, Aurora. — disse a autômata, com um sorriso gentil no rosto, quase capaz de desfazer a aflição de sua criadora.

— Eva, o que você está fazendo?

— Ouvi sua voz durante a madrugada, pedindo para não dormir sozinha.

De fato, Caio já lhe falou algumas vezes sobre seus hábitos de falar dormindo, mas algo mais a incomodava.

— Entendo, mas porque dormir sem roupa?

— Pela pesquisa feita nos últimos dias, aprendi muitas técnicas de linguagem corporal para a melhora do bem-estar humano.

Aurora torceu os músculos da face o tanto quanto podia depois de uma explicação aparentemente tão sem sentido. A androide apenas a olhava, com uma expressão simpática enquanto sua criadora processava aquela explicação. A "pesquisa" referida por Eva era todo o material pornográfico embutido na memória de Ricardo.

— Que linguagem corporal você aprendeu com aqueles vídeos pornográficos?

— Apenas dos vídeos não. Desse material pude analisar diversas formas humanas de exploração do prazer. Junto a isso, pesquisei artigos científicos sobre malefícios da pornografia, das explorações e condições de trabalho dos profissionais da área e sobre como esse tipo de produção sobrecarrega o ser humano de estímulos. A partir disso, pude separar os vídeos e até trechos deles por estilos, formas de atos sexuais e até mesmo jogos de sedução. Depois fiz uma série de pesquisas adicionais, envolvendo massagens e terapias holísticas que envolvam contato humano e as cruzei com a linguagem erótica dos vídeos e pude traçar formas de produzir bem-estar com contato corporal. Você estava em um sono agitado, mas seus sinais se normalizaram quando dormi de conchinha com você.

A expressão de Aurora se desfez, limitando-se a olhos arregalados.

— Parabéns, mas, você não deve ficar dormindo de conchinha com as pessoas sem autorização delas.

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