Capítulo 04 - Enquanto ela não vê

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Seguir a dica de Eva deu certo e o casal fez as pazes com uma noite de sexo intenso. Após Aurora cavalgar seu namorado no sofá, Caio a carregou pela casa, mantendo-a pendurada em seu pescoço. Criativo, ele quis carregá-la pela casa, variando de espaços como variava de posições. A morena foi comida em vários cômodos até finalizarem no quarto. Foi uma noite intensa. Acordou com o marido agarrado atrás dela, do seu gosto. A excitação dele, pressionada contra seu quadril, a mantinha na cama, mas não por muito tempo. Tinha algo a fazer fora.

Levantou-se cuidadosamente e se arrumou. Uma saia justa comprida até os joelhos e uma camisa social criavam um visual sensual e elegante com seu coque e o salto alto. Era estranho se arrumar daquela forma com tanto tempo trabalhando em casa, mas também era animador se olhar no espelho e se admirar por poucos segundos. Estava perfeito para o que pretendia fazer naquele dia.

Desceu as escadas e se assustou com Eva, ainda nua no meio da sala. A androide continuava seus cálculos, catalogando a grande lista de vídeos da memória de Ricardo e por isso continuava com o funcionamento prejudicado. O volume de dados processados era tão grande a ponto de ser incapaz de processar os códigos de autonomia mínima. Precisou de uma ordem de Aurora para a autômata se vestir. Antes de sair, deixou um recado para Caio, pedindo a ele para ficar à vontade, pois ela voltaria logo.

Assim, Caio acordou sozinho. Antes mesmo de abrir os olhos, sentiu a ereção matinal e tateou a cama em busca de Aurora. Abriu os olhos ao tatear apenas os lençóis e levantou-se rápido. Sua namorada não estava no quarto e nem no banheiro. Vestiu um short e desceu as escadas e encontrou Eva sentada no sofá. Com um olhar vazio voltado para a parede, ela vestia uma dos vestidos de sua criadora.

— Eva, onde está Aurora?

— Bom dia, Caio. Aurora precisou sair. Ela foi à sede da empresa, no centro. Ela pediu para avisar para ficar à vontade aqui e aguardar a volta dela.

Caio torceu os lábios, contrariado.

— Quando ela vai lá, fica o dia inteiro... o que faço por aqui?

— Pode aproveitar a piscina.

Caio observava Eva, a androide conversava com ele o olhando nos olhos, sem se distrair com o volume ainda destacado no short, como uma mulher normalmente faria. Lembrou-se de algo dito por Aurora na noite anterior.

— Você está "avoada" ainda?

— Se está perguntando pela minha pouca expressividade, sim, estou. Aurora me pediu para processar uma quantidade abundante de dados, que está levanto muito tempo. Para fazer isso mais rápido, eu reduzo uma série de funções minhas, então alguns programas que regem meu comportamento estão suspensos, o que faz de mim uma androide "normal".

— Que pena, poderia desfrutar da sua companhia, pelo menos.

— Não seja por isso, mesmo limitada, ainda posso conversar, apenas não consigo simular um comportamento muito próximo do humano. Você precisaria ter paciência comigo.

Apesar do comportamento robótico, Eva demonstrava alguma disposição em fazer companhia a Caio. Provavelmente, foi um pedido de Aurora, pois sabia o quanto ele ficaria chateado em ser deixado sozinho. Fazia pouco dias desde que saiu daquela casa irritado ao saber que seria trocado pelo trabalho e só voltou devido ao convite provocante de sua namorada. Apesar da noite incrível dos dois, Aurora o deixava sozinho mais uma vez. Com suas viagens frequentes, gostava de aproveitar o tempo com ela ao máximo e se frustrava bastante quando não conseguia. Se Aurora não estava por lá, ele não ficaria lá à toa.

— Me diz uma coisa, Eva, você grava tudo o que acontece aqui em casa?

— Sim, faz parte do protocolo de segurança.

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