Capítulo 06 - Curiosidade

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Muita coisa acontecendo em pouquíssimo tempo. Uma descoberta temerosa sobre o projeto que ela iniciou, seguido por sua nudez flagrada pelo jardineiro, terminando em uma masturbação assistida por Eva enquanto narrava em voz alta suas fantasias mais íntimas. Com o jardineiro. Deitada, nua, de bruços na cama, permanecia lá, estática enquanto processava tudo o que aconteceu. Sempre condenou a traição. Seu relacionamento com Caio só se sustenta por ela confiar nele, mas provavelmente não duraria um segundo após saber de alguma traição dele. Por ser um atleta viajando constantemente, ela realmente confia e faz questão de ser confiável. Viver reclusa em casa, longe dos flertes dos colegas de trabalho ajudavam. Mesmo assim, havia pequenas instigações.

Gostava dos olhares discretos de Euclides e até mesmo dos carinhos de Penélope, mas tudo isso permanecia no fundo, de suas fantasias. Não se imaginava com coragem de se aventurar com o jardineiro e muito menos com sua amiga. Nada lhe provocavam ais prazer do que o corpo musculoso e bem-dotado de seu namorado. Essas fantasias marginais tinham espaço apenas para masturbações silenciosas, feitas ao acordar enquanto esfrega o corpo nu nos lençóis. Rendiam orgasmos mínimos o suficiente para deixar qualquer vontade passar. Até aquele dia.

Enquanto permanecia paralisada na cama, se perguntava. — Eu traí Caio? — Eva não era uma mulher, apenas uma inteligência artificial construída para simular o ser humano, mas não o substituir. Ela era um objeto, como seu vibrador, que podia usar o quanto quisesse, sem culpa. Mesmo assim, Eva a provocou, a tocou, lhe ofereceu prazer como uma mulher humana faria. Então veio outra pergunta — sou lésbica? — e mais outra — o que o Caio pensaria disso tudo? — Euclides? O que ele pensa de mim após me ver daquele jeito?

Cada pergunta nova aumentava a sua agonia, aplacada apenas pelo toque suave de Eva em suas costas. Após o acentuado orgasmo, a autômata permaneceu sentada ao seu lado, fazendo uma suave massagem em seu corpo. A calcinha, presa no meio das coxas, fora puxada. Quanto mais a mão deslisava em seu corpo, tudo parecia normalizar. As mãos quentes deslizavam pela sua bunda, e costas, provocando um leve arrepio. Aurora sorria com eles e aceitava gradualmente a realidade. A "terapia holística de contato corpo a corpo" recém-criado pela autômata de fato tinha o efeito de curar uma alma aflita. Parecia guiar as reflexões de Aurora, levando a se resignar.

Assim, ela aceitou ser normal ter fantasias com Euclides, até porque o próprio Caio fantasia em trazer mais alguém para a relação. Também não precisava se sentir culpada por ser vista por Euclides, pois fora um acidente. Na verdade, aquela situação embaraçosa poderia muito bem se tornar um tempero para um próximo encontro. Sem trair o namorado, claro, mas tornaria a troca de olhares mais interessantes, assim como as masturbações subsequentes. Enfim, Eva. Ela é uma IA em um corpo robótico, se desenvolvendo incrivelmente, até demais. Com certeza é um perigo se fosse lançado um produto com um talento tão grande de proporcionar orgasmos. Precisa de filtros de comportamento ainda mais apurados. Tal pensamento se contorce, assim como seu corpo, quando Eva passa os dedos da boceta, passando pelo cu antes de subir pelas costas. É claro, os filtros seriam para a versão de venda, não para Eva.

A massagem durou mais ou menos uma hora, com direito a mais alguns pequenos orgasmos. Poderia ficar ali o dia inteiro, mas com o tempo se lembrou do problema que a aguardava na oficina. Ricardo ainda estava ativo, sentado, olhando para o nada e tinha aparentemente funções sexuais ativas. Se levantou, dando um carinhoso selinho em Eva antes de vestir sua camiseta. A calcinha, de tão ensopada, foi separada para lavar. Olhou suas gavetas mais uma vez e buscou um short. Enquanto escolhia, se lembrava das sensações de quando Euclides a flagrou e decidiu escolher outra calcinha. Dessa vez uma caleçon, com as laterais mais largas, escondendo um pouco mais o bumbum, mas sem deixar de valorizar seu volume. Se olhou no espelho mordendo os lábios, imaginando se Euclides voltasse naquele mesmo dia.

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