Aurora lambeu a porra sintética em volta dos lábios e reconheceu o sabor de morango. Enquanto passava o dedo pelo rosto para chupar mais daquela porra doce, se impressionava com o quanto aquele material simulava tão perfeitamente o sêmen em sua cor e textura. Eva ainda passeava com as mãos em seu corpo enquanto o falo de Ricardo murchava. Por um segundo se perguntou sobre o quão errado seria fazer aquilo sem Caio, mas as mãos de Eva em seus mamilos desviavam sua sensação de culpa. Foram longos minutos até voltar seu foco para o problema recém-descoberto: a SpiderWeb produzia androides aptos para sexo.
As funções secretas de Ricardo eram extraoficiais. Nada sobre aquilo era público e os androides já são vendidos e não há relatos de comportamentos estranhos. O caso de Ricardo havia sido abafado. Haveria outros? Será que todos os androides eram como ele? Suas dúvidas lhe perturbavam e precisava de respostas de alguém na empresa. Só havia uma pessoa confiável para ela.
Penélope chegara no início da noite. Vestia um blazer e uma saia justa, longa na cor cinza com uma blusa preta por baixo. Estava nervosa, pois havia transado com Caio, dias antes e só depois do acontecido passou a se preocupar. Tinha dúvidas se Caio falou a verdade quando mandou Eva interromper os registros de sua câmera. Sua amiga parecia nervosa em seu chamado e Penélope não conseguia ficar otimista com aquilo tudo. Dirigiu do trabalho até lá pensando nas respostas que poderia dar.
Ao contrário das vezes em que entrava direto, dessa vez bateu na porta. Foi recebida por Eva, vestindo um short e uma camiseta. Logo depois, chegou Aurora, com um vestido rodado, com estampas coloridas, mas com uma expressão séria no rosto. Foi estranho o cumprimento entre elas. Não havia os sorrisos e as brincadeiras, apenas uma Aurora lacônica e uma Penélope quase muda, sem coragem para puxar conversa.
Ao ser perguntada se acontecera algo, Aurora apenas a chamou para seu quarto. Franzindo o cenho, Penélope a seguiu e Eva subiu atrás das duas. O comportamento de sua amiga era estranho, levando-a para o quarto para ter uma conversa que poderia ser na sala.
Aurora e Eva sentaram-se na cama e Penélope as acompanhou, lentamente. Estava certa de ser perguntada sobre a traição, mas a pergunta vinda de sua amiga, dita tão baixa quanto um sussurro, foi completamente inesperada.
— Lembra quando me perguntou se o Ricardo ficava de pau duro?
Penélope gargalhou, a ponto de deixar Aurora constrangida. Sua amiga não imaginava aquela ser uma risada de alívio e não de deboche.
— Lembro, perguntei de brincadeira, mas você explicou que o pau dele era só de enfeite.
— Então... — Aurora respira fundo — não é.
O riso some do rosto de Penélope. Normalmente ela brincaria mais uma vez, mas Aurora transparecia bastante preocupação em sua fala. Já estava aliviada por ter seu segredo guardado, limitou-se apenas a ouvir. E ouviu muito, desde sua análise da revisão de seu projeto de hardware, onde uma glândula foi colocada, assim como as revisões de programação e como elas implicaram no comportamento de Ricardo com os seus donos. Recuperou o riso ao ouvir a história da esposa seduzindo o androide.
— Que safada. Não é só homem que não presta, viu?
Aurora torceu os lábios em reprovação.
— Falo sério, Penélope. A SpiderWeb está fabricando androides para fazer sexo. Preciso saber se todos são assim, se há mais casos abafados como o do Ricardo e só posso confiar em você. Sabe de alguma coisa?
Sem responder diretamente, Penélope olhou para o quarto e se deu conta da ausência de Ricardo.
— Você está sussurrando aqui com medo do Ricardo de ouvir e transmitir algo para a SpiderWeb?
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Influência artificial
Historia CortaAurora precisa investigar um bug que faz um androide ter comportamento lascivo. Com ajuda de Eva, uma inteligência artificial, ela descobre o quanto a tecnologia reflete os desejos profundos de seus usuários