delírio dourado.

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oi :) antes de começar eu queria deixar alguns pequenos avisos importantes.

ㅡ memória azul é uma história com bastante drama e angst que aborda problemas psicológicos (principalmente depressão) e suicídio, então caso seja sensível, recomendo que não leia.

ㅡ não pretendo deixar a fanfic muito longa, mas também não tenho uma estimativa de capítulos :/

ㅡ é um romance dramático narrado pelo jeongguk, mas histórias de amor nem sempre têm um final feliz.

ㅡ a história se passa em Nova York, em meados dos anos 90.

acredito que esses sejam os recados por enquanto, então boa leitura e até mais <3

Taehyung tinha os olhos mais bonitos e mais tristes que eu já havia visto.

Naquele palco empoeirado, com um cigarro brincando entre os lábios e uma feição mergulhada em milhares de significados, eu o vi pela primeira vez, tão confiante, sorrindo como se o mundo inteiro fosse seu. Tinha aquela atmosfera ardente que sempre foi capaz de me trazer para perto, e com o tempo eu fui parando de resistir a efervescência que Taehyung me dava.

Ele era uma incógnita, a minha incerteza. Era a adrenalina de uma noite cheia de cores e música, mas também o sossego de um amanhecer, onde os raios de sol começavam a despontar no horizonte e revelar a beleza de seu corpo nu sobre minha cama. Taehyung podia ser tudo, e desvendá-lo sempre foi um desejo para mim, que queria tê-lo por total. Queria verdade, queria enxergar através de seus olhos castanhos e saber se existia alguma parte dele que era minha.

As luzes amareladas iluminavam o ambiente e captavam perfeitamente o glitter salpicado na pele de Taehyung e seus lábios cor de cereja melecados de gloss. As células do meu corpo vibraram no mesmo instante em que o olhei, sentado na ponta do palco fumando um de seus cigarros artesanais, sorrindo com astúcia e segurando um papel qualquer. O sangue parou de correr nas minhas veias e a memória desta tarde ainda é tão lúcida que eu quase posso tocá-la.

Fiquei perdido nas cores emboladas no rosto de Taehyung e em seu cabelo azul desbotado. Os feixes de luz contornavam sua pele dourada, reluzindo como o sol num fim de tarde. Um sorriso suave envolvia os lábios brilhantes; tão brilhantes que eu quis tocar para sentí-lo na ponta dos dedos, e assim ter certeza de que ele não era fruto dos meus devaneios. Tinha variados colares de pedras circulando seu pescoço. Eu nunca havia visto alguém como ele. Mesmo com o ambiente mal-iluminado, seus olhos castanhos lançavam faíscas ardentes que me deixaram deslumbrado. Olhos guardando todas as estrelas que eu não costumava ver pela janela de meu apartamento, olhos que sorriam assim como o resto de seu rosto. Tão bonito quanto os meus discos favoritos, quanto o reflexo da lua refletida nas ondas do mar numa madrugada qualquer. Colorido e incandescente. Parecia um delírio.

Taehyung sempre soube o efeito que tinha sobre mim. Ali eu poderia até não ter noção disso, mas mais tarde pude entender que ele gostava das minhas reações. Gostava de me ver entrar em ebulição, fervendo de dentro para fora e de fora para dentro.

O teatro era meio escondido entre ruas silenciosas e pouco frequentadas, e eu certamente nunca teria ido ali se não fosse por Hoseok, que estava sempre em busca de algo para ocupar sua mente, e quando encontrou um panfleto acerca dos testes para aquela peça, agitou-se com a possibilidade de atuar. Minha intenção era apenas ficar quieto num canto, talvez fumando enquanto observava meu amigo fazer o teste, mas então Taehyung estava ali, e ele tinha algum tipo de magnetismo que sempre me transportava até ele, me abrigando em seu calor e em sua alma artística e singular. Eu queria tocá-lo, queria olhá-lo com profundidade, queria entender cada fragmento dele, mas Taehyung era feito de alguma coisa impenetrável que não me permitia enxergar além da sua camada de confiança e intensidade.

Memória Azul; taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora