Cap 3

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POV MIA

Mia: olha as carinhas dessas crianças, vick. Você precisa ver pessoalmente. Vão te deixar com coração cheio de amor! – eu sorria mostrando o celular, pra minha amiga, que não demonstrava a mesma empolgação.

Vick: Mia e o Miguel, como estão as coisas? Você disse que ele tava com a Julieta, mas eu a vi com aquele ex dela do quinto ano.

Mia: só falo com  ele,  porque sou obrigada já que meu pai o colocou como meu carrapato. Pior quando tenho que encontrá-lo na MINHA própria casa. – enfatizei com indignação. – E eu acredito na Lupita, ela não tinha motivo pra inventar, pois o Miguel também é amigo dela.  Aquele caipira safado estava sim, comigo e com a Julieta.

Vick: Eu acho que ele gostava de você de verdade. Mas é homem, sabe como é? Não pensam com a cabeça. E agora a Julieta tá em outra, o caminho está livre pra você.

Mia: vick... Vickinha querida, eu não vou ficar com sobras de outras. – levantei  girando meu cabelo e saindo em direção ao banheiro... Não queria mais falar do Miguel.
Esse era um assunto que me machucava muito. Eu trai a confiança da minha melhor amiga, a Celina, escondendo que estava saindo com o Miguel, pra no final ele me passar pra trás. Por toda minha vida eu esperei me apaixonar como nos contos de fadas ou novelas mexicanas e quando eu finalmente achei que encontrei o meu grande amor, minha terra foi arrasada. Ele sempre me tratou com ignorância e eu relevava. Mas traição foi uma dor que eu nunca tinha sentido antes.
Eu nunca mais vou me apaixonar por ninguém! – pensei alto prometendo a mim mesma.

...

Sábado
.

Mia: Bom dia professor... Bom dia, Roberta! – falei sorrindo entre os dentes. – os dois responderam juntos – bom dia!

Henrique: Sente-se, mia. – sentamos os três, na sala dos professores. – agora vou explicar pra vocês qual será nossa missão nesse orfanato. Daqui algumas semanas é Natal e eu quero fazer uma festa  pra essas crianças.

Mia: Que maravilhoso, professor! – falei empolgada batendo com as mãos. Roberta sorriu concordando.

Henrique: Quero que vocês me ajudem com a festa. Primeiro precisamos de presentes. Acho que seus pais não vão se incomodar em fazer uma doação, mas caso se neguem vocês podem fazer uma rifa entre seus amigos do colégio pra arrecadar dinheiro. Precisamos também de uma árvore e enfeites pra ornamentar.

Mia: Também precisamos de comida pra ceia.

Roberta : Você tá andando muito com a Celina.

Henrique: Roberta, esse tipo de piada  não tem graça! Já te disse que não vou tolerar bullying em pleno 2023.

Roberta: Desculpa!

Henrique: continuando...  Então, a missão de vocês duas é organizar a festa de Natal do orfanato. Vamos ao orfanato agora e vou pegar as informações, com a assistente social, de quantas crianças são, quantos meninos, quantas meninas, idade etc. E  vocês ficarão encarregadas de organizar tudo. Sábado que vem sentaremos e quero um relatório completo do que já foi feito.

...

Hoje inventamos brincadeiras, teatrinho e fiquei mais apegada ainda nas crianças.
Saímos do orfanato e Henrique nos deixou no shopping, é óbvio que meu pai liberou dinheiro pra comprar presentes pras crianças e a Alma Rey também. Como prometido, comemos no lugar que eu escolhi e por incrível que pareça, hoje, Roberta não fez nenhuma das suas piadas e concordou com tudo.

Roberta: Até que a comida não é tão ruim.

Mia: Lógico, darling, eu tenho bom gosto.

Roberta: Mas é claro que tem! – me deu um sorriso irônico.

Mia: O que tá acontecendo, Roberta? Você tá concordando com tudo que eu falo. Não é normal!

Roberta: Tá reclamando? Quer que eu volte a te perturbar?

Mia: Eu acho mais sincero! – vi Roberta respirar fundo e responder.

Roberta: Eu só tô fazendo o que o Henrique me pediu ok?... E eu também já tô cansada de brigar com você. – assenti concordando e continuei comendo. Mas Acabei de descobrir que no fundo gosto das implicâncias da Roberta. Ela é uma das poucas pessoas que não concorda com tudo que eu falo e não me bajula nos milhões de likes e comentários das redes sociais. Receber um elogio dela era o mais difícil e sincero que eu conseguiria receber.

...

Passamos a tarde comprando brinquedos e depois fomos pra minha casa. Pedi que preparassem algo pra gente comer enquanto embrulhávamos os presentes. Decidimos deixar os presentes prontos  e semana que vem comprar a decoração e comida. Meu pai, como sempre, estava passeando com Valéria.

Fiz mais um vídeo, pra postar no tiktok, nosso embrulhando os presentes. As pessoas do colégio estavam amando os vídeos e muitos comentários chocados da gente ainda não ter se matado. Definitivamente as pessoas amam nossos vídeos juntas. Enquanto eu editava o vídeo o Peter me chega com um envelope. Me disse que chegou pra mim mais cedo do correio, mas que ele esqueceu de entregar.

Abri correndo, e pra minha surpresa, eram fotos da minha mãe. Fotos de revista, shows, tudo escrito em português. Eu não entendia muito bem o que diziam as revistas, mas ela era chamada de “Angel”, como um nome artístico, não de Marina. Mas as fotos eram minha mãe. E as datas das revistas eram posteriores de quando meu pai disse ter ocorrido a morte.
Comecei a chorar copiosamente. Roberta sem entender nada, pegou as revistas da minha mão e tentou ler.

Roberta: Quem é essa mulher?

Mia: Acho que minha mãe.

Roberta: Como assim acha? Manteve a testa franzida tentando entender e esperando minha resposta no meio do meu choro.

Mia: Não sei, porque tenho poucas fotos dela. Meu pai sumiu com quase todas. As que tenho eu imprimi da Internet. Mas meu pai e  ela nunca foram de aparecer muito na mídia, além dos eventos da empresa, então não tem muita coisa.

Roberta: que velho filho dp..! Desculpa. Bem, mas é um absurdo ele privar você de ter fotos da sua mãe.

Mia: Diz ele que não queria que vivêssemos com o fantasma dela nessa casa.

Roberta: mas pelo que tô vendo nessa revista tem algo mais aqui que ele não quer contar. - Voltei a chorar.

Mia: será que minha mãe não quer saber mais de mim. Por isso foi pro Brasil?

Roberta: Não sei. Mas não chora!- ela me abraçou - Não vamos nos precipitar. Pergunta ao seu pai, e se ele não falar eu vou dar um jeito de te ajudar a descobrir. -

Continuei chorando mesmo assim. Eu não conseguia parar.

Roberta: O que você quer que eu faça pra você deixar de chorar? Eu posso te deixar  escolher minha roupa sábado que vem, ou você pode fazer um penteado? Posso ser seu projeto por um dia. Pensa que vai bombar nas redes sociais. – ela sorriu tentando me motivar a sorrir também.

Mia: obrigada Roberta – sorri fraco – sei que você odeia tudo isso e mesmo assim tá tentando me agradar.

Roberta: Mia, eu sempre te critiquei e tinha uma impressão ruim de você. Mas convivendo percebo que seu único neurônio até que funciona. E pela sua história com seu pai e sua mãe, você tem motivo pra ser lerdinha assim. – dei um tapa fraco em seu braço e deitei a cabeça em seu ombro

Mia: você podia me deixar pintar seu cabelo. Essas mechas estão bem desbotadinhas.

Roberta: ah não, a gente dá o braço e você já quer o corpo todo.

Mia: O corpo todo não. Só o cabelo – sorri olhando pra ela, e Roberta ficou me olhando seria, estávamos muito perto. Queria saber o que ela estava pensando. Mas virou o rosto olhando pra janela da sala.

Roberta: A gente podia cantar uma música pras crianças.

Mia: que música?
“Campana sobre campana"

...

Campana Sobre CampanaOnde histórias criam vida. Descubra agora