Cap 13

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POV ROBERTA

Quando a vida parece entrar em calmaria, vem uma onda e me arrebenta.
E essa onda consta, nos meus documentos, como meu pai.
Só nos meus documentos mesmo, pois nunca se interessou em conviver comigo, a ir nas minhas apresentações na escola, a me ensinar a andar de bicicleta ou nadar... Essas coisas que país fazem. Fora os vários aniversários que ele nunca esteve presente, só mandava o presente.
Pois agora o velho, que parece tá caduco da cabeça, quer pagar de pai como se todos esses anos não tivesse esquecido da minha existência.

Fui chamada na diretoria e estava ele lá, junto com o paspalho do Pascoal, dizendo que tinha uma liminar, do juiz, onde me obriga a passar as festas de fim de ano com ele na Espanha... E pior, ele pensa em entrar com pedido pra ter a minha guarda em definitivo.
Depois de todo o barraco que eu e minha mãe fizemos na diretoria, o professor Henrique nos convenceu a ir pra um outro lugar conversar civilizadamente.

Agora estamos jantando ( ele, eu e mamãe) em um restaurante que, segundo ele, é um dos poucos que prestam no México. Como se fossemos uma linda família unida de comercial de margarina. Eu não tenho estômago pra toda essa hipocrisia!

Pardo: já escolheu o que vai querer, filha?

Roberta: não quero nada. Estou sem fome.

Pardo: quer uma sobremesa ao menos? Escolhe um doce.

Roberta: já disse que não quero. A sua cara tá me embrulhando o estômago.

Pardo: tá vendo, Alma, a péssima educação que você deu pra minha filha. Olha os modos que ela se comporta e as coisas que ela fala. Eu errei em ter deixado a minha filha com você

Alma: deixou, pois era mais conveniente pra você só me enviar o dinheiro né, Pardo? Nunca se preocupou se eu precisava de algo mais além de dinheiro. - interrompi minha mãe.

Roberta: primeiramente, para com essa palhaça de me chamar de "filha" você nunca me tratou como uma. Por alguns anos eu esperei você. Quantos natais eu esperei e o senhor nunca apareceu. O senhor não sabe o quanto eu sofri me sentindo rejeitada pelo homem que me deu os espermatozoides. Mas que só sabia mandar presentes, e sabe o que eu fazia com seus presentes? Jogava todos no LIXO! - comecei a falar mais alto e enfurecida - E agora quer pagar de bom pai? Me POUPE!

Pardo: Fala baixo - me disse entregando um olhar ameaçador - Eu errei. Eu assumo! Mas agora quero consertar as coisas. Eu tô fazendo isso pelo seu bem pra te provar que me importo com sua educação, com você. Te coloquei no colégio, mas parece que nada adiantou ou o senhor Colucci não teria me ligado.

Roberta: QUEM?

Alma: O Colucci te ligou?

Pardo: me ligou pra reclamar que Roberta foi até o escritório dele ameaça-lo e que não adiantava falar com você, Alma, pois você não faria nada.

Roberta: aquele velho resmungão se sentiu ameaçado por uma menina de 16 anos? E foi correndo chorar pra você? Hahahaha

Alma: o Culuti me paga por isso!

...

POV Mia

Já que Roberta não me atendia, liguei pra Alma.

Alma CEL: Alô

Mia CEL: oi, alma, é a Mia. A Roberta tá com você? Estou ligando pra ela, mas não me responde.

Alma CEL: vou passar pra ela, Mia. -

Alma CEL - Oi - escutar aquela voz que mexe com todos os meus poros aliviou meu coração.

Mia CEL : Roberta, porque você não me responde?

Alma Cel: celular descarregou e eu estava jantando como o homem que se diz meu pai.
Agora estou indo pra casa e quando eu carregar o celular falo com você.

Mia CEL: Você não vem por colegio?

Alma CEL: amanhã vou ao colégio pegar minhas coisas... E me despedir de vocês.

Mia: despedir? O que tá acontecendo, Roberta, me fala!

Alma Cel: O velho decrépito vai me levar embora pra Espanha.

...

Eu andava de um lado pro outro, no quarto, tentando pensar o que fazer. Roberta não podia ir embora. Eu não podia ficar sem ela.

Vick: daqui a pouco você vai abrir um buracão no chão. - vick já sabia de tudo, a Celina havia contato, o que evitou a minha fadiga de contar.

Mia: eu preciso fazer alguma coisa, vick, Roberta não pode ir embora. - pela primeira vez deixei as lágrimas me consumirem. - Vick veio até mim e me abraçou.

Vick: quem diria que a caminhoneira da Roberta te deixaria assim caidinha.

Mia: sem gracinha, Vick, por favor me ajuda. Eu não posso deixar ela ir embora.

Vick: não dá pra ter uma ideia se a gente não sabe direito o que está acontecendo. Você precisa ir lá falar com ela.

Mia: me ajuda a fugir do colégio?

Vick: lógico!

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