Padilha olhava tudo de longe, sabia que Pilar seria a melhor naquele dia, e ele buscaria por ela, custe o que custasse. Por sua amazona era capaz até de matar, claro que seu alvo seria Miguel, o homem que em pouco tempo lhe tirou tudo.
– Ela vai conseguir, olha que linda em cima do cavalo, ela vai conseguir e eu vou levar ela como prêmio - falou Padilha entrando no carro - E o desgraçado do Cervantes vai conhecer a fúria de um homem que faz de tudo por sua fêmea.
Pilar está no último obstáculo, faz a volta e se posiciona para saltar.
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Pilar salta e faz em menos tempos que os demais competidores e vence a prova, sem penalidades ou toque nos obstáculos, e é anunciada como campeã da prova. Miguel não se importou com as reclamações dos organizadores quando ele pulou a cerca de proteção e foi até o podium.
– A campeã do prêmio maior - segurou ela pela cintura e a suspendeu tirando de cima do lugar mais alto... - minha futura esposa... a mãe dos meus filhos - a beijou lentamente, com um gostinho de última vez e separou sua boca da dela sorrindo.
– Nossa Miguel... - ela deu um suspiro longo e sentiu um arrepio na espinha. - que sensação estranha eu tive agora com você me beijando.
– Talvez não esteja acostumada com um déjà vu tão prazeroso- brincou com ela para lhe tirar de tempo e a pegou nos braços girando no ar.
Depois das comemorações da vitória, Pilar teve duas reuniões de negócios, Miguel participou ativo em todas. Em uma delas, Pilar conversou com Emir, filho de uma dos maiores criadores de cavalos do oriente e que fazia bons negócios no ocidente.
– Amor, seu pai quer que a gente vá jantar com os amigos dele hoje a noite.
– Miguel, é a noite do baile final, pensei que ficaríamos juntos.
- Eu sei amor, mas estávamos indo bem, estávamos com contratos muito bons. Vamos fazer assim, como a minha futura esposa é a campeã do hipismo, podemos jantar na cidade assim que terminar tudo por aqui e você tirar uns dias, o que acha?
– Pensando assim, acho maravilhoso. Agora me conte como foi a reunião com Emir?
Miguel contou para Pilar sobre o negócio proposto por Emir, ela sorria boba, amou a notícia, mas ficou preocupada, não sabia explicar.
Eles foram jantar com os amigos de Afonso, o mesmo estava radiante mostrando a todos sua família, a namorada grávida, a neta e o genro. Tudo perfeitamente lindo. Naquela noite tudo estava incrível. Miguel e Pilar foram para o quarto, Geni para o dela e Afonso e Isabel também no dia seguinte eles voltaram para o Haras.
[...]
Naquela manhã, algo estava inquieto, os cavalos batiam os cascos e se recusam a entrar nos caminhões, somente depois de algum tempo, os animais se acalmaram, Pilar teve que colocar ela os cavalos e fechar para que Ariela, Duda e Firmino voltassem para o Haras.
– Podem ir, vamos logo depois. – falou Pilar. – Pai, vai com a tia para casa?
– Vou, mas ela fica no hospital e volto para casa com Geni, cadê o Miguel?
– Recebeu uma ligação, leva Geni que vamos depois, pode ser?
– Sim pode, quero passar e comprar uma coisa pra sua tia, assim Geni me ajuda.
Pilar, sabia que o pai compraria uma aliança de casamento para Isabel, ela sorriu feliz e foi caminhar para encontrar Miguel.
Miguel falou que iria para a capital naquele momento, era algo que eles não poderiam perder, um negócio das arábias.
– Eu vou logo e volto para o jantar em casa amor. Prometo.
– Amor é sério, toma cuidado tá bom? - segurou o rosto dele chamando sua atenção. Pilar estava relutante para deixar ele ir sozinho.
– Não se preocupe, eu vou pegar os documentos no haras do Emir e fazemos esse negócio, sei que para você é muito importante.
– Sim, mas acha que vai saber levar meu carro? Você odeia a caminhonete. – falou rindo, ao lembrar das broncas que a mesma levou sempre que Miguel dirigia ela.
– Ela é geniosa e já me deixou na mão, porém é mais rápida e se tudo der certo compro uma nova pra você amor.
– Mas ela é quase nova amor! - fez biquinho e reclamou como uma menina pequena.
– Nova pro ferro velho amor... - sorriu e deu mais um beijo nela. - ...mas primeiro vou pegar esses documentos - parou um pouco pensativo e estranhou aquela sensação que lhe dizia pra não ir nessa viagem - apesar de que o Emir disse que poderíamos pegar depois.
– Não amor, quanto mais cedo melhor para nós, entendeu? - viu ele balançar a cabeça e sorri largamente.
– Então vai logo que teu pai e a nossa filha estão te esperando para comemorar a sua vitória - se despediu com mais um beijo e foi se afastando, mas parou e olhou pra trás. - cuida de tudo enquanto eu estiver fora? Principalmente da Geni ok?
– Vamos colocar a casa de cabeça pra baixo, não se preocupe. - provocou e deu um sorriso sapeca.
– Eu amo vocês duas, não se esqueça jamais. - não olhou pra ela e seguiu o seu caminho.
Miguel assim que entrou no carro já foi colocando o cinto e arrumando o assento do carro pra ter espaço nas pernas, olhou o retrovisor e resolveu não ajeitar, estava bom daquele jeito. Quando deu partida e entrou na estrada sentiu uma sensação estranha e olhou para o banco traseiro e logo voltou a vista para a estrada e um pouco mais na frente ele foi abastecer e aproveitou para conferir o óleo, saiu da caminhonete e abriu o capô.
– Olha que a belezinha tá de bom humor hoje - sorriu e fechou o capô - Espero que não me deixe na mão hoje.
– Patrão o tanque tá cheio! - falou o jovem frentista.
– Obrigado rapaz - tirou o dinheiro do bolso e entregou a ele - Tenha um bom trabalho.
Ele entrou no carro sem um pingo de desconfiança, quando estava na rodovia principal viu um engarrafamento e resolveu pegar um atalho, virou a direção pro lado direito e entrou numa estrada bem esburacada, seu carro não aguentaria metade dos buracos, mas a caminhonete geniosa estava aguentando com valentia.
– Eu esperava minha amazona, mas te encontrar aqui me saiu melhor que encomenda.
– Padilha? - olhou pelo retrovisor assustado.
– Achou que iria me mandar para cadeia e ficar impune da minha vingança?
– Não faz nenhuma merda, você pode não ter a mesma sorte de que alguém pague sua fiança.
– Eu vou te matar e pegar a minha amazona de volta, já que ela vai precisar de um homem de verdade ao seu lado.
– Você é esse homem? - disse debochado - nem com todo esforço do mundo vai ser homem pra Pilar.
Miguel tenta frear, mas Padilha se joga para frente e pega a direção da caminhonete que fica desgovernada, quando Miguel acelera e tenta pegar a direção de volta já era tarde, o carro bate em uma árvore e se desloca para o precipício logo a frente, ambos se assustam quando o carro começa a cair e capotando várias vezes....
