capítulo 2

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"Eu não posso dar tudo para você

Mesmo que eu queira

Ela sabe exatamente o que está fazendo, ela está mexendo com minha cabeça."

Slow it down - Charlie Puth

Cassie Lucciole Verona - Itália

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Cassie Lucciole
Verona - Itália

2023

Me sinto tonta. Meus olhos pesam, e sinto dificuldade em mantê-los abertos. O barulho incessante e repetitivo do monitor cardíaco machuca meus ouvidos. Eu estou viva. É a primeira coisa que consigo pensar, e automática meu peito se enche de alívio. Escuto passos se aproximando, e com um sorriso amigável, minha mãe se aproxima da maca. Penso em como eu queria que fôssemos mais próximas, que ela me acordasse assim todos os dias. Sinto falta de quando éramos mãe e filha, e não estranhas.

- Mia cara, como pôde fazer isso comigo? Fiquei tão preocupada! Se eu não tivesse sentido de ir em seu apartamento ontem, você certamente estaria morta! - ela interpreta o papel de boa moça, como se se importasse de verdade. Por um curto momento, quase acreditei. Mas aí não seria minha mãe. Não sei se ela mudou, ou se continua sendo a megera que escolhe o marido abusador.

- Eu estou bem mamãe! Pode parar de fingir que se importa. Sei bem que só apareceu para ficar bem consigo mesma. Não conseguiria aguentar o fardo de uma filha morta por ser negligente não é? - ela ofega e se afasta, como se sentisse dor. Por um momento, me culpo por minhas palavras pesadas quando vejo seu rosto triste e quebrado. Ela é apenas outra vítima nessa situação. Meu pai quebrou a todas nós. Quando se vive em um lar abusivo, você não faz mais nada além de tentar sobreviver. Me levanto, de repente não tão tonta quanto antes. Contorno a cama e a abraço, sentindo um enjôo instantâneo com o cheiro da nicotina que emana de seus cabelos. O baque surdo da porta me tira de meu estupor. O médico entra, com um sorriso doce e um olhar meigo.

- Senhorita Lucciole, vejo que está bem melhor. Quando vi seu estado noite anterior temi que não pudesse fazer nada para salvá-la. Como se sente?

- Estou bem doutor. Acordei um pouco tonta, mas me sinto bem. - o tranquilizo com um sorriso. Não via a hora de sair deste lugar com cheiro esquisito. Odeio hospitais.

Depois de alguns exames, finalmente sou liberada para ir embora, ainda com algumas observações.

- Precisamos conversar. - minha mãe finalmente diz alguma coisa depois de uma hora em completo silêncio. Dou uma risada silenciosa, não acreditando nessa falta de senso. Ainda assim, abaixo a cabeça e me sento confortavelmente pra ouvir o que de tão importante ela tem a me dizer. Acho que a devo isso, depois do susto da noite anterior.

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