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ALERTA DE GATILHO: Esse capítulo contém uma pequena narração de estupro. Se esse tema trouxer algum gatilho a vocês, recomendo que não leiam!

Thalita

Depois de transarmos no carro do Philippe, decidimos ir a um motel para conseguirmos aproveitar mais um pouco.

Transamos mais algumas vezes e, justamente quando iríamos embora, uma tempestade começou, nos obrigando a passar a noite aqui.

Acabo de tomar um banho e me enrolo em um roupão limpo que encontro no armário do banheiro.
Voltou pro quarto e me deito na enorme cama de casal, enquanto desembaraço meu cabelo com os dedos.

Philippe vai direto pro banheiro, se trancando lá dentro. Enquanto ele toma banho, aviso meu pai que não conseguirei voltar pra casa por causa da chuva e digo pra ele dormir junto com o Yago, que tem medo de trovão.

Pra conseguir sair hoje, disse que iria espairecer um pouco, por conta dos pesadelos que voltaram com tudo, meu pai acabou concordando que eu saísse sem segurança. Ele sabe o quanto esses pesadelos acabam comigo.

E o bom é que não foi uma mentira completa. Eu infelizmente continuo tendo aqueles pesadelos, e realmente tava precisando relaxar um pouco. Só não disse como iria relaxar, nem com quem iria relaxar. Ou seja, eu não menti, apenas omiti o resto da história.

Deito na cama e fecho os olhos, deixando que o cansaço me impeça de continuar acordada, esperando que o Philippe termine seu banho.

{...}

— Vamos, sua putinha!!! Diga logo, onde seu pai deixa os documentos mais importantes dele?

O verme aponta uma faca no meu pescoço, encostando um pouco a ponta na minha pele, causando um enorme calafrio.

— Eu... Eu não sei — soluço de tanto chorar de medo. Eu fui tão burra em ter confiado no Benjamin. Achei que tava vivendo em um sonho, mas tudo se tornou um enorme pesadelo quando cheguei aqui.

— Eu vou perguntar de novo e se você não falar onde essas merdas de documentos ficam, eu vou acabar com esse seu rostinho lindo. ANDA, RESPONDE SUA VAGABUNDA!!!!!

O desespero de estar prestes a morrer me faz chorar ainda mais, chorar de soluçar. Acabo não conseguindo respirar direito, com o choro, e perco minha voz.

Então, o verme começa a aproximar a faca do meu rosto, mas quando acho que ele vai rasgar minha cara, ele abaixa a faca com tudo e enfia ela em meu peito, causando uma dor imensa e me fazendo gritar alto.

— AAAAAAAAAAAA — me levanto em um pulo, ficando sentada na cama. Minha respiração tá ofegante, meu coração, completamente acelerado e minhas mãos não param de tremer.

Fecho os olhos percebendo que tudo aquilo foi um pesadelo, de novo. As lágrimas se acumulam em meus olhos, querendo sair a qualquer custo.

Choro, com medo de tudo isso acontecer de novo, de ser sequestrada por algum inimigo do meu pai e acabar sendo torturada, tanto psicologicamente quanto fisicamente.

Então, uma mão acaricia meu ombro e me lembro que não estou em casa, nem sozinha. Olho pro lado, vendo Philippe me olhando com o semblante preocupado, enquanto faz um carinho sem jeito em meu braço.

— Teve um pesadelo, né?

— Sim. — sussurro baixinho, não querendo encarar seu rosto nesse momento tão pessoal.

— Quer contar como foi? — ele sussurra de volta, provavelmente com medo de falar com a voz normal e me assustar mais.

— Promete não me julgar?

— Ei, olha pra mim. — ele puxa meu rosto com delicadeza e diz olhando nos meus olhos — Eu prometo. Não importa o que tu tenha que me dizer, eu vou ficar quietinho te acalmando e ouvindo sua história. 

— Certo... Bem, quando eu era mais nova eu conheci um cara de fora do PPG. Ele era maravilhoso comigo, me tratava super bem e acabei me envolvendo. Meu pai era contra nosso envolvimento, mas eu tava tão apaixonada por aquele cara, que não dei ouvidos ao que meu pai dizia. Até que um dia, esse meu namorado me chamou para ir na casa dele conhecer seus pais. Eu fiquei muito ansiosa por estarmos aprofundando nossa relação, então quando contei ao meu pai, fiquei surpresa e chateada que ele não queria que eu fosse. Mas, indo contra tudo que meu pai disse, eu fui, deixando só um bilhete colado na porta da geladeira, com a promessa que iria ser apenas um almoço e que voltaria no mesmo dia.

"Quando entrei no carro do meu namorado, ele colocou uma venda em meus olhos, dizendo que iria fazer uma surpresa pra mim. Mais tarde, chegamos em um lugar que eu não conseguia ver, mas, quando ele tirou a venda de meus olhos, enxerguei que estava em um pequeno cativeiro. Então, meu namorado revelou que tudo aquilo era parte de um maldito plano, onde ele tava ajudando seu pai, um delegado, a conseguir prender meu pai. Eu tava sendo feita de isca, para que meu pai aparecesse o mais rápido possível naquela enorme armadilha. Fui torturada por dias, apanhei, fui xingada e..." — paro de falar quando as lembranças invadem minha mente, sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos.

— E? — Philippe pergunta, se aproximando de meu corpo, um pouco sem jeito.

— Então, em uma noite eu quase fui estuprada. Foi por pouco, mas ainda dói, principalmente me lembrar de tudo isso. Meu ex namorado entrou na salinha do nada, me agarrando e rasgando minhas roupas. Eu só conseguia chorar com o choque de estar sendo abusada, justamente pelo cara que eu tinha me apaixonado.
Quando ele tava prestes a me penetrar, o Lc invadiu a pequena salinha onde eu estava, dando um tiro na nuca do meu ex, que caiu em cima de mim. Lc me ajudou a levantar e tirou sua camiseta, me vestiu com ela, e saímos daquele cativeiro.

Termino de narrar minha história, a história em que eu quase matei as pessoas mais importantes da minha vida, me acabando em lágrimas, ao lembrar de tudo o que aconteceu.

Minha inocência e ingenuidade colocaram minha família em risco, tudo o que aconteceu foi culpa minha, que me deixei levar por um cara que só quis me usar.

Philippe me abraça apertado, tentando me acalmar sussurrando alguma música de ninar. Choro ainda mais com as lembranças que invadem minha mente, o desespero de estar sendo torturada, o momento do quase estupro, Lc salvando a minha vida e arriscando a própria para q eu saísse viva de lá.

Tudo isso me causa uma crise de pânico, e eu não posso entrar em crise agora. Eu tenho que me acalmar, preciso me acalmar.

— Ei, olha pra mim. — Philippe me chama baixinho, levantando meu rosto de seu ombro com calma. — Você não tem culpa do que aconteceu. Existem pessoas com intenções horríveis, que manipulam os outros com uma facilidade incrível. Você foi uma vítima, não a culpada por isso ter acontecido. Tu é uma mulher foda demais e foi muito forte por todo esse tempo. Não deixe esses pensamentos te abalarem, não deixe seu passado te sugar. Eu tenho muito orgulho da mulher que você é! E tenho certeza que sua família também.

O abraço apertado, chorando mais por essas palavras tão lindas. Ele respira fundo e começa a cantar "Vejo Enfim a Luz Brilhar" em meu ouvido, acariciando minhas costas e meu braço, em uma forma carinhosa de me ninar.

Talvez seria um ótimo momento para declarar pra mim mesma que sim, eu tô completamente apaixonada pelo Philippe.

Amor Proibido (Elos De Amor #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora