20. Quando o amor é conforto

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#escritordevasso

O sabor agridoce do vinho que pintava em seus lábios em pleno horário comercial era um claro sinal de desequilíbrio mental e perturbação emocional. Kim Namjoon se via preso em uma teia de problemas dos quais ele só sairia com uma corda no pescoço, literalmente. Estava envolvido, não, estava imerso com um dos homens mais poderosos de Londres, e com isso, os olhos estariam mais voltados do que nunca para si.

Havia uma diferença considerável entre ter boatos a seu respeito e uma confirmação palpável dos absurdos sexuais que cometia nos lençóis surrados do pequeno quarto localizado nos subúrbios londrinos. 

Suspirou, o receio pingando de seus lábios e escorrendo do canto deles, até o pescoço,exatamente como o vinho fazia naquele instante. Ao lado dos medos que carregava, estava o desejo absoluto e gritante que carregava pelo magnata. Ora, a dois dias atrás havia provado aqueles lábios carnudos, sentindo aquele corpo por debaixo de seus dedos e aspirado o perfume do homem de perto, de modo que a vontade, que já estava alojada em sua pele, apenas triplicou de tamanho. Oh céus, em todos os anos perdido naquela luxúria que já estava acostumado, nunca esteve tão ansioso para desfrutar do corpo de alguém como estava com Dominic.

Nutria aquele ardor sexual ignorando completamente o teor sentimental que havia naquele desejo, ignorou as lembranças a cerca da boa conversa durante o jantar, do modo como Jimin piscava lentamente quando provava algo que gostava, como sorria de canto degustando o alimento ou como franzia as sobrancelhas quando não se agradava do sabor de algo. Para Namjoon, era improvável que estivesse criando sentimentos por Jimin, afinal, além das longas e numerosas cartas, ele não passava muito tempo com o magnata e além disso, Kim nunca foi do tipo que se deslumbrava com a ideia de uma paixão. Confuso com tal ideia, por algum motivo permitiu que sua mente viajasse até Yoongi e a relação caseira que mantinha com o herdeiro dos Haword. Taehyung visitava a casa de Yoongi sempre que sua rotina agitada e vigiada pelo pai permitia, bebendo vinho até tarde e aproveitando o valor dos lençóis do jornalista, mas além do teor sexual de seus encontros, havia a cumplicidade dividida em tomar um café simples juntos e caminhar pelo subúrbio, onde Taehyung seria visto mas não seria julgado, caminhavam lado a lado, às vezes parando para jogar conversa fora em algum barzinho de procedência duvidosa, em uma espécie de ritual que só eles compreendiam.

Não era sobre as atividades exercidas, mas o cuidado de se manter presentes na rotina um do outro. Tal qual Namjoon e Jimin faziam desde que começaram a trocar cartas.

Havia sim um ritual em escrever para o magnata, sempre o fazia nos fins de tarde, quando a agitação de sua vida estava abaixando. Escrevia enquanto bebericava vinho, se deixando levar pelas palavras e pela intimidade que fora construída entre os dois. Aquela barreira intransponível que foi erguida no segundo que se conheceram, já estava caindo por terra, dando vazão à confiança.

E esse era o problema, afinal, Jimin não queria se entregar e dar oportunidade para a confiança florescer, mal sabia ele que a espera pelas cartas já denota esse crescimento. Já Namjoon, sequer era capaz de identificar sentimentos e sensações, preso em sua ideia vaga sobre sedução e poder.  Até divagou sobre escrever mais uma carta, contudo parou no meio do caminho, pensando que visitar a Clifford e Cia  seria uma decisão melhor. 

Menos sabia, mas muito melhor.

♣️

Depois de uma manhã agradável ao lado da esposa e da filha, Park Jimin estava alojado no escritório da empresa. Bebia café enquanto analisava as atualizações de Jungkook sobre a investigação da empresa, observando os balanços e todos os documentos investigados por Jeon. Além do trabalho, que já consumia sua mente o bastante, Dominic estava preso no beijo pecaminoso que dera em Namjoon.

Amour Interdit • minimoni •Onde histórias criam vida. Descubra agora