7. Quando se é uma mulher

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Londres, 1960

Quando se é uma mulher, seu destino é traçado desde o instante do seu nascimento: É simples, você apenas precisa se casar e é pra isso que você é criada a vida toda. Para ser uma decoração. 

Seja bondosa, sempre sorria, querida! Homens não gostam de moças azedas. Então, você tem dez anos e está metida num vestido de seda, com cachos longos caindo ao redor do seu rosto, e o filho da amiga da sua mãe passa a mão em você, ele tem quinze anos e você é só uma criança. 

Mas, desde muito cedo você sabe que é uma mulher e mulheres não falam, mulheres aceitam aquilo que as dão. Você deseja que os homens não olhem para você, deseja não ser gentil nem bonita. 

Deseja sumir

Então você tem quinze anos e seu pai quer te casar com um homem que tem idade para ser seu avô, e é por isso que quando aquele rapaz loiro, de sorriso fácil chega na sua casa, você se apaixona por ele. Você tenta não se empolgar com aquela presença inusitada, se seu pai perceber que está interessada no rapaz, tudo seria perdido. 

Ele apreciava tirar tudo aquilo que gostava. 

E então, quando o próprio homem sugeriu que o loiro cortejasse Nathalie, tudo pareceu um conto de fadas. Afinal, ela não precisaria se casar com um velho grotesco para sair dali. 

Levou cerca de cinco anos para que Florence e Jimin se casassem, e desde então, tudo que ela fazia era tentar fazer Park lhe amar. Ela sabia que ele não a amava, dava para ver naqueles olhos castanhos e no modo como ele a tocava como se estivesse prestes a quebrar. 

Ele nunca a tocou como um homem deveria tocar uma mulher. Pelo menos pelo pouco que sabia, afinal nunca havia estado verdadeiramente com um homem antes de Jimin, e a única vez que ele se mostrou meramente interessado em seu corpo fora quando planejaram ter um filho. 

Dominic fora o melhor marido que ela poderia desejar na gravidez, realizou todos os seus desejos e garantiu que tudo ocorresse conforme a sua vontade, segurando a sua mão e participando de cada segundo daquele momento tão especial. 

E quando a pequena Rosa nasceu, tudo na sua vida passou a fazer sentido: Ela poderia não ter o amor de Jimin, mas tinha lhe dado o maior presente do mundo, uma garotinha linda e nada mudaria aquilo. 

Ou será que mudaria? 

ㅡ  Sra. Clifford? ㅡ A empregada, cujo nome Florence, não se lembrava, lhe chamou. 

Arrancada de seu transe, a mulher deu um meio sorriso. 

ㅡ Sim? Me desculpe, tenho estado distraída, senhorita...? ㅡ Florence gostava de tratar todos os seus funcionários pelo nome, de maneira cordial e respeitosa. 

Ela não foi criada assim, mas queria dar o exemplo a sua filha e esse seria o primeiro passo. 

ㅡ Louisa, Sr. Clifford. Mas não precisa se preocupar com meu nome, não tem importância. ㅡ A mulher parecia levemente tímida, sem conseguir olhar nos olhos de Florence, que sorriu. Ela é uma mulher muito bonita, com cabelos escuros e grandes olhos negros, também não é asiática, mas Florence não sabia sua nacionalidade. 

ㅡ Claro que importa, querida. Mas o que você queria me falar? ㅡ Indagou, se levantando e arrumando o vestido amarelo que usava. 

Sempre gostou de cores fortes, desde que era apenas uma garotinha e agora depois de casada, investiu ainda mais nesse tipo de vestimenta, afinal quando morava com seus pais, seu progenitor não permitia que vestisse o que desejava. 

Não conseguia chamá-lo de pai. 

ㅡ Vim apenas avisar, senhora, que a pequena Rosa acordou e está a sua procura. ㅡ Florence assentiu, deixando a sala para ir de encontro a filha com um sorriso nos lábios, porque não havia nada no mundo que ela amasse mais do que sua garotinha. 

Amour Interdit • minimoni •Onde histórias criam vida. Descubra agora