Curado Pelo Amor | Romance Cristão [ Revisado ]

Capítulo 30

Não me lembro ao certo o dia da semana em que estávamos, mas a tarde estava tediosa pra mim. Aproveito do privilégio que tenho de morar literalmente a um passo de distância da minha namorada e decido bater em sua porta.

- Entra. - Ela grita lá de dentro.

- Tá legal. - Aviso e espero um instante.

Sei lá, não queria ser inconveniente.

- O que tá fazendo? - Pergunto ao ver a cada cheia de retalhos.

- O jaleco de uma colega rasgou na última aula e ela me pediu pra fazer um novo. - A moça explica e eu não consigo tirar os olhos dela.

- Como vai fazer? - Questiono.

- Escolhi o mesmo tecido do antigo e vou fazer uma modelagem mais gentil, pra conseguir se adequar ao corpo dela. - Samy diz e eu me surpreendo.

- Uau, o que você não sabe fazer? - Brinco sobre sua habilidade incrível.

- Bastante coisa. - Avisa me olhando brevemente. - Pode pegar aquele giz pra mim? Está em cima do sofá.

- Claro. - Concordo trazendo o objeto colorido. - Vai ficar lindo.

- Será?! Tô com medo dela não gostar.

Samy me olha insegura e eu tomo o seu rosto entre as mãos, com um selar carinhoso e gentil eu tento mandar embora toda a dúvida que ela tenha sobre seu potencial.

- E agora, ainda tá com medo? - Insisto.

- Não, seu bobo. - Ri abraçando minha cintura.

Tá vendo, em um único passo eu sai de uma tarde tediosa para ajudante de uma estilista incrível. Isso que é evolução!

A moça recorta os moldes e costura tudo a mão com cuidado, ela é rápida, em duas horas conseguiu unir as mangas ao resto da peça.
Eu observo admirado e tiro uma foto escondida.

Olhando para a foto eu tenho uma ideia e para ter certeza faço uma pesquisa, será que tinha alguém fazendo roupas especialmente para os médicos?
A resposta vem e eu me surpreendo, inúmeras lojas de pijamas cirúrgicos estavam nas redes sociais e algumas delas estavam vendendo inclusive jalecos, assim como esse de Samy, só que bem mais sem graça.

- Baby, você já pensou em abrir uma loja? - Inicio como quem não quer nada.

- Loja de quê, Juan? - Ela questiona sem tirar os olhos da agulha.

- De roupas, ué. Você disse uma vez que gostava de desenhar e costurar, agora eu tô vendo que leva jeito. - Argumento mostrando meu celular a ela. - Você faria modelos bem melhor que esses.

- Eu já pensei, mas pra quem eu iria vender? - Diz e eu rio sem humor.

- Amor, você faz medicina, conhece metade do pessoal e com certeza pode vender pra todos eles. - Explico e ela me olha devagar.

- Juan não me dá ideia. - Ela alerta e eu me levanto.

- Imagina, você iria trabalhar com as duas coisas que ama, ficaria conhecida na faculdade e ainda ganharia uma grana. - Gesticulo enquanto caminho pela sala. - Já pensou em um nome?

- Não...

- Trate de pensar, depois disso a gente cria uma página pra você no Instagram. - Aviso orgulhoso.

- Desde quando você é social media? - Samy questiona vindo atrás de mim.

- Desde que eu comecei a namorar uma gênia, essa mulher me obriga a gastar o meu cérebro com as coisas incríveis que ela faz. - Digo lha dando inúmeros beijos no rosto.

Depois de algum tempo amadurecendo a ideia, a moça se animou e começou a pensar em como faria tudo. Nós passamos o fim de tarde entre retalhos, linhas e inúmeras anotações do que ela precisaria comprar.

- Tem certeza que consegue terminar sozinha? - Pergunto preocupado.

- Tenho, você já guardou tudo para mim. O resto eu faço! - A moça diz.

- Então tá, te vejo amanhã. - Me despeço com um sorriso e entro em casa.

Gabriel estava como um gato jogado no sofá e aproveitando sua distração eu o assusto.

- Filho da mãe. - O ruivo diz jogando uma almofada.

- Tá fazendo o que ai, mano ? - Tento dizer entre gargalhadas.

- Eu estava em uma ligação com a Vic. - Explica se sentando. - Ela acabou de passar três horas me falando os ossos da minha mão e da minha cara.

- Bem vindo ao clube "Namorados de Futuras Médicas." - Comento.

- A gente não namora, Maria. - Gabe avisa.

- Ainda meu irmão, ainda. - Alerto.