Curado Pelo Amor | Romance Cristão [ Revisado ]

Capítulo 10

As horas se passavam e eu cada vez mais me entediava de olhar para o teto. Gabe tinha saído com o time pra beber e a alguns dias tudo anda diferente, eles não insistem mais para que eu vá às festas, diminuíram as piadinhas sobre tudo o que eu já fiz de errado e estão mais sérios.
Eu estou feliz com isso, porque sei que é a resposta das minhas orações. Desde aquele dia, o dia em que eu finalmente voltei a falar com Deus, eu venho todos os dias pedindo por forças pra continuar e por ajuda para não voltar a ser aquela pessoa de antes.

Em oração,entendi que todas as vezes que Tyler me provocava, a minha reação não era somente por causa da sua arrogância, mas porque ele fazia questão de sempre me lembrar quem eu fui e de todos os meus erros. Isso me doía muito, na minha cabeça eu jamais conseguiria deixar tudo isso pra trás e ser uma outra pessoa, porém lendo e conversando com o Pai, descobri que eu tinha recebido uma nova chance.

- "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." - Murmurro sorrindo sozinho o versículo que li essa semana.

A escuridão do fim de tarde toma todo o meu quarto e percebo estar melancólico, eu me nego a perder minha sexta feira trancado no quarto enquanto penso na vida, então tento me animar colocando uma música e mais uma vez arrisco cozinhar algo. As minhas pipocas saíram todas queimadas e morrendo de medo de acionar o alarme de incêndio por causa da fumaça, faço uma no micro-ondas mesmo.

Desligo a música e corro para o dormitório da Samy. Só depois de bater em sua porta eu me dei conta de como ela andava distante nos últimos dias, talvez seja coisa da minha cabeça, mas essa semana eu não a vi durante o intervalo, recusava assistir aos meus treinos e não me respondia divertida e animada como sempre.

Eu abaixo a cabeça tentando lembrar de algo que possa tê-la deixado assim, mas não chego em nenhuma situação. Após alguns minutos ela abre a porta e sorri amarelo pra mim, inconscientemente eu retribuo sorrindo largo e mostro o pacote de pipoca quentinho.

- Tá com fome? - Pergunto sabendo que ela não negaria.

- Sempre tô, entra ai. - A moça convida me dando espaço. - O que é toda essa fumaça no corredor?

- Humm... Tem um vizinho aí que não serve pra cozinhar, mas insiste em tentar. - Brinco me sentando no sofá e começando a comer. - Toda vez que ele liga o fogão acontece isso.

- Ah, sim. - Samy deixa a porta aberta e se aproxima. Ela enche a mão com pipoca e me olha rápido. - Esse tal vizinho é terrível mesmo, hein.

- Ei, pega leve ! Eu consigo fazer panqueca e cookie. - Me defendo e ela cai na gargalhada.

Juntos e em um silêncio confortável, nós comemos olhando para o teto. Samy toma a iniciativa de jogar o pacote no lixo e aproveita para me trazer uma garrafinha de água.

- Toma. - Diz se sentando ao meu lado novamente ao meu lado.

- Obrigado.

Eu me calo, porém algo em mim gritava para questionar seu comportamento. Encaro a moça por um tempo e quando ela percebe me olha com a sobrancelha erguida.

- Quê?

- O que há de errado? - Digo suspirando preocupado.

- De errado com o que? - Ela se vira pra mim confusa.

- Samy, tem dias que você anda diferente comigo. Não me responde direito, parece que some na Universidade e negou todos os meus convites pra sair. - Explico sério sem desviar o meu olhar do seu. - Eu fiz alguma coisa errada?

Samyra baixa o olhar e eu ergo seu queixo obrigando ela a manter contato visual. Sei que muitas das palavras que não dizemos acabam sendo ditas pelo comportamento e os olhos dela eram muito tagarelas, por isso gosto tanto deles.