14

68 10 0
                                        

Era a primeira vez que estava entrando no ateliê de tatuagem de Harry, parado na porta olhava tudo ao redor com cuidado, tons escuros, desenhos pendurados em uma parede tampando toda ela, desenhos diversos e com todos os tamanhos, a outra parede de frente a dos desenhos era um grande espelho que ia do teto ao chão, uma mesa de escritório e todo o equipamento de tatuagem que se encontram em um estúdio comum, pelo menos Louis achava que era.

— Tire a blusa e se deite na maca, está limpa — Harry apontou se direcionando a mesa de materiais.

— O que vai desenhar em mim?

— Confia em mim?

— Não — Louis disse diretamente, causando a fraca risada do mais velho.

— Nas suas costelas, fique tranquilo, vai gostar — Harry garantiu com tranquilidade.

— É uma região dolorosa? — Louis estava com um pouco de medo.

— Você aguenta.

— Harry... — O repreendeu apreensivo.

— Deita logo!

Ainda sem ter muita confiança, mas, Louis acatou o que foi mandado, retirando sua blusa se deitando na maca plastificada, o teto tinha um desenho qual chamaria de histórico, lembrando uma arte barroca com uma mistura de clássica. A pintura do teto era em tons escuros, pessoas ou seres desesperados, fogo, enxofre, um trono de ferro e pedras no meio de tudo isso e ninguém sentado nele, mas, todos os seres tentando alcançá-lo.

— Seria o inferno? — Louis perguntou, a pintura ao mesmo tempo impecável, era perturbadora.

— Uma representação de uma parte dele, não ao todo — A voz de Harry mudou, falando mais sério.

— E como é ao todo?

— Ele é vazio, imagine um labirinto sem saída com diversas portas, cada uma delas é uma condenação, algumas em conjunto e outras individual, mas, quando você chega ao centro, é isso que encontra — Harry apontou para o teto, para pintura.

— Existem pessoas com sofrimento individual lá embaixo?

— Alguns casos sim, existem pessoas que cometeram um único erro que ele próprio se condena, condena tanto que vira seu sofrimento no inferno.

— E tem como sair? — Louis se encontrava hipnotizado, concentrado, era como se pudesse escutar os gritos daquelas pessoas e se poderia chamar de pessoas, implorando para chegar ao trono.

— Desse tormento pessoal? Apenas se eles aliviarem a consciência de que não merecem aquela punição, coisa que nunca acontece — Harry soltou um riso fraco.

— Acha impossível alguém conseguir o próprio perdão?

— No inferno? Sim, é muito difícil.

Se assuntou quando sentiu algo gelado contra sua pele, Louis estava tão imerso concentrado na pintura, que não percebeu quando Harry se aproximou dele com a mesinha de equipamento, o gelado em sua pele foi o sabão para limpar a região. Encarou o rosto dele, concentrado e sério, os olhos verdes mais escuros, suas pupilas dilatadas por algo que não entendia o porquê.

— Eu ainda quero saber o que vai desenhar em mim — Louis insistiu em perguntar.

— Confie em mim, vai gostar — E ele insistiu em não dizer o que era.

— O que eu preciso fazer? — Perguntou tensionando o corpo, sentindo ele passar o barbeador.

— Nada, só ficar parado, me avise quando não aguentar ou se quiser parar.

Reflection of Evil // LSOnde histórias criam vida. Descubra agora