Wannabe

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Não se sabe exatamente quanto tempo Yunjin levou para descer as escadas de mármore depois da conversa que teve com sua melhor amiga. O que ela faria agora? Haviam combinado de passar a noite da casa de Hong. Logo, teria que passar mais tempo ao lado da japonesa que vem ocupando seus pensamentos mais profundos.

Mesmo que ela tente deixar Kazuha num canto da sua cabeça, de castigo, ela nunca consegue parar de pensar nisso completamente. Parece que tudo ao redor da coreana a leva até a lutadora, como se o vento trouxesse o perfume dela até si.

Nakamura possuía um odor forte, quase como apimentado, daqueles que fazem suas narinas arderem. Mas se Huh Yunjin dissesse que não gostava desse cheiro, ela estaria mentindo para si mesma.

Sua cabeça retorna à sua irmã. Como faria para buscar Chaewon sem a carona de moto de Sakura? Como seria o reencontro delas depois de anos, depois de tudo que aconteceu? Yunjin nem sabia dizer se sobreviveria essa noite na casa de Eunchae.

Criando coragem para finalmente descer os degraus, ela respira fundo e continua caminhando enquanto balança as mãos como se estivesse espantando alguma coisa. Para a infelicidade da escritora, quando ela chega na sala todas as três presentes na casa a encaram, cada uma com um semblante diferente.

Sakura a encara com preocupação nos olhos; Eunchae, curiosidade.

Já Kazuha, o mesmo de sempre: indiferença.

- Demorou lá em cima, está tudo bem? - obviamente quem perguntou foi a coreana, já que as japonesas sabiam o que havia acontecido.

- Sim. - Yunjin diz, forçando um sorriso.

- Que bom. - a mais nova boceja e se espreguiça. - Acho que estou com sono...

- Eu também. - quem fala é Sakura.

- Bom, já havia pedido para o mordomo arrumar os quartos. Kazuha dormirá no quarto sozinha, assim como eu. Tem problema vocês duas dormirem juntas? - ela pergunta, se referindo à Yunjin e Miyawaki.

- Por mim tudo bem. - Sakura diz e Huh assente.

Eunchae pede para as duas amigas a seguirem até o andar de cima enquanto Kazuha nem se mexe no sofá. Tudo que Yunjin consegue ver antes de perdê-la de vista foi um copo de Martini na sua mão.

Como não haviam trazido nada, a anfitriã empresta produtos de higiene e roupas para as duas amigas, já que Kazuha tinha um trilhão de roupas suas no quarto de hospedes.

Já pronta para dormir, Yunjin senta na ponta da cama e encara o chão enquanto a japonesa estava escovando os dentes. Com a boca cheia de pasta de dente e o cabelo amarrado num coque, ao perceber que a amiga estava em outro planeta novamente, Sakura para na sua frente e abaixa a cabeça patra ficar na sua altura.

Quando Yunjin olha pra frente, tudo que ela vê são dois olhos gigantes a encarando. Miyawaki apenas ficou lá, escovando os dentes enquanto analisava Huh.

- Que foi?

- Msjjisjka. - Sakura fala alguma coisa, mas por conta da escova isso foi tudo que a coreana conseguiu entender. Pelo menos ela arrancou um sorriso do rosto de Yunjin.

Quando a japonesa sai do banheiro, a escritora já estava deitada encarando a parede. Sakura sabia que ela não estava dormindo mas também reconhecia quando sua melhor amiga não estava afim de conversar, então apenas respeitou e foi dormir.

Ela dormiu a noite toda mas Yunjin não conseguiu pregar os olhos. Sua cabeça estava cheia de coisa e ela se sentiu muito culpada pelo fato de que o que ocupava sua mente naquele momento não foi a situação de sua irmã e sim Kazuha. Bufando, ela levantou da cama e decidiu pegar um pouco de água na cozinha.

Atravessando a casa enorme apenas com a lanterna do celular para não acordar ninguém, ela larga o aparelho em cima do balcão da cozinha e vasculha os armários por um copo, assim como a geladeira por um pouco de água gelada. Ela não sabia se era a coisa mais educada a se fazer mas não ligava naquele momento.

Yunjin vira o copo de água e só assim percebeu estar com tanta sede, então ela decide servir mais e guardar a jarra na geladeira. Só essa jarra paga a passagem de Chaewon, pensou consigo mesma.

Quando a coreana-americana se virou para a porta, ela leva o maior susto da sua vida ao ver a lutadora escorada na porta, a encarando com um semblante indescritível.

Elas se encaram por alguns segundos até Yunjin engolir seco e descer o olhar para a barriga definida de Kazuha que estava a mostra, assim como suas coxas definidas.

A mente de Huh estava uma confusão, desde quando ela se sente assim? Não sabia responder, tudo que ela sabe é que sua respiração trancou quando a japonesa chegou mais perto e tirou o copo de água da sua mão, bebendo o restante.

Yunjin apenas encarou a cena com a boca aberta e os olhos do tamanho do mundo.

- Que foi, te assustei? - pela expressão da coreana, a resposta era bem óbvia. A lutadora larga o copo de vidro com força na bancada, quase o quebrando, o que fez Huh se assustar novamente.

Kazuha queria rir mas a expressão de medo de Yunjin a aflingiu.

- Eu não vou bater em você, lindinha. - ela diz, incrédula.

Yunjin não ousaria falar nada naquele momento com medo de gaguejar.

- O gato comeu sua língua? - ela ri de canto e enquanto a coreana permanece imóvel. Como sempre sendo provocativa, Kazuha decidiu testar a sanidade de Huh, chegando cada vez mais perto.

Yunjin até queria ir mais para trás, mas seus pés não a obedeciam. Nakamura nunca iria admitir, mas provocar a escritora era diferente de provocar uma mulher aleatória que ela conheceu num bar.

A coreana-americana não sabe dizer quando a mão de Kazuha desceu devagar pelo seu rosto, fazendo um carinho singelo quase estranho vindo de alguém como ela.

- Eu acho... - ela encara os olhos grandes de Huh. - que seu medo na verdade... - dessa vez ela puxa a cintura coberta apenas pelo tecido fino do pijama, trazendo Yunjin para cada vez mais perto do seu corpo. - é eu te beijar.

Não precisou de dois segundos para o beijo de mais cedo se repetir. Kazuha puxou o pescoço da coreana-americana com uma delicadeza que nem ela sabia que tinha, colando seus lábios. No começo Yunjin estava relutante, quase como se estivesse congelada. Mas logo depois ela cedeu acesso para a língua da japonesa, essa que explorava a sua boca com muito desejo.

Nakamura subiu uma das mãos até o cabelo da escritora, trazendo seus lábios para mais perto dos seus.

Era como se ela estivesse matando a sede.

Huh finalmente faz um movimento, levando as duas mãos até a cintura desnuda de Kazuha. A lutadora então decidiu colocar Yunjin em cima do balcão.

Yunjin queria se matar pensando que havia gemido na boca da japonesa quando ela pegou na sua bunda e a levantou.

A lutadora gostava de brincar que, se ela tivesse um pau, ele já estaria na testa. Até poderia ser engraçado se isso não se encaixasse tanto na situação. Antes que ela pudesse descer os beijos até o pescoço de Yunjin, a luz da cozinha é acesa, fazendo Kazuha largar a coreana, essa que ainda estava sentada no balcão de mármore.

Como se nada tivesse acontecido, a japonesa ignorou os olhos arregalados de Eunchae e segurou Huh pela cintura, ajudando que ela descesse da bancada. Ao perceber sua ação, com seu rosto quase colado no da escritora, ela solta sua cintura e sai andando para fora da cozinha.

Antes de conseguir sair de fato do cômodo, ela para na porta e se vira para Yunjin.

- Boa noite, lindinha. 



Oi hihi como estão? Sobreviveram?

A luta é dela - Kazuha+YunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora