capítulo 26

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Nari havia voltado de viagem na segunda de madrugada e eu precisei voltar para casa no domingo a tarde para que ninguém desconfiasse que eu estava com Jimin, me despedir do meu pequeno me deixou triste, mesmo que eu soubesse que nos veríamos daqui dois dias, meu coração ainda doía por deixá-lo.

A viagem não parecia ter sido das melhores já que a Nari havia chegado irritada com todos a sua volta, eu já havia sido xingado e cobrado diversas vezes. A mulher parecia que sentia a necessidade de diminuir cada pessoa que passava por ela.

Eu queria poder correr para o mais longe possível dela, mas eu estava preso ali, tudo por culpa de um único pedaço de papel, eu me arrependia amargamente de ter assinado aquele contrato, mas não tinha escolha, eu não pude tomar outra decisão além daquela, meus pais jamais aceitariam.

Respirei fundo tentando não me prender a cada uma das ofensas de Nari, eu não podia colocar tantas coisas em minha cabeça, nada do que ela dizia era verdade e eu não me cobraria por coisas que eu não devia.

Meus funcionários andavam de cabeça baixa por toda a casa, minha esposa havia conseguido estragar o dia de qualquer um deles, assim que ela se afastou eu corri para acalmar e pedir desculpas a cada um deles que não mereciam ouvir nada daquilo.

Entrei em meu escritório na tentativa de me acalmar e me manter o mais longe possível da mulher, mas logo a porta foi aberta e novamente Nari estava gritando comigo, eu me sentia cansado.

Parecia que os dois ao lado do meu menino tinham sido como doces sonhos e agora eu estava novamente preso a um pesadelo, onde eu estou casado e frustrado por não poder sair desse relacionamento.

-A mídia já não acredita na gente como casal, tem noção do que é isso, você tá estragando tudo Jeon - ela gritava sem ao menos perceber o que tudo aquilo causava dentro de mim.

Nunca gostei de gritos, eles me faziam lembrar dos meus pais e de toda a merda da minha infância, onde eu era obrigado a ouvir toda e qualquer coisa que acabaria com meu psicológico, eu odiava me sentir culpado pelas coisas, não gostava quando apontavam para mim e diziam defeitos ou coisas ruins, eu queria ser bom, não queria errar.

Ouvir Nari me fazia sentir como se eu fosse o pequeno Jeon, preso em um quarto sendo espancado e ouvindo que eu merecia aquilo, aquelas agressões eram minha culpa por não ser bom o suficiente, por não ser perfeito, eu estragava tudo.

-Você tem 5 minutos para se arrumar, vamos sair juntos e fazer compras de natal e não importa o que aconteça, você vai agir como meu marido, por que é isso que eu mereço ! - sua fala já não me atingia, eu estava preso em uma bolha onde eu apenas via meu passado.

-Eu preciso que você seja meu marido Jeon, você nem ao menos me toca, se lembre que no contrato incluí um filho e uma hora ou outra isso vai acontecer !, porra somos casados e nem mesmo recebo seus beijos- a morena parecia cada vez mais estérica, não deixei com que ela terminasse de falar e sai dali.

Corri para o quarto, tranquei a porta e desabei, eu sentia minhas mãos tremerem, as lágrimas caiam e eu mal conseguia respirar, minha cabeça me fazia lembrar de cada dor, cada momento em que eu achei que iria morrer mesmo com 4 anos de idade.

Os gritos eram gatilhos, me faziam lembrar dos meus pensamentos de criança ou nem mesmo achava que iria sobreviver, meu sonho não era que meus pais parassem de me bater, por que eu sabia que isso jamais aconteceria, meu sonho era que eu morresse logo para não precisar sentir tanta dor.

Eu me sentia em pânico, não queria e não desejava mais a morte, agora eu pedia para poder viver tempo o suficiente para me livrar das garras dos meus pais e de todas as pessoas que queriam me moldar para ser o melhor para elas e não para mim mesmo.

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