Capítulo 4

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Após A1 falar algo em seu comunicador a agente N0320 abriu a porta, ela acompanharia Rubi pelo resto do percurso até que chegassem à agência. Rubi  havia ficado satisfeita em ter alguém como ela por perto, a leveza e até mesmo a indelicadeza da agente agradou a jovem e fez com que ela se sentisse confortável. Talvez fosse por esse motivo que A1 havia a encarregado de fazer companhia e receber os novos recrutados, era impossível não se sentir bem ao lado da moça.

Ambas saíram do escritório e se dirigiram aos acentos, afinal de contas não podiam ignorar que ainda estavam em um avião a milhares de metros de altura.

- Como você lida com o fato de estar sempre chamando as pessoas por códigos? – Rubi aproveitou o pouco de proximidade que tinham para sanar suas dúvidas, sem toda a pressão de estar frente ao dono da agência.

- É um pouco estranho no começo, porém com o tempo você se acostuma e depois você quase se esquece que tem um nome. – Riu. – Brincadeira, o A1 sempre está ali para nos lembrar de quem somos de verdade, ele nunca nos deixa esquecer da nossa verdadeira identidade. Para os outros agentes somos apenas agentes, mas para ele não.

Ela falava com tanto carinho sobre o Agente A1 que para Rubi parecia mesmo que tinham uma relação além de líder e funcionária.

- Como surgiu a agência, 0130?

- Bom, o A1 começou tudo, ninguém sabe quando a agência foi fundada. Ela foi fundada por A1, A2 e A3, porém antes mesmo que o projeto fosse concretizado eles já atuavam juntos – Explicou. – Então, tudo foi idealizado e concretizado para que nos tornássemos o que somos hoje. Estamos sendo moldados constantemente para que possamos servir melhor as pessoas e espalhar a imagem da agência por onde formos.

- Quem são o A2 e A3? – Rubi ficou em dúvidas pois A1 não havia dito que existiam outros fundadores além dele.

Conscientemente, Rubi tentava de alguma forma certificar-se de que as versões se conectassem ou detectar alguma contradição. Na verdade, sua maior intenção era identificar algo para lhe convencer que estava totalmente fora de seu juízo e ter enfim uma desculpa para voltar para casa.

- O A2 é o filho do Agente A1, que foi morto pelo inimigo, e o A3 é o ajudante de todos os agentes, você o conhecerá com o tempo.

Um flash retornou na mente de Rubi e de repente ela se lembrou do porta-retratos que estava em cima da mesa do líder da agência.

- Por que o A2 foi morto? – Fez uma pequena pausa. – Não sei se podem falar a respeito disso, então se não quiser responder fique à vontade.

- O próprio A2 se entregou quando o inimigo estava destruindo a vida das pessoas e dos agentes. O inimigo acreditou que fazendo isso conseguiria desestruturar e acabar de uma vez por todas com todo o trabalho do A1, todavia isso só o motivou ainda mais a seguir com a agência. No final das contas A2 se ofereceu como moeda de troca, a vida dos agentes pela sua e por isso a agência está intacta até hoje e para a tristeza daquele que planejava a destruição, a instituição se fortalece cada vez mais. Hoje contamos com bases por quase todo mundo e o que começou de forma tímida, tornou-se uma influência na sociedade para milhares de pessoas.

Rubi estava emocionada, não conseguia nem mesmo imaginar como teria sido para aquele homem passar por algo tão brutal e ainda sim continuar empenhado em dedicar sua vida a fim de salvar outras pessoas.

- Loucura né?! – Rubi meneou a cabeça em concordância. – Muitos estavam morrendo nessa época, e pior o inimigo reinava com passe livre para destruição dos povos. Por isso, a nossa luta hoje é para resgatar aqueles que estão sob seu controle, não existe sequer alguém que caminhe com ele que consiga ser plenamente feliz. Por isso A1 concordou em não salvar seu filho, para que a tirania do inimigo pudesse acabar e que pessoas que antes eram escravizadas tivessem a oportunidade de ser salvos e se tornarem agentes.

Ela estava cada vez mais empolgada em descobrir a misteriosa história que cercava a AIPM, aquela história daria facilmente o roteiro de um filme em sua opinião. Em alguns momentos Rubi se beliscava discretamente afim de certificar-se que aquilo não era um sonho ou uma alucinação proveniente de seus antidepressivos.

- O líder tinha a possibilidade de salvar seu filho e não o salvou? Que tipo de pai faz isso?

Ela havia convivido pouco tempo com seu pai, no entanto seu pai sempre fazia questão de dizer que nunca deixaria que nada acontecesse com ela. Lembrava-se nitidamente de todo cuidado que recebera, no pouco tempo que teve com ele, certificava que ela nem mesmo se machucasse. Apenas se perguntava como A1 havia permitido que seu filho morresse.

- Ele tinha duas escolhas, a primeira é permitir que A2 se entregasse e salvasse a todos e a segunda permitir que todos morressem. - Suspirou como se fosse óbvio. – Como eu disse, A2 preferiu se entregar, jamais permitiria que seu pai entregasse a vida de tantas pessoas em troca da sua. Por isso a maior parte dos agentes tem A1 como um Pai e são muito gratos a ele, porque ele sacrificou o que para ele era mais importante. Ele é para nós muito mais do que um líder, ele é um amigo, um irmão e principalmente um Pai.

Rubi sorriu, mesmo tendo entrado naquela agência a poucas horas, se sentia importante. Seu coração se aqueceu com a história que  cercava a agência e ela sentiu em seu interior a convicção de sua decisão. A1 também havia ganhado sua admiração e carinho. Não se lembrava de sentir-se tão amada antes, a jovem sabia que aquele sacrifício era por ela também e como comprovação disto fora escolhida como agente, havia sido salvo por A2 mesmo sem pedir por isso ou imaginar que precisava

AIPM - Agência de Inteligência e Proteção MundialOnde histórias criam vida. Descubra agora