surreal

19. We like grabbing onto anything to feel like we're important

Yeosang acordou quando o sol atravessou as cortinas. Ele bocejou e sorriu, feliz por ver Mingi ao seu lado, adormecido como uma criança inocente. Kang tocou de leve o rosto dele, com medo de acordá-lo. Seus dedos escorregaram pelo nariz pontudo, os lábios grossos, as pintinhas...

Yeosang beijou tanto aqueles lugares, que ficaram marcados através de suas vidas posteriores.

-Tem algo no meu rosto?- Mingi murmurou, com a voz rouca e profunda, mais que o comum.

-Beleza matinal? Sei lá, seus cabelos tão bagunçados, mas você continua lindo. - Yeosang afundou a mão no cabelo de Mingi. Eles precisavam cortar. -E seu rosto tá corado, seus olhos tão inchados, mas você tá lindo.

Mingi deu um sorrisinho, se abraçou em Yeosang e afundou o rosto em seu peito nu, meio cheio de marquinhas.

-Amor, você é tão gostoso, sério, não quero te largar nunca mais. - Mingi murmurou. -Quero te beijar e fazer amor contigo toda noite.

Yeosang riu. -A gente tá a uns três dias transando toda noite, não é nada comum pra mim, a gente vai ficar uns dois meses sem fazer isso.

Mingi reclamou, começando a dar beijinhos nele. Yeosang riu.

-Vamos levantar, quero passear na praia, e eu quero comer toppokki de barraquinha precária. E...eu quero comprar pulseirinhas de artesãos hippies, e eu quero comer bolinho de peixe, e...acho que é isso. Eu amo a praia. Eu amo a praia e amo você.

Mingi deu um risinho e o olhou. -Você é gay.

-Bi!- Yeosang ergueu o indicador. -Eu sou bissexual.

-Bi wife energy. - Mingi murmurou, com seu péssimo inglês, mas ótima referência. Ele olhou para Yeosang e suspirou. Como podia não pensar no quão ruim seria quando o perdesse? -Deus não pode deixar você comigo?

Yeosang abriu a boca, mas não disse nada.

-Eu não pedi pra ser assim.

-Você na verdade...- Yeosang mordeu o lábio, mas nunca terminou de falar. -Vamos nos vestir, não gosto de ficar pelado assim. Vou colocar aquela saia azul com estampa de rosas amarelas. Você disse que gostava dela.

-Marca sua cinturinha. - Mingi mordeu o lábio. Ele viu Yeosang se levantar e se vestir, colocando a cueca que ele jogou no chão na noite anterior. Catou sua saia e colocou uma camiseta branca. -Te deixa uma delícia.

-Acha que eu devia pôr alguma peruca? Ou uma maquiagem...

-Pra mim tá lindo. -Mingi murmurou, meio perdido. -Pra mim você tá lindo sempre, com os moletons, as saias, as perucas, o cabelo natural, a maquiagem, o rosto limpo....eu amo você de qualquer jeito.

Yeosang sorriu, seus olhos praticamente sumiram no rosto, Mingi sorriu involuntário, apaixonado, bobo.

-Quero me vestir bem...é a última vez que vou na praia.

Mesmo que já soubesse da futura morte de Yeosang, Mingi sentia um peso no coração toda vez que ele mencionava aquilo.

Mingi nunca aceitaria.

Yeosang colocou sua camiseta de babados brancos, e colocou o colarzinho que o namorado o presenteou. Estava lindo, na própria opinião.

Por mais mágico que parecesse.

Ele passou as mãos pela cintura, pela região da costela, até a clavícula. Aqueles lugares que costumavam ser tão esqueléticos, estavam agora preenchidos muito melhor. Yeosang se sentia parecido com aquelas garotas bonitas da TV, com coxas grandes e que tinham rostos saudáveis, e não uma aparência anêmica e magra.