A PRIMEIRA VEZ É SEMPRE A MAIS DIFÍCIL
Meu pai ficou realmente feliz quando avistou Ricardo passar pela porta. Acho que ele não ouviu o que aconteceu do lado de fora. Assim que nos sentamos no sofá, meu pai começou a reclamar de Augusto, o que não ajudou a diminuir o ódio de Ricardo pelo enfermeiro. Augusto aparecia raramente na sala e, quando o fazia, dirigia-se apenas ao meu pai, certificando-se de que ele não precisava de nada e depois saía, voltando para a cozinha. Eu estava me sentindo mal por ele; não foi culpa dele querer se explicar, e eu devia ter dito ao Ricardo que nós devíamos ter conhecido o enfermeiro antes de ele vir trabalhar com meu pai. Infelizmente, meu noivo decidiu confiar apenas no julgamento do dr. Ícaro, e mesmo que o homem seja bom, isso não o impediu de tentar dar em cima de alguém que possivelmente estava pagando o salário dele.
Após algumas horas de conversa, minha mãe finalmente chegou. Ela surgiu na sala com os olhos um pouco marejados, preocupando todos nós. Felizmente, ela apenas disse que estava triste com a partida de sua antiga casa. Paulo estava com ela, carregando algumas malas que trouxeram de Socorro. Ricardo disse que ele poderia levar tudo para o quarto e, sem questionar, o segurança apenas obedeceu.
— Como foi o dia de vocês? — perguntou minha mãe, sentando-se ao meu lado, entre meu pai e eu.
— Bom. — respondi, sentindo a mão de Ricardo tocar a minha. Eu não queria que meus pais soubessem de nada do que aconteceu do lado de fora, e Ricardo parecia compartilhar da mesma opinião.
Passamos o restante da tarde com meus pais. Eles nos contavam histórias deles e histórias embaraçosas minhas para o Ricardo, enquanto meu noivo lhes contava os planos que tínhamos para depois do casamento. Meus pais ficaram contentes em saber que queríamos ter filhos e que iriam adorar nos ajudar em tudo que precisássemos. Quando a noite finalmente caiu, Augusto avisou que estaria indo embora, e Ricardo pediu para falar com ele a sós. Sem que eu pudesse pedir para ir junto, os dois já estavam saindo. Fiquei um pouco apreensivo com o que ele poderia fazer, mas depois de alguns minutos, durante os quais eu constantemente olhava para a porta de entrada, Ricardo voltou. Seu olhar estava impassível, mas quando se sentou, a primeira coisa que fez foi segurar firme a minha mão.
Fiquei mais tranquilo; meu medo era que ele acabasse ficando zangado comigo ou algo parecido. Depois disso, Ricardo e eu anunciamos que estaríamos indo embora. Apesar de alguns protestos de meus pais, conseguimos sair com a promessa de sempre visitá-los. Paulo estava nos esperando do lado de fora, com a porta aberta para Ricardo e para mim. Quando entramos no carro, meu noivo se sentou em uma ponta, enquanto eu me sentei na outra.
A viagem de volta foi silenciosa e rápida; em menos de três minutos, estávamos estacionando em frente à mansão. Paulo abriu a porta para nós, e Ricardo me estendeu a mão para me ajudar a sair do carro. Só então percebi que ele não tinha nem mesmo o esboço de um sorriso. Seu rosto estava duro e seu olhar, frio. Respirei fundo e o acompanhei para dentro da mansão, enquanto Paulo levava o carro embora. Quando passamos pela porta, Ricardo retirou a gravata do pescoço e o paletó que estava usando. Ele desabotoou alguns botões da camisa social branca e saiu andando, me fazendo segui-lo.
— Você não vai dizer nada? — perguntei, irritado com o silêncio dele.
— A partir de amanhã você só sai de casa se for acompanhado de algum segurança ou comigo. — Sua voz estava firme, fria e distante.
Parei no mesmo lugar, olhando incrédulo para as costas dele. Ricardo se virou, notando meu olhar, e suspirou cansado.
— Tenho cara de criança para precisar de babá quando sair de casa? — minha voz saiu mais alta do que eu gostaria.
— Não é essa a questão, Danilo. Você viu o que aconteceu quando saiu sozinho? — ele deu alguns passos para trás, aumentando o tom de voz também. — Eu não sei do que sou capaz de fazer com o mundo se algo te acontecer.
— Sei que você se preocupa, mas eu passei dezoito anos sem você e nunca me aconteceu nada. Não é agora que tudo vai desabar. — passei por ele, saindo do hall de entrada e entrando na sala de estar.
— Danilo, eu estou falando sério. Não quero você sozinho por aí, correndo o risco de caras como aquele irem para cima de você. — Ricardo veio atrás de mim, seus passos mais largos que os meus, e me virou para encará-lo.
— Aquilo foi um mal-entendido.
— Mas e se não fosse? Danilo, eu te amo demais para deixar que algo ruim te aconteça. — Ele parecia desesperado. — Eu não quero que algo parecido com o que aconteceu com a minha irmã aconteça com você.
As palavras dele saíram com raiva, medo, insegurança e tantos outros sentimentos, que eu fiquei sem saber o que responder. Seus olhos se encheram de lágrimas e, antes que eu pudesse impedir, ele estava chorando. Ver um homem como o Ricardo chorar não é nem um pouco confortável. Puxei-o para um abraço, deixando que chorasse com o rosto enfiado no meu pescoço. Seus braços me apertaram com força, mas cheios de carinho e proteção. Sem saber o que fazer, levei-o até o sofá e me sentei, pedindo para que ele deitasse com a cabeça no meu colo. Quando eu era pequeno e acabava tendo um pesadelo, eu sempre corria para o Arthur e ele sempre me acalmava desse jeito.
Pedi para Ricardo me olhar nos olhos e, em meio a tantas lágrimas, aquelas lindas orbes verdes me encararam cheias de amor e paixão. Fiz carinho em seus cabelos, enquanto, com a outra mão, entrelacei nossos dedos. Cantarolei uma música de ninar antiga, torcendo para que isso funcionasse com ele da mesma forma que funcionava quando eu tinha uns cinco anos. Apesar da nossa briga, mantive um sorriso nos lábios e continuei cantarolando a música. Aos poucos, seus olhos foram se fechando e sua boca soltou um bocejo alto. Eu realmente só parei de cantar quando ele estava dormindo.
Sua mão ainda me segurava firme, impedindo-me de me afastar, mas eu não queria fazer isso. Observei seu rosto bonito, enxuguei algumas lágrimas que deslizavam por seu rosto e joguei a cabeça para trás, apoiando-a no sofá. Sobrevivemos à nossa primeira briga de casal; acho que é um grande avanço.
— Vocês não se mataram? — Me virei assustado e encontrei V e Raissa nos olhando. — Isso definitivamente é algo que eu preciso registrar.
V pegou seu celular e tirou uma foto de Ricardo dormindo pacificamente em minhas pernas.
— Ficou tudo silencioso, achei que tinham se matado ou que estavam transando aqui na sala. — comentou Raissa, me fazendo ficar vermelho de vergonha. — Eu não esperava encontrar uma cena dessas.
— Meu irmão me ajudava a dormir assim quando a gente era pequeno e eu tinha algum pesadelo. Eu sempre acabava correndo para o quarto dele, em vez do de meus pais. Então ele me deitava na cama dele, colocava minha cabeça no seu colo e cantarolava uma música de ninar muito antiga. — expliquei, observando Ricardo se mexer e virar o rosto para minha barriga. — Chegou uma hora que eu fingia ter pesadelo só para poder dormir com ele. Acho até que ele sabia disso, mas nunca reclamou de me ajudar.
— Por que vocês estavam brigando? — perguntou V, recebendo um tapa no braço de Raissa. — Ai, isso doeu.
— Não seja curioso.
— Ricardo disse que eu só podia sair de casa acompanhado de um segurança ou dele, caso contrário era pra ficar aqui dentro. — senti um gosto amargo na boca.
— Ouvimos um pouco da gritaria de vocês. Quem foi o desavisado que deu em cima de você? — V novamente recebeu um tapa da namorada, reclamando de dor.
— O enfermeiro do meu pai me chamou para sair. Eu fiquei assustado, achando que ele talvez estivesse pensando que eu iria trair, mas estava sem meu anel de noivado. Fiquei desesperado e tentei voltar para casa antes que Ricardo visse e me achasse um relaxado ou algo parecido. — expliquei, acariciando a bochecha do meu noivo. — Quando eu estava saindo, o enfermeiro me segurou pela mão e me pediu para ficar, para esclarecer tudo. Na hora, meu desespero só aumentou e, ao olhar para a mão dele tocando a minha, eu senti algo estranho que me fez puxar a mão com tudo. Mas ele não estava me segurando, eu me desequilibrei e quase caí.
— Agora eu sei o por que ele estava tão alterado. — murmurou Raissa.
— A gente resolveu as coisas com o enfermeiro, mas ele tem medo de que aconteça comigo o que aconteceu com a irmã. — Raissa e V se encararam por alguns segundos, antes de V se sentar ao meu lado e me dar um abraço.
— Conheço o Ricardo desde pequeno e sei que ele só quer te proteger. Vocês não precisam brigar por isso. — apoiei minha cabeça em seu ombro e fiquei observando meu noivo em meu colo.
— Sabe, é a primeira vez que eu me apaixono assim por alguém. Antes era apenas sexo sem compromisso e tudo mais. — senti minha bochecha corar ao revelar isso para eles. — Eu tenho medo de acabar estragando tudo o que eu tenho com o Ricardo. De tudo isso ser um sonho e eu estar acordando em casa, sem nunca ter conhecido ele.
— Não é um sonho, Danilo. — disse Raissa, nos olhando em pé e com um sorriso. — Você pode achar que não, mas essa é a primeira vez que a gente vê o Ricardo assim. Ele está apaixonado por você, não é só mais um caso de poucos dias como os que ele tinha ou como foi quando ele namorou pela primeira vez. A gente consegue ver a diferença e notar que vocês se amam de verdade.
— Obrigado, é muito importante saber disso.
— Vou voltar para a cozinha e terminar o jantar. Chamo vocês quando estiver pronto. — Raissa soprou um beijinho para nós e saiu.
— Quer ver um negócio legal? — perguntou V, um sorriso arteiro no rosto. Concordei com a cabeça, um pouco inseguro com o que ele iria fazer. — O Rick reage a coisas quando está dormindo.
— Coisas de que tipo?
— Você vai ver. — V saiu do sofá e se ajoelhou no chão, colocando a boca próxima do ouvido de Ricardo. — Ricardo, o Danilo está indo embora.
Antes mesmo que ele tivesse terminado de falar, Ricardo abraçou minha cintura com força. Seus olhos ainda estavam fechados, indicando que estava dormindo. V estava se contendo para não cair na gargalhada, enquanto eu ainda estava indeciso se isso era uma boa ideia ou não.
— Ricardo, eu vou dar só um beijinho no Danilo, okay? — Foi tão rápido que ele não teve nem reação. Em um segundo V estava bem e no outro, jogado no chão com o nariz sangrando. — Caralho, sabe nem brincar.
— Já te falei que odeio quando você faz isso! — Ricardo, que ainda parecia sonolento e encarava o amigo com raiva.
— É, eu devia saber que isso não seria uma boa ideia. — Ricardo pareceu me notar e se virou para mim. Ele estava em meu colo, meus braços na sua cintura. — Boa noite.
— Me desculpa por ter gritado? — pediu, pegando minha mão e a beijando.
— Eu também gritei, não foi culpa sua.
— Foi sim, eu disse que não iria agir como se fosse seu dono e foi exatamente isso o que eu fiz. Danilo, por favor, diz que me perdoa? — Ricardo estava me encarando com aqueles olhos esmeraldas.
— É claro que eu te perdoo. Ricardo, eu te amo muito. Você é meu príncipe encantado e o bad boy que eu sempre gostei. Você é tudo que tem bom e não vai ser uma briga que vai me fazer deixar de gostar de você. — expliquei, e o sorriso dele finalmente havia retornado.
Ricardo nos virou no sofá e me colocou deitado em cima dele. Suas mãos agarraram minha cintura e seus lábios se juntaram aos meus. V murmurou algo como “jogar cloro nos olhos” e saiu. Deitei com a cabeça no peitoral dele e fiquei escutando seus batimentos. Abri um sorriso; nós havíamos passado pela nossa primeira briga de casal e sobrevivemos a isso. Ser inexperiente em relacionamentos tem muitas desvantagens, mas o bom é que posso passar as coisas boas com o Ricardo. Como esses momentos depois de nos acertarmos, é a primeira vez que me sinto bem desse jeito. Me sinto calmo e tranquilo, porque sei que, não importa o motivo, ele sempre vai estar pensando em mim primeiro.
Ele e eu ficamos alguns minutos conversando na sala. Ele me contava ideias de lugares que poderíamos escolher para passar a lua de mel. Eu apenas murmurei que nunca saí de Socorro e da cidade de São Paulo, então qualquer lugar seria interessante. Ricardo disse que precisava ser especial para nós dois e que iria fazer uma lista dos lugares que ele nunca foi, para que eu pudesse escolher. Tem tanta coisa que a gente precisa providenciar antes do casamento e eu não sei quase nada.
Antes que eu pudesse perguntar algo, Raissa apareceu na sala e nos avisou que o jantar estava pronto. Decidi conversar sobre o casamento em outra hora e Ricardo não falou mais no assunto. Nos levantamos e ele me carregou até a sala de jantar, me fazendo rir. Seus lábios toda hora me procurando para um beijo e eu sempre retribuindo com muito amor. Nos sentamos à mesa, esperando os pratos serem postos. Eu sentia que estávamos bem, então tudo o que eu podia fazer era segurar a mão do Ricardo e olhá-lo como um bobo apaixonado.
Durante todo o jantar, nós conversamos sobre coisas banais. Ricardo me perguntava sobre minha infância e eu sobre a dele. Descobrimos que gostávamos do mesmo desenho antigo, que quando ele era pequeno quase morreu tentando pular da janela dizendo que podia voar, e que o primeiro beijo dele foi aos 15 anos, com ninguém menos que o V. Confesso que quase cuspi o suco que eu estava tomando quando ele disse que o primeiro beijo dele foi com o V. Ambos queriam descobrir se gostavam de garotos; Ricardo gostava e V não. Perguntei de brincadeira se precisava me preocupar e ele respondeu que o V era o amante dele.
Foi divertido, e quando terminamos de jantar, ele me levou para o quarto. Tomamos banho juntos e fomos nos deitar.
— Geralmente os casais fazem sexo de reconciliação. — comentou, beijando meu pescoço.
— Não quer guardar essa experiência para, se um dia, eu espero que isso não aconteça, a gente se separar e voltar? — perguntei, sorrindo, e ele ponderou. — Além do mais, eu estou bem cansado hoje. A gente transou quatro vezes ontem, não acha que eu preciso de um descanso?
— Tudo bem, você está certo. — Ricardo me deu um último beijo de boa noite e me abraçou por trás, colocando a mão em cima de meu coração, por dentro da camisa.
Sorri com esse gesto, fechando os olhos e adormecendo ao som de sua respiração calma. No meu sonho, eu estava ao lado de Ricardo. Ele estava usando um terno branco e tinha o braço enroscado no meu. Eu não conseguia ver ao nosso redor, mas sabia que aquele era o meu casamento. Ele sorria para mim, com um olhar sereno e apaixonado. Então, uma voz ao fundo nos perguntou se aceitávamos ser marido e marido. Eu disse sim, olhando fundo nos olhos dele e ansioso por sua resposta. Ricardo tocou meu rosto, seu sorriso se desfez e sua mão me empurrou para trás. Caí de bunda no chão, olhando-o assustado e confuso. Ricardo se aproximou, segurando meu pescoço com firmeza e colocando a boca em meu ouvido.
— Eu jamais me casaria com você!
Senti meu coração se despedaçar. Ao fundo, sons de risadas e gargalhadas podiam ser ouvidos. Agora eu podia ver que havia pessoas nos assistindo. Minha família, a família dele e nossos amigos. Todos apontavam para mim e riam da minha cara. Eu pedia para pararem, que aquilo não era engraçado, mas eles não paravam. Ricardo surgiu na minha frente de novo, ele estava ao lado de um homem que eu não conhecia e, por algum motivo, não conseguia dar forma ao seu rosto. Eles se beijaram, me fazendo derramar lágrimas, e então alguém me levantou. Era Arthur. Ele não estava rindo, estava zangado, e era comigo.
— Eu te avisei, Danilo. — Sua voz saiu fria, baixa e monótona.
— Eu nunca te amei. Você não passou de um brinquedo sexual, um buraco onde eu podia me satisfazer e nem pra isso você serve mais. — dizia Ricardo, que se aproximava. — Meu ex sim sabe como eu gosto e me deixa muito mais excitado do que você.
Dizendo isso, Ricardo e o homem sem rosto me deram as costas. Eu chamei por ele e tentei me soltar do meu irmão, mas de nada adiantava. Acordei gritando, me levantando na cama e olhando para os lados. Ricardo acordou logo em seguida, me perguntando se eu estava bem. Meus olhos estavam cheios de lágrimas e meu coração acelerado.
— Eu tive um pesadelo. — disse, parecendo uma criança medrosa.
— Pesadelos não são reais, meu amor. — disse ele, me abraçando e beijando meu rosto. — Com o que você sonhou?
— Primeiro sonhei com nosso casamento e você estava tão lindo de terno branco. — Ricardo sorriu. — Mas aí você me disse que nunca iria se casar comigo, que eu não passei de um brinquedo sexual e que seu ex te aguentava bem mais do que eu.
Percebi que ele queria rir, mas acho que por temer a vida, ele resolveu não rir de mim agora. Ricardo se aproximou e me deu um beijo na boca.
— Danilo, você foi a única pessoa com quem eu transei na vida, que me aguentou quatro vezes seguidas durante uma noite. Você é forte, e não é um brinquedo sexual, você é o amor da minha vida. — ele beijou meu rosto, enxugando minhas lágrimas e acariciando minhas costas.
— Sério que eu fui o único que te aguentou quatro vezes? — perguntei, rindo em meio as lágrimas.
— Sim e meu ex mal conseguia me aguentar uma. Você é melhor do que ele em tudo, não tem que se preocupar com nada. — Ele explicou, me fazendo sorrir. — Quer que eu desça e pegue um copo d’água?
— Não, pode deixar que eu pego. Pode voltar a dormir. — Lhe deitei na cama, beijando sua bochecha.
— Eu não consigo dormir sem você.
— Então eu vou voltar rapidinho, pra’ poder dormir agarrado em você. — Ricardo riu e me deixou levantar.
Me levantei da cama e logo os olhos dele correram para minhas pernas desnudas, cobertas somente por uma cueca box vermelha. Fiz um charmezinho e segui para o térreo, quando ele rosnou com o que eu fiz. Estava tudo escuro pela casa e o maior silêncio. Desci pé ante pé e saí na sala de estar. Se eu fizer algum barulho, é bem capaz de acordar todo mundo da mansão, de tão silenciosa que ela está. Na cozinha, peguei um copo de água gelada e mordisquei um pedaço de bolo de limão que a Raissa fez. Quando acabei, soltei um longo bocejo e voltei para a sala de jantar, tentando não cair no escuro.
Meu foco estava totalmente em não fazer barulho, tanto que nem notei que alguém se aproximava por trás de mim. Minha boca foi tapada, e algo gelado e metálico foi colocado contra minha garganta. Tentei me debater no susto de ser surpreendido e senti algo escorrer do meu pescoço, uma dorzinha provocada por algo me perfurando.
— Não se mexa, se não quiser morrer. — Era uma voz desconhecida e masculina. — Vim atrás do Ricardo, mas acho que uma vingança seja mais divertido.
Ele afastou a faca, deixando que o sangue escorresse para dentro de minha camisa. Sua mão deslizou por meu corpo, tateando minha bunda. Lágrimas escorreram por meus olhos, enquanto eu tentava me debater novamente. Sem sorte, o homem aproximou a boca de minha orelha e a lambeu, me fazendo recuar de medo. Na minha cabeça, eu desejava que Ricardo aparecesse por aquela escada e me salvasse, mas isso não aconteceu.
— Aquele maldito matou meu irmãozinho. Acho que devo fazer o mesmo, tirar algo precioso dele. Matar o noivo vai ser melhor ainda, e olha, faz um tempinho que eu não dou uma aliviada.
Desesperado, mordi o dedo dele que estava na minha boca e pisei no seu pé, fazendo-o recuar de dor. O homem me soltou por alguns segundos, o que foi suficiente para que eu pudesse me soltar.
— Ricardo! — Gritei, desesperado.
Tentei correr, mas ele chutou minha perna e me fez cair. Mal tive tempo de tocar o chão e ele já estava atrás de mim, virando-me para encará-lo nos olhos. E como eu não queria ter visto aqueles olhos. A cor, um verde esmeralda que se assemelhava aos de Ricardo. Ele levantou a mão com a faca e a desceu com força; coloquei minha mão na frente e a dor que senti ao ser perfurado fez-me gritar. Felizmente, consegui resistir a ele e evitar que atingisse meu rosto, a faca a poucos centímetros de meus olhos. O homem tentou forçar para baixo e, quando senti meus braços enfraquecerem, um som alto de um tiro foi ouvido, e o homem caiu ao lado, deixando escapar a faca de minha mão.
Olhei para a escada e vi Ricardo segurando uma arma, com o rosto enfurecido. Ele veio até mim, seu rosto passando de raiva para preocupação em segundos. Ele me colocou contra seu peito, abraçando meu corpo e sussurrando que tudo estava bem. Olhei para o corpo caído ao meu lado e tentei focar em seu rosto. Meus olhos se encheram de lágrimas quando percebi que era o mesmo segurança que estava na entrada da mansão hoje, um homem que eu nunca tinha visto antes.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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Meu Mafioso (Romance Gay) REVISADO
RomanceApós perder seu emprego, Danilo se vê em uma encruzilhada inesperada. Um encontro inusitado com um misterioso italiano em uma Lamborghini resulta em uma proposta de casamento que poderia mudar sua vida para sempre. A oferta é tentadora, mas vem com...