1x17: sparks

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Alexandre abriu os olhos devagar, seu corpo parecia ter sido atravessado por vários tiros, dolorido em todas as partes. Seu quarto estava escuro e quando ele pegou o celular, viu que era de madrugada. Levantou aos poucos, sentando na cama, o peito nu no ar frio do quarto. Acendeu o abajur, olhou ao redor. Sua casa estava uma zona, e ele se perguntava quando foi que a ausência de Giovanna se refletia na sua vida. Ele só conseguiu comer depois de escutar a voz dela ontem. Tinha dormido em paz, não acordou assustado.

A verdade era que ela era sua perdição e sua luz. Giovanna o fazia querer ser melhor, como ele disse mesmo no primeiro encontro deles: ele era errado, era um viciado em jogo, ele estava caminhando para o desastre quando a conheceu. Mas ele estava melhorando, queria ser melhor, pelo filho, e naquele momento em que seus olhos se encontraram no salão, em que ele a viu em cima daquele palco dando aula, ele sabia que queria, que iria ser melhor por ele, para ela.

"Alexandre entrou no salão arrumando o terno. Olhou logo para o palco, seu chefe lhe disse que a antropóloga estaria dando uma palestra na George Washington University, e que tinha que pedir ajuda. Seu chefe só esqueceu de dizer que ela era uma mulher linda, com olhos marcantes e cabelos que pareciam brilhar, e o cheiro dela parecia ocupar todo aquele auditório.

Ele percebeu quando ela o encarou.

— O senhor quer se sentar?

— Na verdade, quero saber  como pode saber tanta coisa só de olhar uma pilha de ossos.

Dra. Giovanna lhe deu um sorriso de canto.

— Porque eu sou a melhor no meu campo.

Alexandre pareceu ser convencer, sentou na plateia e assistiu até o fim. Os alunos bateram palmas ao final e ela respondeu as perguntas que surgiram. Quando o auditório esvaziou, Nero se aproximou dela. Giovanna sorriu para ele, o cumprimentando.

— Dra. Giovanna Antonelli, e você?

— Agente Especial Alexandre Nero. — ele estava perdido no olhar dela. — Me diga, doutora, acredita em destino?

— Absolutamente não, é invenção.''

Nero entrou no apartamento dela devagar. É claro que ele tinha ficado com  a chave reserva dela depois daquela noite, eles  nunca conversaram para que ele pudesse responder. Acendeu as luzes, olhou ao redor. Tudo ali exalava a presença dela, as coisas todas pareciam esperar o momento em que ela iria voltar. Ele deixou a mochila no sofá, foi até a cozinha. A louça suja ele lavou, guardou. Os livros que estavam na mesa da sala ele organizou na prateleira. Ele foi limpando toda a casa porque queria  que ela não tivesse preocupações. Quando terminou de fazer tudo já estava amanhecendo. Ele tomou banho, trocou de roupa e saiu para o hospital.

No caminho, ele comprou orquídeas. As azuis, pois queria ser o único a dar isso a ela. Eram únicas como ela.

Ele chegou cedo, estava passando pelos corredores, quando percebeu que passava pelo quarto de Robert. Resolveu entrar para saber como estava o amigo, como estava a perna, e como estava o humor. Sabia que o homem estava revoltado com o fato do FBI não ter nenhuma pista do maldito que fez isso com eles. Se sentia inútil  nisso também, e as palavras de Veiga não pareciam uma ameaça agora. Era realmente impossível pegar esse cara.

Robert estava acordado, trocava de canal na televisão em puro tédio. Ao ver o agente entrando, deu um leve sorriso.

— Não sabia que eu estava merecendo flores.

Alexandre sorriu também.

— Não acho  que orquídeas sejam suas favoritas.

— Não são, mas valeria a intenção.

Parts of the WholeOnde histórias criam vida. Descubra agora