Como parcerias musicais inusitadas, o que tinha tudo para dar errado estava dando certo. Depois do caso de Elizabeth Eller, a parceria entre o Smithsonian e o FBI tinha conseguido resolver mais dois casos em tempo recorde. Para Giovanna e Alexandre era muito tempo de convivência, para Robert, Liam e Alessandra, eram horas de boa especulação sobre quando a antropóloga e o agente iam finalmente se render à tensão.
— Eu não sei como você ainda não trancou os dois em uma sala sozinhos. — Robert falou com um sorriso no rosto.
— Giovanna negaria até a morte e Nero faria cara de paisagem, nem eles sabem o que está acontecendo direito. — Alessandra rebateu, revirando os olhos. — Tem que ter um jeito, essa mulher está com a tensão capaz de iluminar uma pequena cidade.
— Deveria chamá-la para essas baladas que frequenta. — Liam falou, seu olhar encontrando a chefe caminhando com uma caixa de ossos para o escritório.
Os três se entreolharam e balançaram a cabeça.
— Impossível, ela não sai desse laboratório. — Alessandra falou, cruzando os braços.
— Fala com ela, se sair mais um livro com o super agente vai ficar difícil de esconder.
Alessandra tomou isso como uma verdadeira missão. Desceu da plataforma e foi para a sala da amiga. Já estava querendo falar com ela há alguns dias, depois que fugiu da cena do crime para vomitar. Giovanna precisava dela, mas Alessandra não era feita para esse mundo. Na verdade, acreditava fielmente que ninguém deveria ter cenas como a que viu cravadas na mente.
Encontrou Giovanna no chão, rodeada de alguns arquivos que precisava revisar antes de mandar para o FBI. Ao ouvir passos, a antropóloga olhou para trás e sorriu.
— Ainda aqui?
— Queria pedir desculpas por não ter sido capaz de ficar na cena do crime para te ajudar no outro dia... aquilo realmente... — Alessandra se jogou no sofá e fechou os olhos.
Giovanna sentou ao lado da amiga, segurando sua mão. Quando chamou Alessandra para trabalhar com ela no instituto tinha certeza que a artista ia dizer não. O sonho dela era Paris. Morar lá, estudar lá, casar lá, ter crianças francesas. A distância desses sonhos era a conta bancária, por isso Alessandra aceitou vir.
Era para ser temporário.
Até não ser mais.
—Eu que peço desculpa, as vezes me esqueço que você é a única normal entre nós. Você consegue ver tudo por trás, eu não mais... não sei o que é pior.
— Está tudo bem?
Giovanna desviou o olhar, o que indicava que ela ia desviar da conversa também. Desde o começo dessa parceira, Giovanna parecia ficar cada vez mais mexida com cada comentário que escutava sobre sua falta de sensibilidade. Alessandra não ia falar sobre isso hoje, mas tocaria nesse assunto algum dia.
— Está sim.
— Bom, sobre esse fim de semana...
— Alessandra, não sei...
— Vamos! A boate é ótima, toca vários estilos musicais! Tudo que há de mais novo!
— Eu não conheço nada que é novo.
— Ah, para! Os meninos vão! Podemos chamar o Nero!
Ao ouvir o nome do parceiro, os olhos de Giovanna se arregalaram.
— Não!
— Eu acho que ele gosta de você! Se eu estivesse no seu lugar...
— Eu tenho muita coisa para fazer, tenho ossos da...
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Parts of the Whole
FanfictionUma cética antropóloga forense é colocada para ajudar o FBI na resolução de casos. O arrogante agente se vê obrigado a trabalhar do jeito que ela quer. Quando a razão encontra a emoção, a única solução é proteger o próprio coração.