1x20: the unusual happy feeling

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Kathy olhava para Andy com a certeza de que não tinha certeza alguma. Tinha em sua mente todos os prós e contras dessa relação sem nome, sem regras, sem convenções. A ciência e a lógica ficavam de fora enquanto ela observava ele se acomodar à beira de seu fogão, cozinhando sabe-se lá o que. O cheiro estava bom, e de repente era isso que importava. A vontade de se saber todos os fatos era mínima, e seus olhos se acostumavam com a visão caseira, se perguntando se poderia relaxar o corpo e a mente e confiar no que seus olhos viam bem aqui.

Andy ficava.

Giovanna parou de digitar e ficou encarando a tela do computador por alguns instantes. Ela não sabia como prosseguir a partir daqui. Seu editor cobrou uma evolução do relacionamento dos personagens, quase ironico, o timing não poderia ser melhor. Ela precisava evoluir sua heroína, era o ponto de não retorno. Não poderiam voltar ao que eram e não poderiam seguir em frente sem saber o que seria aquilo.

Estavam presos.

Como ela.

Chegaram de Vegas na noite anterior e Nero disse que pegaria Dylan para passar o dia com ele. O e-mail da editora lhe salvou de se explicar a uma criança do que ela era do papai. Não que ela estivesse fugindo de alguma forma, não. Se considerava até bem corajosa de ter deixando ele lhe deixar em casa com um beijo nos lábios e a promessa de vir a sua casa na noite seguinte.

Ela passou o dia escrevendo e agora que estava nessa parte não sabia como ir adiante.

Giovanna nunca se considerou uma mulher com fácil bloqueio criativo, mas de repente ela já não era a mesma.

A campainha tocou a tirando de um estado de torpor. Se levantou e se olhou no espelho, coisa que nunca fazia, mas de repente se viu tomada pelo instinto de estar bonita para quem lhe esperava do lado de fora. Isso era tão perigoso. Nero já estava com as caixas de comida chinesa em mãos, um sorriso charmoso no rosto, e uma mochila preta em seu ombro.

Ela se encostou na porta, o analisando.

— Não me lembro de ter falado para vir. — ela tentou provocar, séria, mas ele era mais esperto do que isso.

— A sua sorte é que eu tenho uma boa memória.

Ele deu um passo a frente, se inclinando para beijá-la. Estava vencida. Tocou a nuca dele, saboreando seus lábios. Nero se afastou e sorriu para ela.

— Posso entrar agora, doutora?

Giovanna deu passagem, fechando a porta enquanto o observava se fazer em casa. Ele estava aqui nos últimos dias antes de Vegas, estava aqui agora. Era como se ele não fosse embora nunca mesmo. A mochila dele foi parar em uma das cadeiras de sua mesa de jantar, as caixas iam se abrindo e ele falava sobre como tinha sido seu dia com Dylan.

Banal.

Ela se pegava no lugar de Kathy.

— Ele está maluco para ver você, posso pegá-lo depois da escola e tomamos um sorvete no Dinner, o que acha?

Quando a resposta não veio, Alexandre a encarou e sorriu. Ela estava parada o olhando como se ele fosse um prêmio.

— O que foi? Está com tanta fome assim?

Giovanna pareceu acordar e sorriu para ele, se aproximando.

— Só estou um pouco cansada, escrevi o dia todo.

— Você precisa de férias.

— Eu fiquei parada alguns dias.

— Para se recuperar de um sequestro, você precisa de uma praia de areia branquinha e um Mojito na mão.

Parts of the WholeOnde histórias criam vida. Descubra agora