Parts of the Whole

2x04: fucking blond fucking easy smile

Não poderia dizer ser estranho estar dentro de um carro com ele novamente. Eles sempre trabalharam assim, ele dirigia, ela checava documentos, eles iam até um suspeito, sempre foi assim. Mas de alguma forma tudo isso parecia estar fora de lugar, e depois de meses aquele instinto de fuga que ela sempre tinha em situações difíceis apareceu novamente. De repente, voltar para o Brasil depois desse caso não parecia tão fora de cenário. 

— Qual o próximo lugar? 

— Indústria Ipchun. 

— Certo. Ipchun. Não é como nos velhos tempos? 

Giovanna se perguntava se estava ouvindo certo. Não era possível. Nos velhos tempos esse homem estaria com a mão na sua perna, sorrindo de canto, dizendo que não via a hora de voltarem para o apartamento de um dos dois. De repente os velhos tempos viraram tempos comuns. 

Ele realmente seguiu em frente como disse que iria e como ela permitiu que fosse. 

E as palavras de Alessandra borraram sua mente e seu julgamento. 

Quem ele pensava que era? 

Mas tem que ficar feliz por ele, Giovanna. Ciúme não é racional. Ciúme? Quem falou sobre ciúme aqui? 

— Stapes? — ele chamou sua atenção quando ela demorou para responder. 

— É, você continua sem usar o cinto de segurança. 

— Ei, eu tenho que ser rápido se alguma coisa der errado, como um tigre. 

— Deveria dizer pulga se quer se referir a reflexos rápidos. 

— Não sou uma pulga. Olha, Stapes, temos que conversar. 

— Sobre como minhas comparações te deixam desconfortável. 

— Não, não é isso. Vamos reunir a equipe de novo? 

Ela parou para pensar. Voltar para o Brasil seria sua válvula de escape para os sentimentos sufocantes, mas estaria sendo desonesta, e quebraria o acordo que fez consigo mesma de não esconder sentimentos, de não os reprimir. Ela sonhou com isso, sonhou com o dia em que voltavam, em que se reuniam, mas no sonho não tinha nenhuma loira. 

— Eu sonhei com isso. — ela falou, um pouco mais calma. 

— Sonhou? Então aceita voltar? Pra valer? 

— É um fato antropológico que, em qualquer comunidade, há uma personalidade-chave. 

— Tipo um líder? 

— Não necessariamente, costuma ser um integrante do grupo apenas, que pode parecer invisível, mas quando ela vai embora, o grupo desintegra. 

— Ela? — ele questionou em um tom divertido. 

— É, eu claramente sou essa pessoa no nosso grupo. 

— Mas eu também fui embora. 

— Quando eu aceitei meu convite. 

— Não, você foi embora depois... — ele se calou quando viu que sua mente estava entrando em um terreno perigoso. — Olha, a questão é: vai voltar de vez? 

— Eu preferiria voltar para o Brasil, mas acho que por ser a personalidade-chave, eu deveria colocar meus desejos de lado pelo bem do nosso grupo. Então sim, vou ficar. 

— Maravilha! — ele falou genuinamente contente com isso. — Só precisa convencer Robert e Alessandra. Ligue para o Smithsonian, diga que voltou, devolva o laboratório para Sheron e faça uma lista de estagiários que vão ficar com você nesse período em que o Liam está fora.