Giovanna olhava ao redor tentando disfarçar o desgosto pelo local. Fazia mais um tour pelo hospital pensando que aquele ambiente não estava lhe agradando, mas Nero tinha certeza que uma terceira tour na semana a faria mudar de ideia. A antropóloga tinha cada dia mais certeza que a casa de parto recomendada por uma doula renomada era a melhor ideia. Era uma casa equipada, que traria um ambiente familiar, e não causaria pânico de um parto em casa como Alexandre tanto reclamava. Nessa reta final, faltando poucos dias para completar as semanas necessárias, a notícia de que ela não iria querer um parto dentro do hospital pegou o federal de surpresa.— Esse lugar está repleto de germes em todos os lugares. — ela falou, não tanto em voz baixa, olhando ao redor.
— É um dos melhores hospitais de DC, o que está dizendo, Giovanna?
— Coincidentemente sendo um hospital católico.
— Isso não tem nada ver com a minha religião, mas que é agradável, sim, é.
Giovanna tirou a luz violeta da bolsa e começou a apontar para os lugares. As manchas no chão e nas paredes evidenciando fluídos e fluídos que mesmo limpos, não desapareciam dos olhos atentos de Giovanna. Alexandre ficou vermelho, vendo como os outros pais olhavam atentos para tudo que ela mostrava ou falava.
— Olha só, parece que o padrão está baixo por aqui, fluídos e fluídos em todos os lugares, honestamente me admira você querer que nossa filha nasça nesse lugar.
— Meu bem... As pessoas...
— Algum problema? — a enfermeira que fazia a apresentação perguntou.
— Muitos, na verdade. — Giovanna falou, mas teve a atenção desviada quando o celular de Nero tocou.
— Temos um caso. — ele falou com um alívio, a guiando para longe do grupo de pais que já estavam olhando com dúvidas para todas as superfícies. — Muito obrigado, está tudo ótimo, obrigado por tudo.
No carro, Alexandre balançava a cabeça em negação.
— Você consegue se superar, custava ser um pouquinho mais...
— Displicente?
— Gentil, eu ia dizer. Qual é, você já sabe o que eu acho dessa coisa de parto fora do hospital, temos que saber conversar sobre isso. Chegar em um acordo, sabe? Ceder?
— Eu já estou cedendo bastante.
— Onde? — ele perguntou rindo.
— Decidi que vou deixar você batizar nossa filha na igreja católica.
Nero quase tirou o carro da estrada. Olhava para ela repetidas vezes para não garantir que não estava brincando com ele. Em sua mente, a possibilidade ia ser uma verdadeira briga, coisa que ele talvez nem estivesse disposto a comprar. E agora ela lançava como se nada fosse, olhava para o celular distraída.
— É sério?
Giovanna o olhou e sorriu, entendendo a surpresa dele.
— É sério, respeito sua fé e acho que para uma criança é importante acredita em certos mitos, faz bem para o desenvolvimento de outras habilidades.
— Certo, mesmo chamando minha religião de mito, eu ainda estou muito feliz por entender meu lado e me deixar ter o gosto de batizar nossa filha.
Ele tomou a mão dela e beijou com carinho, se dividindo entre o transito e a carícia.
— É claro, assim como sei que vai me deixar ter essa criança onde quiser.
Ele gargalhou.
— Lá vamos nós.
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Parts of the Whole
FanfictionUma cética antropóloga forense é colocada para ajudar o FBI na resolução de casos. O arrogante agente se vê obrigado a trabalhar do jeito que ela quer. Quando a razão encontra a emoção, a única solução é proteger o próprio coração.