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Sunghoon e eu estamos caminhando pela praia em uma manhã de sábado enquanto ele ri de algo que eu disse.

Nossas mãos estão gentilmente entrelaçadas e um sentimento que eu não consigo descrever paira entre nós.

Eu apenas não sei como podemos pertencer a algo tão lindo como o que temos.

Continuo caminhando ao seu lado, com Jiwoo em meu colo, pensando em como tenho sorte de tê-los ao meu lado, quando o moreno para e aperta levemente minha mão, como se quisesse chamar minha atenção.

─ o que foi, amor? ─ pergunto gentilmente, me aproximando para verificar se ele estava bem.

─ eu apenas quero que saiba que eu te amo ─ sorri se aproximando ainda mais ─ eu amo vocês ─ desvia seu olhar para a pequena que dormia em meu colo.

─ eu também amo você ─ sorrio, sentindo seu leve carinho em minha bochecha ─ nós te amamos.

Suas mãos abraçaram minha cintura e, quando nossos lábios estavam prestes a se tocar, um barulho estridente soa pelo ambiente.

Abro meus olhos ainda atordoado pelo sonho que tive.

Já faziam meses que eu não tinha esse tipo de sonho, afinal.

Na verdade, o último que tive foi quando Jiwoo teve catapora.

Eu lembro de ter ficado muito preocupado com ela, que chamava pelo outro pai a todo o momento.

Nesse dia, no meu sonho, eu implorava para que ele voltasse e tudo o que obtive como resposta foi o seu "sinto muito".

Mas em nenhum momento eu havia dito que o amava. Pelo contrário, eu negava isso para mim mesmo, tentando fazer com que se tornasse realidade.

Agora, estou confuso.

Algumas pessoas dizem que os sonhos noturnos são gerados na busca pela realização de um desejo reprimido. Eu desejo que ele realmente me ame?

Eu desejo ama-lo?

Eu o amo?

Desperto de meus devaneios ao ouvir outro estrondo vindo da cozinha e me levanto, sentindo a falta de Jiwoo imediatamente.

Visto meu casaco de lã verde claro e calço minhas pantufas, deixando o quarto em seguida.

Em passos cautelosos, me aproximo da cozinha ouvindo cochichos vindo da mesma.

Me encosto no batente da porta, dando de cara com uma Jiwoo coberta de farinha e um Sunghoon melado de chocolate olhando para ela desesperado.

─ o que aconteceu aqui? ─ não consegui conter a risada ao ver suas expressões surpresas.

─ eu disse que o papai ia acordar, tio! ─ Jiwoo repreende o mais velho pondo suas mãozinhas na cintura, o olhando por cima do ombro.

─ você com certeza é mais esperta que eu, estrelinha ─ Sunghoon murmura ─ Jiwoo e eu queríamos fazer um bolo para você, mas eu acabei derrubando o saco de farinha no chão ─ minha gargalhada ecoa pelo cômodo e, em seguida, Jiwoo me acompanha, fazendo com que uma carranca se formasse no rosto dele ─ não é engraçado! Eu acabei com o nosso café da manhã.

─ tenho certeza que existe algo comestível nessa casa ─ sorrio brincalhão.

─ bem... Eu não fiz compras...

─ oh ─ murmuro frustrado. De repente, estávamos agindo como amigos novamente e eu meio que gosto disso.

─ papai? ─ Jiwoo se aproxima de mim, atraindo meu olhar ─ podíamos comer no centro e depois passar na pista de patinação, né? ─ ela me olha esperançosa.

─ não é uma má ideia ─ sorrio para a pequena ─ tudo bem pra você? ─ me direciono ao moreno, que sorri amplamente.

─ tudo ótimo! ─ concorda animado ─ acho melhor tomar um banho antes ─ comenta olhando para suas próprias roupas, rindo em seguida.

─ concordo com isso ─ assinto ─ aliás, a senhorita também está precisando de um banho.

─ se você diz ─ ela dá de ombros, saindo dali sem reclamar.

[...]

─ tome cuidado, amor ─ alerto Jiwoo, que já deslizava pela pista com seus patins brancos.

Faço o mesmo que ela, mas, antes de a seguir olho para trás a procura de Sunghoon e rio da cena que vejo.

O moreno de quase 1,90 de altura estava agarrado na cerca de proteção enquanto seus pés escorregavam pelo gelo.

─ Jake, me ajuda! ─ ele pede parecendo desesperado e fecha os olhos com força quando desliza mais uma vez.

─ você me disse que já havia feito isso antes ─ comento, me aproximando.

─ eu disse que já tinha patinado, não que sabia patinar ─ contesta, abrindo os olhos ao sentir minha aproximação.

─ idiota ─ rio estendendo minhas mãos a ele, que as segura sem hesitar.

Nesse momento, sinto uma corrente elétrica passar por mim e uma sensação de conforto me invadir.

De repente, eu estava de volta aos braços do meu primeiro e único amor.

Noto que o mesmo pareceu ocorrer com ele, já que seus olhos estavam fixos nos meus em um olhar carinhoso.

─ senti falta do seu toque ─ murmura me fazendo estremecer ─ senti falta de tudo o que envolve você.

Eu também senti e isso é irrefutável, mas, por algum motivo, ainda não consigo dizer isso em voz alta.

─ vocês vem? ─ Jiwoo se aproxima, nos tirando de nossa pequena bolha e eu a olho sorrindo.

─ vamos sim, mas o tio Sunghoon vai precisar de uma ajudinha ─ Jiwoo dá uma risadinha e assente, segurando uma das mãos do mais alto, a fim de me ajudar a guia-lo.

Ali, com eles, eu me senti completo novamente e qualquer dúvida que eu tinha desapareceu.

Eu com certeza ainda o amo.

Nunca deixei de amar.

after the storm | jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora