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─ boa noite, papai ─ Jiwoo sorri sonolenta, se aconchegando nos cobertores grossos.

─ boa noite, amor ─ sussurro, acariciando levemente seus cabelos ─ as batidas do seu coração fazem o mundo continuar girando.

─ eu te amo ─ responde calmamente antes de se entregar completamente ao sono.

Me aproximo dela lentamente e deixo um pequeno beijo na ponta do seu nariz. Meu olhar cai para suas mãos pequenininhas, e noto que ela segurava o pingente de estrela que eu havia comprado para ela assim que descobri que iria ser pai.

Desde que ela era bem pequena, eu explico a ela que esse pingente a aproxima do seu outro pai, já que ele é como o sol e, por isso, ela nunca o tira do pescoço.

Sorrio me levantando.

Sem sentir um pingo de sono, visto minha jaqueta grossa e deixo o quarto em passos silenciosos, a fim de não acordar minha filha e Sunghoon, que dormia no quarto ao lado.

Eu me sinto muito confuso e agitado, e observar as estrelas sempre me traz paz e uma sensação de segurança.

Fecho a porta atrás de mim e caminho pela neve fofinha, me aproximando de um banco de madeira e tirando dali o acúmulo de neve, me sentando no mesmo.

Levo minhas mãos aos bolsos da jaqueta e tiro dali o pingente dourado que Sunghoon havia me dado cinco anos atrás. Automaticamente, inúmeras lembranças invadem minha mente.

A noite em que demos nosso primeiro beijo, debaixo das mais brilhantes estrelas, o momento em que entendi que o amava, nossa primeira vez, o momento em que descobri que estava grávido, quando meus amigos me contaram que ele havia ido embora, o nascimento de Jiwoo.

Todos esses momentos tiveram algo em comum.

O meu amor por Park Sunghoon.

Houve um momento em minha vida que eu acreditei ter deixado de ama-lo.

Acreditei que finalmente havia superado, mas, na verdade, eu havia apenas aprendido a lidar com a saudade que ardia em meu peito.

Hoje eu finalmente me dei conta de que nunca deixei de ama-lo.

Me dei conta de que durante os últimos cinco anos, meu coração batia por minha filha e pela esperança de vê-lo novamente.

Aperto o pingente em minhas mãos e respiro fundo, sentindo uma enorme necessidade de chorar.

─ Jake? ─ ouço a voz rouca do Park soar atrás de mim e o olho por cima do ombro ─ o que faz aqui fora? Você vai pegar um resfriado horrível desse jeito! ─ sua voz soa preocupada, me fazendo prender um sorriso.

─ insônia ─ murmuro, vendo o moreno ocupar o lugar ao meu lado ─ quis observar as estrelas ─ comento, analisando seu rosto.

Seus nariz e suas bochechas estavam vermelhos por conta do frio, e seus olhos estavam entre-abertos.

─ de repente essa parece uma boa ideia ─ ele sorri e eu assinto, estremecendo quando uma rajada de vento me atinge ─ está com frio? ─ concordo prontamente e me surpreendo ao sentir seus braços fortes me envolverem em uma abraço quentinho ─ espero que ajude.

Escondo meu rosto em seu pescoço e, assim, me permito sorrir.

É o nosso primeiro abraço depois de cinco anos e, honestamente, eu me sinto bem com isso.

Ouvir sua versão da história esclareceu muitas coisas e me ajudou a entender que ele teve seus motivos, mesmo que tenha feito algumas escolhas erradas.

─ sabe, eu gostei muito da história que você contou para a Jiwoo outro dia ─ ele comenta, apoiando seu queixo no topo de minha cabeça.

─ a do sol e da lua?

─ essa mesmo ─ ele confirma ─ eu sempre me fascinei por esse seu amor pelas estrelas e, se eu pudesse, te daria todas elas ─ sua voz é tão pura e doce que faz meu coração se derreter ─ durante esses cinco anos, eu pesquisei bastante sobre esse assunto, porque sentia que isso me aproximava de você e acabei encontrando alguns contos parecidos com o seu.

─ jura?

─ sim ─ ele confirma ─ quer ouvir uma história? ─ apenas assinto, esperando ansiosamente ─ certo dia, o sol pediu a lua em casamento, a lua o amava com todo o seu coração, porém sabia que se dissesse sim, o sol explodiria de felicidade e isso seria fatal, pois o calor e a luz seriam muito altos. Mas, se dissesse não, o sol se transformaria em completa escuridão, com pura tristeza, sem vida em nenhum lugar. Assim, a lua não respondeu ao pedido e, até hoje, Saturno guarda os anéis.

Por algum motivo, senti meus olhos marejarem e minhas mãos tremerem levemente.

Assim, acabo deixando cair o pingente que ainda estava entre meus dedos, chamando a atenção de Sunghoon, que se afasta apenas o suficiente para tira-lo do chão antes que afundasse na grossa camada de neve.

─ você guardou? ─ pergunta surpreso ao reconhecer a peça. Suas pupilas estavam dilatadas e seu olhar continha um brilho diferente e encantador.

─ é claro que sim! ─ exclamo com um meio sorriso ─ foi o segundo melhor presente que já ganhei ─ comento ─ Jiwoo é o primeiro, é claro ─ completo, vendo um sorriso genuíno surgir em seu rosto.

─ ela é um doce. Conseguiu até me ensinar a patinar! ─ rio de sua animação ─ o pai dela é o cara mais sortudo e idiota do mundo ─ o olho confuso e, ao perceber isso, ele se apressa em explicar ─ não falo de você ─ riu levemente ─ falo do outro pai dela. Ele tinha tudo que um cara poderia querer na vida. A homem mais incrível. A filha mais doce e, ainda assim, deixou vocês escaparem.

─ eu acho que sim ─ abaixo o olhar, me sentindo culpado instantaneamente. Agora que vejo as coisas com mais clareza, sinto que preciso contar a verdade a ele, mesmo assim, a coragem parece desaparecer sempre que o olho nos olhos.

Ele disse que me ama, mas ainda me sinto inseguro quanto a sua reação ao saber a verdade.

─ sinto muito por tocar nesse assunto, mas Sana me contou que ele não quis assumir a Jiwoo ─ assinto levemente. Era o que falávamos para todos que perguntavam sobre o assunto ─ eu estou me apegando a ela ─ confessa ─ afinal, não tem como não ama-la. Espero que você não se importe de me ter por perto, pois quero estar com vocês. Eu amo você e sempre vou respeitar seu espaço, apenas preciso saber que estão bem.

─ essa ideia não me parece ruim ─ sorrio, sentindo um beijo ser depositado em minha testa.

─ o meu pingente está no quarto ─ fala de repente, quebrando o silêncio que havia se instalado entre nós ─ eu sempre o levo comigo aonde quer que eu vá ─ sorrio com sua confissão.

─ o sol e a lua sempre estão juntos de alguma forma ─ pondero.

─ sempre ─ ele confirma com a voz suave ─ a lua está linda hoje ─ sinto meu coração acelerar por saber o que aquilo poderia significar. Eu me sinto bem com essa nossa repentina aproximação e pretendo faze-lo entender isso com pequenos gestos, até, finalmente, me sentir pronta para colocar em palavras.

─ as estrelas também. 

after the storm | jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora