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Dois dias depois...

Adentro a sala com o balde de pipoca em minhas mãos e me encosto no batente da porta, observando a pequena discussão que acontecia ali.

Jiwoo e Sunghoon queriam assistir um filme, o que eu achei uma ótima ideia, o problema começou na hora de decidir o que iríamos assistir.

─ Barbie e as três mosqueteiras! ─ o Park cruza os braços, fazendo um biquinho fofo.

─ Barbie e o castelo de diamantes! ─ Jiwoo insiste, imitando o gesto do moreno ─ nós dois sabemos que a minha sugestão é bem melhor!

─ pra uma criança de cinco anos você é bem espertinha hein! ─ Sunghoon bufa revirando os olhos casualmente ─ vamos assistir Barbie e as três mosqueteiras! Esse é o melhor filme da loirona!

─ errado ─ me direciono ao sofá e me sento no espaço vago entre os dois, pondo um fim na discussão ─ vamos assistir Procurando Nemo ─ digo simples e tiro o controle das mãos de Sunghoon, deixando ambos boquiabertos.

─ mas papai... ─ Jiwoo murmura.

─ já que vocês não conseguiram chegar em um consenso, acho justo que eu tenha a palavra final ─ dou de ombros, deixando-os calados e sorrio satisfeito, dando play no filme.

Alguns segundos depois, os dois finalmente se rendem e meu coração se aquece ao sentir Sunghoon envolver meus ombros com seus braços surpreendentemente musculosos, me deitando em seu peito, enquanto Jiwoo se deita em meu colo.

Depois de nossa conversa naquela noite, nós nos aproximamos ainda mais e a pequena não pareceu se importar, já que ela já se acostumou com a presença dele e, ouso dizer, que já até se apegou ao mesmo.

Nós estamos redescobrindo e reinventando o que um dia nós fomos e, quem sabe, possamos voltar a ser e confesso que esses dias juntos tem sido os mais felizes que eu tive em anos.

Eu finalmente tenho minha "família" completa, e no momento certo, pretendo contar a verdade a eles.

Por enquanto prefiro apenas aproveitar e criar memórias, já que essas jamais mudarão, mesmo que as pessoas mudem.

[...]

─ papai? ─ ouço Jiwoo me chamar ao final do filme. Endireito minhas costas no sofá, me afastando de Sunghoon e a olho atentamente ─ por que eu não tenho um outro papai? ─ pergunta de repente, uma feição triste se formando em seu rostinho, me fazendo engolir em seco sentindo um enorme aperto no peito. Sempre que essa pergunta surge em nosso diálogo, sinto um enorme peso na consciência por estar escondendo tantas coisas dela e, bem, de Sunghoon também.

─ nem todas as crianças tem seus dois papais, amor ─ passo meu braço por suas costas, trazendo-a para meu colo ─ existem vários tipos de famílias no mundo. Nenhuma é exatamente igual a outra. Você tem sim um outro papai, mas ele não pode estar aqui agora ─ tento explicar, mas acabo sentindo meus olhos marejarem.

─ ele morreu igual o vovô? ─ seus olhos estão atentos a mim e percebo a curiosidade misturada com a apreensão em sua voz.

─ não, filha ─ nego, derramando uma lágrima solitária. Eu detesto mentir para ela, mas como eu poderia explicar que seu pai está bem aqui, se ele nem mesmo sabe da existência dela?

─ seu papai precisou fazer uma viagem assim que você nasceu, então ele ainda não pode te conhecer ─ Sunghoon continua, ao perceber que eu não teria condições de explicar ─ mas saiba que ele é o cara mais sortudo do mundo!

─ por que? ─ ela pergunta curiosa, com um enorme brilho no olhar.

─ porque você é a menina mais linda, doce e especial que existe ─ sua voz soa tranquila e carinhosa, arrancando um enorme sorriso da pequena.

─ você é demais, tio! ─ ela pula no colo do moreno e, com certa dificuldade, envolve o rapaz em um abraço apertado.

Ao presenciar a cena, acabo derramando mais algumas lágrimas insistentes.

─ sabe, o papai Jakey também costuma me chamar de estrela. A sua estrela ─ ela chama nossa atenção, atraindo o olhar surpreso e curioso de Sunghoon ─ esse colar foi a primeira coisa que ele comprou pra mim, assim que descobriu que eu estava na sua barriga ─ ela conta, mostrando para ele o seu pingente dourado ─ o papai sempre diz que ele é a lua, meu outro papai é o sol e eu sou a estrelinha que nasceu desse pequeno infinito ─ conclui e vejo a expressão de Sunghoon ficar séria de repente, enquanto ele parece raciocinar por um momento.

Ele direciona seu olhar para mim e eu desvio o olhar, tentando disfarçar meu nervosismo.

─ você quer com as suas bonecas, Jakey? ─ ele pergunta ainda olhando fixamente para mim, e minha filha assente imediatamente ─ me espere no seu quarto, já estou subindo.

─ tudo bem. Vai ser demais! ─ ela comemora correndo até o quarto como um raio e um arrepio percorre minha espinha ao notar a expressão do moreno.

─ Jake ─ ele me chama com sua voz grave e séria ─ eu vou perguntar isso apenas uma vez, e quero que seja sincero comigo ─ engulo em seco esperando pelo que estava por vir ─ ela é minha filha? 

after the storm | jakehoonOnde histórias criam vida. Descubra agora